“…Nosso percurso será trabalhar as possibilidades de queerificar o aparato colonial enquanto mecanismo de múltiplos enquadramentos. Cabe-nos também, ao longo deste texto, recuperar, ampliar e radicalizar não apenas a proposta de Fernandes e Gontijo (2017), mas de Gontijo e Schaan (2017, pp.65-66), ao proporem que Juntos, arqueólogos e antropólogos (e historiadores) poderiam trabalhar no sentido de: 1) fomentar a elaboração de modelos (fluidos) do passado (e para o presente) mais inclusivos, em termos de gênero e sexualidademas, também, em termos interseccionais, [...]; 2) questionar a rigidez e a arbitrariedade dos modelos hegemônicos (binários) de referência usados pelas ciências humanas para classificar as diferenças e a variabilidade humanas; 3) interrogar a universalidade (cultural, geográfica e/ou histórica) desse modelos hegemônicos e de alguns padrões de relações sociais, como a família nuclear, a heterossexualidade, a submissão feminina e/ou a dominação masculina, etc. ; 4) criar mecanismos teóricos e metodológicos (e epistemológicos) para se compreender melhor a dinâmica das relações sociais ao longo de uma história mais ampla e, assim, contribuir para a sensibilização da sociedade brasileira para os processos que configuraram os contextos nos quais vivemos; 5) mostrar o quanto nossas classificações, categorizações e taxonomias atuais são construídas socialmente e formuladas culturalmente e representam as (histórias das) relações de poder subjacentes ao pensamento hegemônico e à discursividade predominante de nossa época, os interesses de determinados grupos dominantes e até mesmo as formas de resistência que se constituem contra-discursivamente; e, enfim, 6) promover um fazer científico mais justo, reflexivo e colaborativo, que leve a sério, como objeto de pesquisa, a interação entre todos os agentes envolvidos no processo de produção de conhecimentos (arqueológicos, antropológicos e historiográficos).…”