Resumo: “Todo mundo deveria saber o que acontece aqui, sobre os botos e da pesca com eles. Saber como eles ajudam o pescador...”. Com o objetivo de contribuir para a conservação da pesca cooperativa na Barra do Rio Tramandaí a partir de um instrumento didático, realizamos uma investigação qualitativa, que recorreu a abordagens do campo da antropologia visual (fotografia) e de relatos orais de métodos biográficos (histórias de vida/depoimentos). A interação entre essas estratégias permitiu a construção de uma exposição fotográfica itinerante, construída com curadoria dos próprios sujeitos que a significam. Enquanto a imagem parece capaz de valorizar os pescadores e sua prática cultural de forma estética, as narrações baseadas em histórias ampliam oportunidades de expressão e protaganismo destes pescadores artesanais. Abstract: This study aims at contributing to the conservation of the human–dolphin cooperative fishery in the Imbé/Tramandaí estuary, south Brazil. We used an educational, sensitizing tool to carry out a qualitative survey, based on both the visual anthropology approach (photography) and oral accounts of life stories/testimonials (biographical method). The combination of these approaches lead us to produce an itinerant photography exhibition exploring human–dolphin cooperative fishery, under curatorship of fishermen themselves. While photography enhances fishermen and their cultural practice aesthetically, biographical testimonials expands their way of expressing themselves and our and our ability to help preserve human-dolphin interactions.
A finalidade deste trabalho foi desenvolver um diagnóstico ambiental dos atores sociais e da fauna de vertebrados do estuário do rio Tramandaí, Rio Grande do Sul, Brasil. Esse diagnóstico foi elaborado a partir de (1) entrevistas com atores sociais e monitoramen-to das atividades antrópicas, (2) inventariamento da ictiofauna, avifauna e mastofauna e (3) monitoramento da população de botos-de-Lahille (Tursiops gephyreus). Os atores sociais identificados incluem, em sua maioria, residentes dos municípios que compõem o estuário (Imbé e Tramandaí) e da região metropolitana de Porto Alegre, capital do Estado. Diferentes formas de uso foram registradas, sendo as atividades de lazer e a pesca amadora e profissio-nal as mais frequentes. Foram registradas sete espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção: duas de peixes (Genidens barbus e Pogonias courbina), três de aves (Sterna hirundinacea, Thalasseus acuflavidus e Thalasseus maximus) e duas de mamíferos (Tursiops gephyreus e Ctenomys flamarioni). No estuário do rio Tramandaí, a ocupação humana desordenada resulta em uma série de impactos ambientais, tais como poluição, in-trodução de espécies invasoras, perda de habitat, ameaça à existência de espécies e de práti-cas culturais. Nesse sentido, propõe-se como prioridades de conservação: a pesca cooperati-va entre botos e pescadores artesanais, a tainha (Mugil liza) e as aves migratórias. O diálogo entre tomadores de decisão, cientistas e atores sociais do estuário do rio Tramandaí é funda-mental para a definição de políticas públicas para a conservação da biodiversidade da região.
Este ensaio discorre acerca da aproximação de dois biólogos, atuantes como professores no âmbito do ensino de ciências e biologia, ao campo de estudos da animalidade, aqui compreendido, não apenas no sentido de se problematizar a centralidade dos animais nas relações conosco – animais humanos –, mas, sobretudo, no sentido de se enfatizar que a forma como tratamos os animais expõe múltiplas camadas de problematização acerca da forma como tratamos outros humanos. Neste sentido, uma parte das discussões propostas por esse campo de estudos se preocupa, precisamente, com isso, com o outro na relação de animais humanos entre si e, especialmente, desses com os animais não-humanos, procurando tensionar as diferentes hierarquizações aí constituídas. Nessa primeira aproximação, fazemos mais perguntas e justaposições com o campo da biologia, do ensino de ciências e de biologia, com o corpo (humano e animal) e, também, com a biopolítica e a necropolítica do que oferecemos respostas, mesmo que provisórias. Isso, no sentido de traçarmos um possível percurso teórico-metodológico que nos permita, nos próximos passos, incorporar o tema animalidade à formação de professores de ciências e biologia e, quiçá, mapearmos alguns de seus efeitos. O texto Uma aglomeração inquieta: prisioneiros, animais, crianças requerentes de asilo e empacotamento pós-humano, de Jane Bone e Mindy Blaise (2015) é apresentado de modo mais extenso no sentido de estabelecermos alguns pontos possíveis para tal aproximação. Baseados nisso, traçamos alguns possíveis tensionamentos do contexto sócio-político brasileiro atual.
Este ensaio fotográfico retrata o circuito de preparação e de oferecimento dos Barquinhos de Iemanjá: pequenos barcos azuis, com aproximadamente 40 centímetros de comprimento, feitos de papelão, portando adereços, flores e comidas; que são os presentes destinados ao orixá Iemanjá pelo Centro Africano Ogum e Iansã, no Rio Grande do Sul, Brasil. Os primeiros registros desse circuito foram realizados durante a preparação dos presentes no terreiro, localizado no município de Canoas – RS, e, em seguida, continuaram durante o percurso de excursão da comunidade até a praia de Santa Teresinha, em Imbé, Litoral Norte do Rio Grande do Sul, aonde os presentes em homenagem à Iemanjá vêm sendo oferecidos anualmente. As fotos mostram as etapas ritualísticas, dotadas de complexidades, potências e magnitudes, com diferentes elementos, mãos que fazem e compõem barcos, cenas e manifestações da religiosidade afro-brasileira no Sul do Brasil.
O artigo expressa uma reflexão compartilhada no campo da Pesquisa em Educação, articulada com a Extensão Universitária, cujo foco é a formação docente para a Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER). Objetiva analisar as possibilidades de diálogo entre as comunidades escolares e as comunidades de terreiro. Descreve e analisa a presença de terreiros, nomeados Territórios Negros do Axé, no município de Tramandaí, Rio Grande do Sul. Enfoca as expressões religiosas de africanidades e os saberes diaspóricos construídos pelas pessoas negras no Brasil, a partir da existência desses terreiros em solo gaúcho. Com abordagem qualitativa, utiliza metodologia de revisão bibliográfica e entrevistas. Os resultados parciais apontam para a riqueza educativa dos saberes construídos nos terreiros, na perspectiva da educação antirracista e do currículo que trata de africanidades, histórias e culturas africanas e afro-brasileiras.
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