No Brasil, há uma vasta e consolidada produção antropológica e sociológica sobre a relação entre o mundo rural e o contexto urbano, apontando geralmente de forma crítica para a dificuldade de se considerar esses domínios como opostos absolutos. No cotidiano, muitas pessoas falam de interior ou de uma qualidade interiorana, para designar lugares e relações sociais, para além dos domínios analíticos do rural e do urbano definidos pela produção acadêmica. Embora tenha-se dado atenção às realidades interioranas em inúmeras pesquisas, a indefinição do conceito ainda persiste. Trata-se aqui de contribuir para o aprimoramento da definição do conceito, propondo a noção de interioridade para lidar com a relação entre ruralidade e etnicidade/racialidade na conformação da urbanidade, principalmente no contexto amazônico.