<div>Em meados dos anos 1980, ocorreu uma reconfiguração do poder público no Brasil, destacando-se a </div><div>autonomia dos municípios para gerir orçamentos e políticas públicas. Esse novo cenário possibilita </div><div>melhor atendimento às demandas sociais e acompanhamento das ações e políticas públicas pela </div><div>sociedade. Surgiram então algumas iniciativas, como a criação dos Conselhos Municipais. Como </div><div>ponto positivo, identifica-se uma proposta de gestão democrática, para a sociedade ter um canal de </div><div>participação e decisão, e como ponto crítico, a possibilidade do Conselho Municipal se transformar </div><div>numa estrutura burocrática formal, com agentes cooptados pelo executivo municipal. Esse </div><div>comprometimento da democracia local pode ainda ser potencializado em função dos volumosos </div><div>recursos que certos municípios recebem em função das rendas do petróleo, como é o caso de Campos, </div><div>escolhido como alvo desta pesquisa. Este trabalho pretende analisar os processos políticos locais com </div><div>foco no Conselho Municipal de Meio Ambiente, visando identificar características da qualidade da </div><div>participação e representação da sociedade nesse organismo e verificando a incidência de elementos </div><div>que comprometam o processo democrático local, especialmente a ocorrência de formas de cooptação </div><div>existentes. Os resultados da pesquisa apontaram problemas na participação, em função do elevado </div><div>abstencionismo, e dificuldades em se fazer cumprir os regimentos e polarização dos debates. </div>
Resumo Neste artigo, procuro problematizar a crítica de Erich Fromm à cultura do capitalismo contemporâneo. Para tanto, faço uma releitura especialmente, mas não apenas, de uma de suas principais obras maduras, o livro Psicanálise da sociedade contemporânea (The sane society), no qual o autor sedimenta seu projeto analítico de uma “psicanálise humanista”. Na primeira parte o artigo reconstrói, através da ideia de “patologia da normalidade”, a crítica de Fromm aos fundamentos culturais do capitalismo contemporâneo. Na segunda parte, a reconstrução é levada adiante através dos conceitos de “caráter social” e “alienação”, de modo a compreender como o capitalismo tardio do século XX aprofunda, como nunca antes, uma cultura anti-humanista. Na conclusão, procuro argumentar como a obra de Fromm pode ser de grande valia para a compreensão dos problemas tanto individuais quanto coletivos da atualidade.
Meu objetivo aqui é sublinhar os dilemas da interpretação culturalista de Gilberto Freyre e Roberto DaMatta acerca do Brasil, por serem dois autores que alcançaram grande influência em nosso imaginário nacional, respondendo como que oficialmente, em seus respectivos tempos, pelas questões acerca de nossa nacionalidade. Minha tese é que sua busca incessante pela definição de um caráter singular que conferisse uma identidade ao Brasil acaba por ignorar sua contextualização na realidade ocidental cosmopolita moderna. Suas teses acerca do tradicionalismo singular brasileiro distorcem a forma como as instituições modernas entram no Brasil, resultando em uma definição patológica acerca de nosso individualismo e omitindo nossa inserção na moralidade cosmopolita ocidental.
Resumo Este artigo explora a hipótese de que a generalização da precariedade é a principal marca do capitalismo contemporâneo. Compreende-se como precariedade o fenômeno contemporâneo de padecimento das relações e das condições de trabalho. O texto é dividido em quatro partes. Primeiro, verifica a condição de globalidade alcançada atualmente pela sociedade do trabalho e das classes. Na sequência, investiga como o conhecimento especializado, científico e tecnológico se torna ao mesmo tempo uma nova força produtiva central e uma ideologia do capitalismo contemporâneo. Depois, procura mostrar como a relação entre trabalho e classe conforma a principal questão social atual e por que ela precisa ser tematizada. Por fim, busca-se uma síntese de como se estrutura atualmente o fenômeno da generalização da precariedade. Com isso, o artigo sugere uma nova tematização da relação entre trabalho e classe, enquanto conceitos e realidades empíricas, no capitalismo contemporâneo.
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