Resumo: “Todo mundo deveria saber o que acontece aqui, sobre os botos e da pesca com eles. Saber como eles ajudam o pescador...”. Com o objetivo de contribuir para a conservação da pesca cooperativa na Barra do Rio Tramandaí a partir de um instrumento didático, realizamos uma investigação qualitativa, que recorreu a abordagens do campo da antropologia visual (fotografia) e de relatos orais de métodos biográficos (histórias de vida/depoimentos). A interação entre essas estratégias permitiu a construção de uma exposição fotográfica itinerante, construída com curadoria dos próprios sujeitos que a significam. Enquanto a imagem parece capaz de valorizar os pescadores e sua prática cultural de forma estética, as narrações baseadas em histórias ampliam oportunidades de expressão e protaganismo destes pescadores artesanais. Abstract: This study aims at contributing to the conservation of the human–dolphin cooperative fishery in the Imbé/Tramandaí estuary, south Brazil. We used an educational, sensitizing tool to carry out a qualitative survey, based on both the visual anthropology approach (photography) and oral accounts of life stories/testimonials (biographical method). The combination of these approaches lead us to produce an itinerant photography exhibition exploring human–dolphin cooperative fishery, under curatorship of fishermen themselves. While photography enhances fishermen and their cultural practice aesthetically, biographical testimonials expands their way of expressing themselves and our and our ability to help preserve human-dolphin interactions.
O aumento na escala e na intensidade da exploração dos territórios e dos bens hídricos se entrelaçam como base para a acumulação de capital. Após aprovada a nova lei de saneamento básico no Brasil (Lei N° 14.026/2020) – que deixa nas mãos da iniciativa privada a gestão hídrica e fragiliza ainda mais os direitos indígenas – a água passou a ser, também, cotizada na bolsa de valores de Wall-Street, propiciando a sua especulação, concentração e capitalização. É neste cenário que – no Brasil e na América do Sul – a abundância, a qualidade e os direitos a este bem comum, se tornam cada vez mais disputados pelo paradigma desenvolvimentista. Estes cenários contribuem para o desmonte das políticas hídricas e socioambientais, repercutindo violentamente nos povos indígenas e seus territórios. Mas o que significa a escassez hídrica e a perda de acesso e de direitos às águas para os povos indígenas? Há espaço nas ciências modernas ocidentais para as valiosas contribuições que as perspectivas ameríndias têm promovido no campo do conhecimento? Repensar as relações entre desenvolvimento, política, ecologia e natureza é urgente. Nosso objetivo é analisar o atual desmonte das políticas hídricas brasileiras no contexto sul-americano, buscando compreender a influência da privatização das águas sobre as vidas indígenas, principalmente Mbya-Guarani. Discute-se, também, como a contribuição das cosmovisões ameríndias podem auxiliar para a construção de um novo paradigma no que diz respeito à conservação da natureza, em especial dos bens hídricos. Metodologicamente, este artigo promove, a partir da observação participante e da pesquisa-ação, a construção de relações dialógicas entre pesquisadores(as) e um dos líderes político-espiritual Mbya-Guarani. Reconhecendo que os povos originários são essenciais para a conservação da natureza, entende-se que assegurar seus direitos territoriais e garantir a reprodução dos seus modos de vida permitirá a manutenção dos ciclos vitais do planeta (como o ciclo das águas).
A finalidade deste trabalho foi desenvolver um diagnóstico ambiental dos atores sociais e da fauna de vertebrados do estuário do rio Tramandaí, Rio Grande do Sul, Brasil. Esse diagnóstico foi elaborado a partir de (1) entrevistas com atores sociais e monitoramen-to das atividades antrópicas, (2) inventariamento da ictiofauna, avifauna e mastofauna e (3) monitoramento da população de botos-de-Lahille (Tursiops gephyreus). Os atores sociais identificados incluem, em sua maioria, residentes dos municípios que compõem o estuário (Imbé e Tramandaí) e da região metropolitana de Porto Alegre, capital do Estado. Diferentes formas de uso foram registradas, sendo as atividades de lazer e a pesca amadora e profissio-nal as mais frequentes. Foram registradas sete espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção: duas de peixes (Genidens barbus e Pogonias courbina), três de aves (Sterna hirundinacea, Thalasseus acuflavidus e Thalasseus maximus) e duas de mamíferos (Tursiops gephyreus e Ctenomys flamarioni). No estuário do rio Tramandaí, a ocupação humana desordenada resulta em uma série de impactos ambientais, tais como poluição, in-trodução de espécies invasoras, perda de habitat, ameaça à existência de espécies e de práti-cas culturais. Nesse sentido, propõe-se como prioridades de conservação: a pesca cooperati-va entre botos e pescadores artesanais, a tainha (Mugil liza) e as aves migratórias. O diálogo entre tomadores de decisão, cientistas e atores sociais do estuário do rio Tramandaí é funda-mental para a definição de políticas públicas para a conservação da biodiversidade da região.
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