A infância e a atuação das crianças na sociedade nem sempre foram objeto de interesse por parte dos pesquisadores dos campos da sociologia e da educação, mas os processos de socialização foram estudados com afinco. Esta tese não trata dos modos de socializar as crianças, mas da forma como elas socializam-se e interagem nos seus espaços sociais. O objetivo principal é compreender como, em um determinado grupo de crianças, suas ações estiveram articuladas às instâncias da mídia, da escola e da família com o intuito de explicitar, através da prática, a necessidade de um diálogo pertinente entre as teorias de socialização e as teorias da sociologia da infância. Assim sendo, esta pesquisa está fundamentada em quatro pilares: a estrutura institucional, a agência das crianças, a história da infância e das crianças e os sentidos produzidos por elas na atualidade. A estrutura das instituições -família, escola e mídia -representa um elemento central para a análise das ações infantis, pois as crianças nascem em um contexto histórico-cultural e precisam aprender a se orientar e a entender as regras e os valores construídos pela sociedade. As crianças, na interação com seus pares e demais indivíduos, atuam e manifestam-se; provocam, de algum modo, modificações na estrutura institucional. Assim, as interações ocorridas entre elas produzem outros sentidos e valores. É, portanto, a análise desses sentidos infantis que oferece a possibilidade de conhecer as conexões indissociáveis e intensas que existem entre as teorias dos processos de socialização e as teorias da sociologia da infância, visto que não há socialização sem participação e atuação, assim como não há regras e normas que não produzam ações. Despite the fact that processes of socialization were always insistently considered as the subject of educational and sociological fields of study, childhood and the acting of children in society not always have been the subjects of researchers. The present dissertation does not deal with the modes by which children are socialized, instead it deals with the ways children socialize themselves and interact in their social spaces. The main goal is to understand how, in a determinate group of children, their actions were articulated with media, school, and family instances with the aim of making explicit, through practice, the need of a pertinent dialogue between socialization theories and the theories of the sociology of childhood. In this case, the present research is based in four pillars: the institutional structure, the children's agency, the history of childhood and children, and the meanings generated by them in the present. The structure of institutions -family, school, and media -represents a central element for the analysis of children's agency, for the children are born in a cultural-historical milieu and they need to learn how to guide themselves and how to understand the rules and the values constructed by the society. The children, in their interaction with their peers and other individuals, act and manifest themselves; ...
O debate sobre a ética na pesquisa em Ciências Humanas, mais particularmente na pesquisa com crianças, é um tema candente no contexto brasileiro, assim como as condições de interlocução do pesquisador com os sujeitos que participarão de sua pesquisa têm ocupado um papel central. Considerando esse foco, nossa intenção é trazer para o centro do debate a dimensão ética que se faz presente na própria teoria, isto é, conceber a teoria como um agir ético. Partimos do pressuposto de que a pesquisa em Ciências Humanas sempre implica um outro, mesmo que não haja previsão de um trabalho de campo. O outro está incrustrado na teoria, seja naquilo que o conhecimento sistematizado pela humanidade já nos oferece como perspectiva de visada, seja naquilo que inauguramos com o nosso próprio pensar. Pensar, neste sentido, é um agir ético, na medida em que implica um outro e um posicionamento sobre esse outro. Quem é o outro-criança para os pesquisadores da infância? Que implicações éticas se impõem quando nos colocamos a pensar a infância? Por que pensar a infância? Para quê? Qual o lugar das crianças na teoria que produzimos sobre elas? Neste texto procuraremos perseguir essas indagações a partir da tensão que se dá entre participação e tutela, proteção e autoria, experiências de alteridade entre crianças e adultos na vida social que são postas em xeque no fazer teórico, posto que teorizar não implica apenas em descrever o mundo social, mas também em instaurá-lo.
As práticas das crianças indicam que elas constroem outros significados a partir das articulações que fazem, quando inseridas na vida cotidiana. Nesse sentido, este artigo apresenta reflexões sobre a condição dinâmica da infância e sobre a forma como as crianças atribuem sentidos para as palavras e as coisas através das suas ações e das suas percepções de mundo. Como referencial, serão considerados os processos de socialização das crianças e as suas múltiplas direções e dimensões. São processos sociais que ocorrem entre as crianças e os adultos, entre as crianças e os seus grupos de pares, entre as crianças e a família, a creche, a pré-escola e a mídia.
De um lado, teorias e documentos acerca das crianças as legitimam como sujeitos de direitos e agentes sociais, e ainda que haja um hiato entre discursos e práticas para a infância, crianças e sociedade, já é possível perceber que as crianças devem ser o centro do trabalho político e pedagógico. De outro lado, as atuais teorias de socialização apontam para um processo que é significado pelos indivíduos, implicando tensões e determinações, ações e discursos contraditórios e difusos e embates de interesses e interações entre gerações, indivíduos e instituições. A escola de educação infantil, os grupos de pares, a família e a mídia são instituições importantes na infância, porque possibilitam para as crianças encontros, participações e atuações sociais. Com este texto, pautado no referencial teórico dos Estudos da Infância, pretendemos tratar das dinâmicas e articulações entre crianças e seus processos de socialização, com o propósito de oferecer uma contribuição sobre os sentidos socioculturais produzidos nessa interface.
O propósito deste texto é refletir sobre a participação das crianças na sociedade, pois se considera que a infância ainda ocupa uma posição secundária no amplo debate social. As pesquisas e as propostas políticas costumam tratálas a partir de suas famílias ou inseridas nas instituições escolares. Assim sendo, é central considerar o significado e a importância da infância para a sociedade a fim de produzir outros olhares e práticas sociais, políticas e econômicas vinculadas às crianças, uma vez que essa categoria geracional é basilar para o desenvolvimento da sociedade.
O objetivo deste texto é analisar o conceito de lúdico e problematizar os sentidos da cultura lúdica para a formação de professores. As reflexões e questões proposta aqui são fruto de nossa experiência de docência compartilhada na disciplina O lúdico e a Educação Infantil no curso de Pedagogia de uma universidade pública do Estado do Rio de Janeiro. Inicialmente, apresentaremos algumas perspectivas teóricas sobre o lúdico e a cultura lúdica, entendidos como dimensão humana e constituintes da subjetividade. Em seguida, problematizaremos suas possibilidades e limites no contexto das sociedades capitalistas, ressaltando seus atravessamentos nas relações entre infância e adultez. Por fim, trataremos da concepção de cultura lúdica no contexto escolar, ressaltando sua relevância na formação de professores e no trabalho pedagógico com crianças.
Muito me instigou o título do livro O professor e as vulnerabilidades infantis por trazer à tona a dualidade geracional, cultural e social estabelecida entre adulto e criança. Para aqueles que estudam ou pesquisam a infância e as crianças, o livro apresenta ideias, posições e reflexões para se pensar a relação entre crianças e adultos, entre seres e devires de ordens geracionais distintas, mas contemporâneos no espaço e tempo. Também é uma possibilidade de diferenciar ou mudar o olhar em relação à infância e às crianças, pois é um livro que permite repensar a ordem geracional e as problemáticas sociais apresentadas aos adultos e às crianças nos seus modos de pertencimentos, participações e nas formas de proteção. Ainda que os autores indiquem que o livro é um debate com docentes, considero ser uma excelente possibilidade de trocar ideias com adultos a respeito das crianças, dos lugares a elas reservados na sociedade e das práticas deles em relação a elas. É, assim, um estudo reflexivo para aqueles que têm crianças ou lidam e interagem com elas de um modo geral.
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