Este ensaio tem por objetivo analisar o ideário taylorista concernente à relação entre operários e gestores a partir da categoria do poder pastoral, proposta por Michel Foucault. Se o poder disciplinar incide sobre o corpo, o poder pastoral incide sobre a alma do indivíduo, implicando - por meio de técnicas confessionais - a direção de consciência. No âmbito do taylorismo, pode-se concluir, tal poder se manifesta, mas não com um sentido parhesiastico, revelando no taylorismo um processo de configuração de verdades a respeito do sujeito operário, ou trabalhador, que o coloca em condição de objeto da gestão nas relações estabelecidas entre a gestão e o operário.
Resumo Neste artigo, discutimos um novo regime de poder, nomeado de Governamentalidade Algorítmica por Antoinette Rouvroy e Thomas Berns, que, crescentemente, vem operando na condução de nossas condutas. Diferentemente do poder disciplinar e da biopolítica, tal governamentalidade não tem por centro de gravidade os indivíduos ou as populações. Antes, por meio da mineração de dados e da produção de perfis, age tanto no nível infra-individual quanto supra-individual. Para problematizá-la, analisamos e colocamos em questão um dos seus modos de operação, os sistemas de recomendação e, dentre eles, focalizamos o caso da Netflix. Por fim, tensionamos os efeitos que os algoritmos que lhe constituem podem ter em nossos modos de subjetivação, já que, não raro, tendem a excluir de nossas experiências aquilo que é da ordem do imprevisto e que é capaz de fazer com que algo nos aconteça e nos transforme.
Resumo: Na conjuntura das discussões pós-estruturalistas acerca dos processos de subjetivação, bem como dos trabalhos de autores como Hannah Arendt, Zygmunt Bauman e Jurandir Freire Costa, é indubitável reconhecer o impacto do consumo, entendido enquanto prática social, na constituição dos sujeitos contemporâneos. Em função disso, realizamos uma pesquisa-intervenção objetivando abrir espaços de discussão e experimentações, e esboçar um quadro analítico sobre posicionamentos e vicissitudes na relação jovens/consumo. A pesquisa desenvolveu-se em duas escolas públicas de Porto Alegre com 35 jovens de 14 a 17 anos. A análise do discurso pautada nas contribuições foucaultianas nos guiou na análise do que foi dito nos encontros. No processo de pesquisa emergiram questões como: estratégias dos jovens para obter dinheiro, diferenciação e status social a partir do consumo, e a internet enquanto necessidade de primeira ordem. Dentre outros, analisamos neste artigo o enunciado "consumir é gastar dinheiro", que se torna dizível a partir de mudanças históricas (como a transformação da nossa relação com os objetos de uso), da posição do jovem enquanto dependente econômico de seus pais e responsáveis, entre outros aspectos. Fechamos o artigo argumentando em favor de iniciativas que visem uma educação quanto ao consumo, sustentada em um compromisso ético-político de possibilitar outros agenciamentos em relação a modos de subjetivação correntes. Neste sentido, pensamos ser um desafio para a Psicologia oferecer contribuições por meio da produção de conhecimentos e de práticas, pois se trata de temática que conta com estudos ainda bem pontuais, ao menos no que concerne à juventude.Palavras-chave: Consumo, Juventude, Pesquisa-Intervenção, Produção de Subjetividade, Educação quanto ao consumo.
ResumoPartindo da problematização do conceito de "crise", o artigo tem por intuito apresentar uma discussão a respeito da "crítica" e da "clínica", dois operadores conceituais de especial importância para as perspectivas teóricas contemporâneas em Psicologia Social. Com Artaud, propõe-se pensar um modo de se relacionar com a crise a partir de caminhos diferentes daqueles que se sustentam em modelos transcendentes que buscam controlar a produção da novidade e da inventividade. Dessa forma, as reflexões apostam na produção da diferença enquanto modo ético-político de se habitar a crise. Ao assumir que os conhecimentos têm efeitos na produção de subjetividades, busca-se colocar em questão o que está naturalizado, produzindo desvios criativos e composições capazes de aumentar as potências de vida. Palavras-chave:