INTRODUÇÃOEntre as endemias que constituem sério problema médico-social, destaca-se em nosso meio, por sua gravidade e freqüência, a doença de Chagas. Especialmente grave é sua forma cardíaca que freqüentemente torna o portador da mesma incapaz para o trabalho e, em grande número de casos, leva-o à morte. 0 tip o de morte apresentado pelo chagásico crônico é variável. Pode o ó bito resultar de um quadro de insuficiência cardíaca congestiva (I.C.C.), ou de uma causa não relacionada com a tripanossomíase em si (doenças intercorrentes, morte acidental etc). Em certas ocasiões, ainda, a morte sobrevêm subitamente, atingindo indivíduos, que em vida não manifestaram qualquer distúrbio cardíaco ou que somente tiveram discretas manifestações (p. ex., tontu ras) que poderiam ter decorrido de transitórios e ligeiros distúrbios do ritmo.
Com finalidade de melhor conhecimento da forma indeterminada da doença de Chagas os autores realizaram estudo anatomopatólogico sistematizado de trinta corações de chagásicos assintomáticos falecidos de modo violento. Demonstram que nos portadores da forma em questão da tripanossomiase cruzi o coração e acometido por lesões da mesma natureza, porém de intensidade muito menor do que as observadas em chagásicos crônicos que falecem subitamente ou após periodo variável de insuficiência cardíaca. Baseados em seus achados e em outros dados da literatura, concluem que a infecção chagásica, sem inflamação do coração, se ocorre, é rara. Tecem ainda considerações a respeito do significado das lesões observadas no sistema nervoso autônomo intracardíaco no sistema de condução e sobre a gênese formal da cardite chagásica crônica humana.
A o reverm os a literatu ra, co n stata m o s a p u b li cação de 54 casos da associação C a E -M E C h 3 5 7 8 ' 10 l:. Em term os percentuais, as freqüências regis trad as de C aE no M E C h v ariam de 1,1* a 6,6% '. N ão se tem avaliado, to d av ia, se tal associação ê ocasional ou estatisticam en te significativa. U m a o u tra possibilidade até ag o ra não an a lisa d a é a de que o C aE se relacione à infecção chagásica, e não ao " m ega" ; em o u tras palav ras, o ind iv íd u o teria m aior p ropensão ao C aE p o r ser chagásico, e não p o r ter M E. MATERIAL E MÉTODOSF o ram revistos os p ro to c o lo s de to d a s as ne cropsias efetu ad as nos serviços d e A n a to m ia P a to lógica do C en tro de C iências B iom édicas d a U n i versidade F ederal de U b erlân d ia e d a F acu ld ad e de M edicina do T riân g u lo M ineiro (U b e ra b a ), no período de jan e iro de 1956 a m aio de 1982. D a d a a rarid ad e, na infância, ta n to d o M E C h , q u a n to do C aE , apenas se co n sid eraram as n ecro p sias de in divíduos que tin h am 15 ou m ais an o s de idade. D esprezaram -se os casos em que o tó rax n ão foi ex am in ad o e em que a idade n ão foi a n o ta d a . C om tais restrições, restou um to tal de 3.474 casos, que foram divididos nos seguintes g rupos: chagásicos com M E; chagásicos sem M E ; n ão -chagásicos. C ad a um destes g ru p o s foi an alisad o q u a n to à oco rrência ou n ão de C aE , ta n to g lo b alm en te q u a n to su bdivididos p o r faixas etárias.
IN TR O D U Ç Ã O0 comprometimento cardíaco em chagási cos com "megas" foi alvo até o momento de uma série de estudos cl micos, nos quais res salta o fato de que a insuficiência cardíaca congestiva é concorrência pouco freqüente nesses pacientes7,9 ,10,11,13 ,14. De outro la do, os estudos anatômicos dos corações de portadores de megacolon ou megaesôfago são escassos. Ramos e O r ia 12n, descreve ram principalmente alterações do sistema nervoso autônomo intracardíaco em 6 casos de megaesôfago.Pitella. e Cols8 e Andrade e A n d ra d e 1 , verificaram que nos chagásicos com me gaesôfago, o coração é geralmente pequeno, podendo ser até hipotrófico. Pitellà e Cols8 admitem qeu tal fato seria devido à me nor freqüência de I.C.C. e menor intensidade da miocardite, considerando também como fator importante, a desnutrição causada pelos megas, com a conseqüente hipotrofia do miocardio.Entretanto, não dispomos de informações sóbre o peso do corpo dos pacientes chagási cos com megas, da mesma forma que não te mos dados sobre a proporção em que se reduz o peso cardíaco quando há emagrecimento, nem da intensidade do processo inflamatório.Tendo em vista o exposto, resolvemos ana lisar o peso do corpo e do coração, bem como a relação percentual peso cardíaco/peso cor poral, em diferentes grupos de chagásicos crô nicos, comparando-os entre si e com contro les normais e portadores de doenças caqueti zantes. M A T E R IA L E MÉTODOS0 material foi obtido através de estudo necroscópico completo de 187 indivíduos adultos de ambos os sexos. Em todas as necropsias foram pesados o corpo e o coração após esvaziamento das câmaras cardíacas.As reações de fixação do complemento, de imunofluorescência e o teste de hemaglutinação para a tripanossomose americana, foram sistematicamente realizados nos líquidos pericárdico e peritonial4 ,6 .
por variações nos mecanismos de defesa. A identifi cação de pessoas ou populações mais resistentes ou mais sensíveis a agressão por certos agentes tem importância em medicina preventiva e auxilia no raciocínio clínico como dado estatístico para orientar a formulação do diagnóstico e avaliação prognostica. Dentre os marcadores genéticos que podem fornecer elementos para o raciocínio clínico, estão os sistemas antigênicos HLA e ABO. A identificação de antígenos do sistema ABO, pela sua simplicidade e por ser de baixo custo, vem sendo empregada há algumas déca das permitindo analisar a relação dos diferentes grupos sanguíneos com infecções bacterianas1112, viróticas6, por alguns protozoários4, esquistossomose2 3 7, além de outras doenças não infecciosas como mal-formações11, tumores113 e úlcera péptica1. Apesar de
O estudo de 724 pacientes chagásicos crônicos mostrou que a insuficiência cardíaca congestiva é mais freqüente e de aparecimento mais precoce nos pacientes de raça negra do que nos brancos. A ocorrência de "megas" foi ligeiramente inferior nos chagásicos negros não sendo estatisticamente significativa a diferença observada. A maior freqüência de insuficiência cardíaca nos pretos parece estar relacionada a características biológicas do tecido conjuntivo que condicionam uma resposta fibrosante mais acentuada no miocârdio agredido pela Tripanossomose. Estas observações estariam de acordo com outros estudos sobre a doença de Chagas que admitem ser a denervação o fator mais importante para o aparecimento dos "megas" e a inflamação com fibrose miocârdica acentuada um elemento básico para explicar a insuficiência cardíaca.
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