OBJETIVO: Caracterizar as leis sobre saúde vocal publicadas em todo território nacional até o ano de 2006. MÉTODOS: Foram feitas buscas da documentação em sites oficiais, assim como um questionário elaborado pelas autoras foi divulgado no meio fonoaudiológico, por correio eletrônico, para captar o maior número de leis possível. Obtiveram-se 22 documentos que foram analisados quanto ao raio de abrangência, ações propostas, natureza dessas ações, público-alvo, secretarias envolvidas, iniciativa e promulgação das leis. Tais dados foram analisados de maneira absoluta (numérica) e relativa (percentualmente). RESULTADOS: Os documentos são, em sua maioria, leis de abrangência estadual, mais numerosas na região sudeste, propostas pelo poder legislativo, cuja viabilização compete a uma parceria entre secretarias de saúde e educação estaduais. As ações propostas, de modo geral, preconizam a implementação de assistência preventiva por meio de cursos teórico-práticos (90,91%), com periodicidade anual, ministrados por fonoaudiólogos, com a ressalva de que será oferecido, ao professor com distúrbio vocal, acesso ao tratamento fonoaudiológico e/ou médico (77,27%). Em apenas três documentos (13,64%) avança-se para além de cursos, com propostas de ações de promoção à reabilitação, inclusive com menção ao ambiente de trabalho. Dois deles (9,09%) consideram os direitos do professor trabalhador. CONCLUSÃO: Levando-se em conta o grande número de casas legislativas no Brasil, poucas são as leis propostas a favor da saúde do professor, especialmente em relação à voz. Além disso, para que sejam aplicadas e transformadas em programas de saúde vocal, tais iniciativas devem partir de competência constitucional própria, a fim de garantir os recursos financeiros necessários para a sua viabilização.
OBJETIVO: investigar o impacto da voz na qualidade de vida de professores e comparar seus resultados com a avaliação fonoaudiológica. MÉTODOS: participaram 21 professores universitários, 77% mulheres e 23% homens, com idade média de 48 anos, que preencheram o protocolo Qualidade de Vida e Voz (QVV), e foram filmados para a avaliação fonoaudiológica nos aspectos corporais e vocais. RESULTADOS: os docentes classificaram suas vozes como boas (42,85%), razoáveis (38,09%) e muito boa e ruim, igualmente (9,52%). O Domínio Físico apresentou escore médio de 78,18, e destaque para a dificuldade em falar alto ou ser ouvido em ambientes ruidosos e ter problemas no trabalho ou desenvolver a profissão por causa da voz. No Domínio Sócio-Emocional o escore médio foi 88,98 e mostrou ansiedade ou frustração por causa da voz. O Domínio Global teve média de 82,61. Na avaliação fonoaudiológica constataram-se mais vozes adaptadas (61,90%) que alteradas (38,09%), estas apresentando restrição na projeção e modulação ou rouquidão. A comparação entre a auto avaliação vocal, avaliação fonoaudiológica e qualidade de vida mostrou mais consenso que divergências. CONCLUSÃO: conclui-se que o impacto da voz sobre a qualidade de vida foi baixo e que houve coerência entre os resultados do QVV e a avaliação fonoaudiológica, indicando percepção apropriada dos docentes em relação à própria voz. O QVV mostrou ter valor preditivo na relação voz e qualidade de vida e pode ser indicado como um instrumento valioso quando utilizado juntamente com outras estratégias de pesquisa.
OBJETIVO: investigar o conhecimento vocal e sua importância como recurso pedagógico em professores universitários. MÉTODOS: participaram 112 docentes, média de 46,60 anos, 35,7% do sexo masculino e 64,3% do feminino, 66,1% doutores. Utilizou-se o questionário Condições de Produção Vocal-Professor, adaptado pela pesquisadora, além da inserção de novas questões abertas e fechadas de interesse para o estudo, as quais foram assinaladas em uma escala analógica de zero a dez. Foram coletadas amostras de voz dos professores e analisadas por avaliação fonoaudiológica. As questões fechadas receberam tratamento estatístico, considerando-se a média das notas autorreferidas, em cada variável pesquisada. Os resultados foram correlacionados a partir das variáveis: sexo e presença/ausência de alteração vocal. Organizaram-se as respostas das questões abertas por similaridade de conteúdo e frequência de ocorrência. RESULTADOS: constatou-se associação significante entre sexo feminino e voz fina, fadiga e perda da voz; presença de distúrbio de voz e autorreferência à voz fraca, rouquidão, voz insuficiente para o trabalho e fadiga vocal. Os professores participaram da pesquisa para colaborar e melhorar a voz na docência; mudariam suas vozes nos aspectos de intensidade, tom e modulação; os recursos vocais mais utilizados em sala de aula foram variação de tom e intensidade, modulação e pausas; e quando a voz está alterada, recorrem ao repouso vocal e à hidratação. Atribuiu-se a média de 9,42 para a voz como recurso pedagógico. CONCLUSÃO: o conhecimento vocal dos participantes foi apropriado e eles avaliaram a voz como recurso pedagógico essencial.
