ResumoEste artigo, escrito em retórica ensaística, propõe uma abordagem para a compreensão da diversidade sexual e de gênero e dos descentramentos desde um olhar queer em cuja base resida a crítica colonial e das estruturas políticas, históricas e culturas de normalização e consolidação da práxis heteropatriarcal, branca, moderna e de classe média. Deste modo, a proposta do texto vai no sentido de apontar uma sobreposição entre categorias tais como raça, etnia, sexo, dentre outras, a ser compreendida dentro de um olhar epistemopolítico radical.Palavras-Chave: Queer; colonialismo, interseccionalidade, sexualidade, Amazônia.
SEXUAL AND GENDER DIVERSITY AND NEW DEVIATIONS: A QUEER CABOCLO MANIFESTO
AbstractThis article, written in essay rhetoric, proposes an approach to the understanding of sexual and gender diversity and deviations from a queer perspective based on colonial criticism and political, historical and cultural structures of normalization and consolidation of the heteropatriarchal, white, modern and middle class praxis. Thus, the proposal of the text is to show an overlap among categories such as race, ethnicity, gender, and others, to be understood within a radical epistemopolitical view.
Um bom ponto de partida para se tratar da corporalidade xavante é o momento da concepção da criança. Giaccaria e Heide (1984, p. 230-231) fazem uma descrição detalhada de como se dá o ritual. Em primeiro lugar, o ato sexual entre o casal deve dar-se em local coberto, seja esse a casa ou o abrigo utilizado pelos Xavante durante a estação de caça. Além disso, o ato somente pode ocorrer entre meia-noite e o nascer do sol, sendo que cabe à mulher tomar a iniciativa sobre querer ter fi lhos. Feito isso, o marido pergunta-lhe
A partir da comparação entre Brasil e América do Norte (principalmente Estados Unidos, mas também, em menor medida, Canadá) este artigo busca compreender a formação e a mobilização do ativismo homossexual indígena nesses dois contextos. O presente trabalho baseou-se em levantamento bibliográfico, entrevistas e trabalho de campo desenvolvido entre junho de 2012 e agosto de 2014. Ao longo do texto será apresentado o percurso recente que levou os Estados Unidos à consolidação do movimento two-spirit, em contraposição à invisibilidade do tema no Brasil. Conclui-se isso se deveu a um conjunto de fatores que fizeram com que os movimentos homossexuais indígenas nos Estados Unidos criassem uma identidade pan-indígena na qual a homossexualidade figura como discurso tradicionalista, religioso e anticolonial, enquanto no Brasil ocorreu o oposto, já que a homossexualidade indígena é vista como “perda” cultural.
A partir da comparação entre Brasil e Estados Unidos e fazendo uso de vasto material histórico e etnográfico, este livro investiga as várias formas de manejo moral dos povos indígenas utilizadas em sua incorporação compulsória ao sistema colonial, bem como as respostas por parte desses povos nos dois países. Tal comparação buscou incorporar as perspectivas two-spirit e as críticas coloniais a fim de compreender os caminhos a partir dos quais a subalternização da homossexualidade indígena passa a ser parte inerente da colonização. Nestas páginas vemos como a colonização equivale, necessariamente, a um aparato burocrático-administrativo, político e psicológico para normalizar as sexualidades indígenas, moldando-as à ordem colonial. Entretanto, tais práticas de disciplinamento não impedem respostas por parte dos indígenas cujas sexualidades operam fora do modelo hegemônico, de modo que tais formas de contestação nos permitem compreender melhor os movimentos indígenas, as relações interétnicas e as políticas indigenistas, assim como as relações de poder nestes dois contextos nacionais.
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