Portunhol se define como uma língua resultante do contato linguístico entre o Português e o Espanhol e é identificada como uma língua de contato, mas também como uma língua étnica de falantes de comunidades fronteiriças da região norte do Uruguai com o extremo sul do Brasil. Este artigo busca esclarecer que aspectos sociais, políticos e identitários contribuem para diferenciar o Portunhol língua étnica do Portunhol como interlíngua, do Portunhol língua de interação social e do Portunhol Selvagem de textos literários, este usado como recurso estético. Portanto, considera-se também os aspectos históricos e políticos que levaram o Portunhol a ser inclusive reivindicado como patrimônio cultural.
Resumo: A questão das línguas em contato nas zonas de fronteira do Brasil com Argentina e Uruguai tem sido tradicionalmente abordada a partir da descrição dos resultados de contatos entre os sistemas linguísticos do português e do espanhol, bem como das práticas linguísticas resultantes desses contatos. Propõe-se, neste trabalho, uma nova perspectiva de abordagem da questão, considerando o contato das línguas pelo seu modo de circulação na sociedade fronteiriça e pelo sentido que as línguas apresentam para os sujeitos fronteiriços como lugar de significação de sua identidade. Apresentam-se exemplos de funcionamento dos sentidos das línguas para os fronteiriços, em cenas enunciativas que se constituem em espaços de circulação das línguas nas zonas fronteiriças. O habitar e o viver entre línguas dos sujeitos fronteiriços são enunciados na língua da fronteira e significam um processo identitário particular.Palavras-chave: línguas em contato; fronteira; enunciação; espaço de circulação.Borderline space of enunciation and identity processes Abstract: The issues regarding the borderline areas of contact between Brazil and Argentina and between Brazil and Uruguay have long been investigated from a traditional and descriptive point of view, focusing on the results of the contacts between the Portuguese and Spanish linguistic systems, as well as from the linguistic practices which emerge as a consequence of such contacts. The contacts between those languages and the way they circulate around the borderline society were considered in this study, as well as the meaning conveyed through the languages -for the borderline individuals as an identity locus.. Some examples are given of the way language meanings work for the borderline population in enunciative settings which are language circulation spaces. Dwelling and living between the two languages are elicited in the borderline language and they mean a particular identity process.Key words: languages of contact; borderline; enunciation; circulation space. IntroduçãoA questão das línguas nas fronteiras e o que a partir dela se formula, no desafio de compreender como se organiza esta zona tão periférica dos Estados
Resumo O presente artigo tem como objetivo compreender como o desenvolvimento linguístico é designado, dito e (re) significado na "Declaração universal dos direitos linguísticos", texto jurídico que oficializa um debate e um longo processo de reflexões acerca da diversidade linguística no marco das políticas de línguas. Para isso, realizou-se um percurso no contexto da criação da Declaração e as finalidades principais que a regem. O trabalho considera a Declaração como um acontecimento enunciativo, enquadrado na Semântica do Acontecimento e na proposta da História das Ideias Linguísticas.Palavras-chave: desenvolvimento linguístico, políticas de línguas, História das ideias linguísticas, semântica do acontecimento. ResumenEl presente artículo tiene como objetivo comprender cómo el desarrollo lingüístico es designado, dicho y resignificado en la "Declaración universal de los derechos lingüísticos", texto jurídico que oficializa un debate y un largo proceso de reflexiones acerca de la diversidad lingüística en el marco de las políticas de lenguas. Para esto, se realizó un recorrido al contexto de la creación de la Declaración y las principales finalidades que la rigen. El trabajo considera a la Declaración como un acontecimiento enunciativo, encuadrado en la Semántica del Acontecimiento y la propuesta de la Historia de las Ideas Lingüísticas.Palabras clave: desarrollo lingüístico, políticas de lenguas, Historia de las ideas lingüísticas, semántica del acontecimiento Considerações iniciaisFalar de diversidade linguística supõe ingressar em um âmbito no qual confluem o jurídico, o social, o político e também sua relação com as "ciências da linguagem" (Auroux, 1992). De acordo com o afirmado por Guimarães (2005), a língua é heterogênea, polissêmica e, por isso, dividida, desigual. Nesse sentido, estabelece-se uma relação estreita entre a língua e seus falantes. "E esta divisão diz respeito exatamente à relação dos falantes com a língua, de tal modo que os falantes se identificam exatamente por essa divisão" (GUIMARÃES, 2005, p. 21).Desde esta perspectiva, reconhece-se que a língua não é igual para todos seus falantes. Porém, constitui para todos eles, segundo Guimarães (2005), um modo de
Estudos de mídia e fronteiras: contribuições do método cartográfico para o avanço epistemológico no campo da Comunicação
Este artigo tem por objetivo propor uma perspectiva de abordagem sobre línguas em contato. Para apresentar tal perspectiva consideramos tratar a questão do contato linguístico não como resultado de um efeito externo das línguas sobre os falantes, e sim que os sujeitos falantes estão expostos às línguas e que, na fronteira, as usam também para marcar uma identidade fronteiriça. Neste sentido, fazem também uma escolha política.
A dinâmica da vida nas comunidades fronteiriças do Brasil - Uruguai e do Brasil - Argentina tem favorecido o contato linguístico entre o português e o espanhol. O portunhol surgiu como uma língua de contato, que se caracteriza como uma língua familiar e como prática comunicativa usada pelos falantes para suas interações em diversas práticas sociais da vida cotidiana. Neste texto, trata-se do portunhol uruguaio e do portunhol língua da fronteira como práticas comunicativas usadas para atender às necessidades imediatas de comunicação, como se estruturam e como funcionam pelo grau de intercompreensão estabelecido entre as duas línguas. O portunhol se relaciona, ainda, à identidade dos fronteiriços e à valorização da cultura local.
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