O debate sobre a ética na pesquisa em Ciências Humanas, mais particularmente na pesquisa com crianças, é um tema candente no contexto brasileiro, assim como as condições de interlocução do pesquisador com os sujeitos que participarão de sua pesquisa têm ocupado um papel central. Considerando esse foco, nossa intenção é trazer para o centro do debate a dimensão ética que se faz presente na própria teoria, isto é, conceber a teoria como um agir ético. Partimos do pressuposto de que a pesquisa em Ciências Humanas sempre implica um outro, mesmo que não haja previsão de um trabalho de campo. O outro está incrustrado na teoria, seja naquilo que o conhecimento sistematizado pela humanidade já nos oferece como perspectiva de visada, seja naquilo que inauguramos com o nosso próprio pensar. Pensar, neste sentido, é um agir ético, na medida em que implica um outro e um posicionamento sobre esse outro. Quem é o outro-criança para os pesquisadores da infância? Que implicações éticas se impõem quando nos colocamos a pensar a infância? Por que pensar a infância? Para quê? Qual o lugar das crianças na teoria que produzimos sobre elas? Neste texto procuraremos perseguir essas indagações a partir da tensão que se dá entre participação e tutela, proteção e autoria, experiências de alteridade entre crianças e adultos na vida social que são postas em xeque no fazer teórico, posto que teorizar não implica apenas em descrever o mundo social, mas também em instaurá-lo.
This article discusses alternative forms of political participation among Brazilian youth today. The prevailing context of social and economic inequalities in Latin America stands as a key factor for understanding young people’s experimentations with new forms of activism. The article considers research based on in-depth interviews with twenty young residents of Rio de Janeiro about new youth collectives engaging with issues of social change. The analysis shows that the meanings of politics and political action are extended to encompass direct and effective action motivated by a personal interpellation against social injustice. It also shows the importance of experiencing politics as a “bottom-up” undertaking resistant to hierarchical constraints and characterized by individual autonomy. Finally, the article discusses whether this new political engagement may evade a broader political view of conflicting social forces at play and impose limitations on the construction of a political project that can be embraced by different collectives.
As regras escolares são normalmente marcadas por uma rigidez, o que – do ponto de vista geracional e hierárquico – dificulta a participação ativa das crianças. Neste artigo, objetivamos refletir os sentidos que as crianças dão às regras a que estão submetidas na escola, as estratégias que criam para participar do cotidiano escolar e como buscam burlar o que consideram injusto. Partimos de um referencial teórico situado principalmente nos estudos da infância e da análise de um trabalho de campo realizado em uma turma do 5º ano de uma escola pública da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. As crianças, apesar das inúmeras queixas às regras escolares, consideram a importância de algumas para manter a convivência coletiva, e denunciam aquelas que servem unicamente para cercear os seus corpos.
estudos da infância: diálogos contemporâneos Estamos diante de um cenário nada aprazível. Depois de um golpe, que levou ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rouseff, temos vivenciado um cenário de grave crise política e econômica marcada por significativos cortes e suspensões em diversas áreas, que afetaram sobretudo a educação. Esse processo atingiu de modo categórico e terrível à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) que vem sendo desprezada pelos atuais governos e, por isso, enfrenta uma situação de precariedade nunca vista em sua história. Mesmo em condições adversas, nós, do Departamento de Estudos da
Neste artigo analisamos, em uma perspectiva interdisciplinar, aspectos teóricos dos conceitos de representação, participação e deliberação, objetivando por em questionamento a participação em arenas que viabilizem atos de fala e de escuta, atos de troca, tais como os minipúblicos. No caso, elegemos como exemplar as iniciativas voltadas para crianças e jovens, por tratar-se de um público cuja voz é notadamente silenciada quando o assunto envolve política e as decisões políticas que vão ter impacto na vida cotidiana, como os espaços escolares e os equipamentos culturais. Para ilustrar a análise, apresentamos uma experiência fomentada pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, que objetiva abrir espaço de fala, escuta e troca para crianças, com vistas a obter subsídios para a implantação de ações e políticas públicas relacionadas com às necessidades locais redução de vulnerabilidades em territórios periféricos.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.