OBJETIVO: comparar as condições de trabalho, saúde e voz em professores de diferentes escolas municipais. MÉTODOS: participaram 165 professores, média de 37 anos, casados, predomínio de mulheres e escolaridade superior da rede municipal de ensino de uma cidade do estado de São Paulo, que responderam ao questionário proposto por Ferreira et al (2003), abrangendo questões sócio-demográficas, situação funcional, aspectos vocais e de saúde. As respostas dos docentes foram separadas por unidade escolar e submetidas à análise estatística. RESULTADOS: constatou-se diferença significante entre as escolas quanto à presença de local para descanso, fiscalização constante e facilidade para se ausentar da sala de aula, número de alunos por classe (<0,001), ruído (0,002), iluminação (<0,001), limpeza (0,001), higiene nos sanitários (0,002), poeira (0,001), tamanho da sala (0,020), suficiência de espaço em classe (0,005), comprometimento dos funcionários com a manutenção da escola (0,033) e temperatura (<0,001). As menções de alteração vocal variaram de 76,47% a 40%, sem significância nos professores das diferentes escolas. Os problemas de saúde foram diversificados com diferença significante apenas para incômodo a sons (0,036). CONCLUSÃO: há riscos ocupacionais específicos relacionados à organização e ambiente de trabalho, nas distintas unidades escolares, que interferem na voz e saúde dos docentes, cujo desvelamento subsidia o gestor na implantação de ações contextualizadas, visando promover ambiente saudável para toda comunidade escolar.
Purpose: To identify the perceptions of university students about the noise in the classroom and its consequences on learning quality. Methods:The participants were 100 healthcare undergraduate students from ten noisy classrooms indicated by their teachers. They completed a questionnaire with open and closed questions about the presence, source, type, and valuation of noise, its impact on lessons and strategies to minimize it. The closed responses were descriptively analyzed, and compared among courses. Results: Mean age was 21.3 years, female predominance (85%) and unmarried (91%). The university and the classrooms were considered noisy by the students; they indicated themselves as the largest source of noise; they react to noise with an effort to listen, difficulty in concentration and irritation which interfere in learning, grades and health. In noisy conditions, the students ask for silence, to sit in front of the class or to study at home. Conclusion:Students identified noise as a harmful factor for the teaching-learning process, realized their role in this context and were proactive in creating an environment compatible to learning.
OBJETIVO: Analisar a legislação a respeito de riscos ocupacionais, com destaque para aqueles relacionados à saúde e à voz do professor. MÉTODOS: Trata-se de pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo, que considerou as políticas públicas sobre Saúde e Segurança no Trabalho. As Normas Regulamentadoras foram lidas e seus conteúdos analisados e organizados por categorias, com recorte para aqueles referentes ao ambiente escolar. RESULTADOS: As 33 normas focalizam os fatores de risco, níveis de tolerância e controle para saúde e segurança no trabalho. Os agentes ambientais nocivos são múltiplos e suas especificidades, como concentração e frequência, determinam o nível de tolerância à exposição. Na escola, os riscos ambientais como ruído, poeira, temperatura e iluminação inadequadas, dentre outros, estão presentes, porém em grau leve. O tratamento acústico, de iluminação e de ventilação é indicado para controle desses riscos. Os documentos mostram situações de agravos à saúde dos trabalhadores em graus de risco muito maiores do que aqueles da docência. Não há explicitação de fatores inerentes à organização do trabalho e os cuidados com a voz limitam-se à profissão de teleoperador, o que pode servir de referência para o professor. CONCLUSÃO: A legislação trabalhista é ampla ao abarcar a diversidade de condições de trabalho e garantir a saúde dos trabalhadores. A docência apresenta riscos ocupacionais à saúde mais leves do que outras profissões; contudo, os fatores organizacionais do trabalho, assim como os distúrbios de voz, muito frequentes na docência, carecem de maior atenção da legislação no Brasil.
OBJETIVO: tipificar os sintomas relacionados à voz e sua produção auto referidos por professoras, cujas vozes foram identificadas como saudáveis na avaliação fonoaudiológica. MÉTODOS: participaram 36 docentes, idade média de 37 anos, solteiras (75%) e escolaridade superior (83,33%) da rede municipal de ensino de uma cidade do interior do estado de São Paulo. Os docentes responderam a um questionário e referiram a alteração, suas vozes foram gravadas e submetidas à avaliação fonoaudiológica perceptivo-auditiva e posteriormente comparados os dois tipos de avaliação. Procedeu-se a caracterização sócio demográfica, condições ambientais e organizacionais do trabalho dos docentes e seus sintomas tipificados e submetidos à análise estatística descritiva. RESULTADOS: constatou-se a presença de poeira (91,67%), ruído (75%) e excesso de trabalho (88,88%), falta de tempo para desenvolver as atividades na escola (88,88%) e fiscalização constante do desempenho (33,33%). Quanto à voz, a alteração foi percebida há mais de quatro anos (30,56%), secundária ao seu uso intensivo (94,44%) e ao estresse (61,11%), classificada como moderada (66,67%), sendo proeminentes como sintomas auditivos, a rouquidão e o cansaço ao falar, ambos com 69,44% e como sintomas proprioceptivos, o pigarro (63,88%) e a garganta seca (61,11%). A comparação entre os sintomas mostra que os proprioceptivos (63,26 %) foram mais mencionados do que os auditivos (36,73 %). CONCLUSÃO: os professores trabalham em ambientes adversos à saúde e à voz; a prevalência de sintomas proprioceptivos foi maior que os auditivos, o que pode ter interferido na avaliação perceptual de suas vozes pelas fonoaudiólogas que contaram apenas com a pista auditiva.
The university environment was considered noisy; however, there was no association with auditory and extra-auditory symptoms. The hearing complaints were more evident among professors in the group A. Professors' health is a multi-dimensional product and, therefore, noise cannot be considered the only aggravation factor.
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