No dia 29 de abril faleceu, aos 97 anos, um dos mais importantes economistas contemporâneos: John Kenneth Galbraith. Embora tenha sido, de certa maneira, um seguidor e discípulo de Keynes, Galbraith foi muito além disso: ele deu uma contribuição própria e profunda a diversos ramos da economia. Era um intelectual criativo, capaz de abordar com riqueza e originalidade uma gama impressionante de temas econômicos, sociais e políticos. A sua vasta obra é testemunho dessa imensa capacidade de trabalho e criação.Em A era da incerteza, por exemplo, um livro sobre a história do pensamento econômico, John Kenneth Galbraith, incluiu um capítulo dedicado a Karl Marx, onde faz uma análise da sua contribuição, ressaltando em especial a importância do Manifesto comunista, escrito com Friedrich Engels, e de O capital. Na Crítica ao programa de Gotha, Marx menciona que, quando a sociedade estiver mais amadurecida, os seres humanos vão inscrever como lema de sua bandeira: "De cada um, de acordo com a sua capacidade; a cada um, de acordo com as suas necessidades". O lema tem dezoito palavras em português, apenas doze em inglês: "From each according to his capacity, to each according to his needs". John Kenneth Galbraith afirmou que essas 12 palavras tiveram um efeito revolucionário ainda maior do que os volumes de O capital.Economistas como Galbraith são cada vez mais raros, infelizmente. Boa parte da economia que se faz nas universidades, inclusive no Brasil, converteu-se, há muito tempo, num ramo não muito nobre da matemática aplicada, como dizia Joan Robinson, que era muito ligada a Galbraith. Nem sempre os economistas se dispõem, como eles, a refletir sobre as limitações e riscos dessa abordagem das questões econômicas.A tendência à formalização no campo da economia prevalece desde a Segunda Guerra Mundial. Ela tem as suas vantagens. Bem aplicada, pode organizar a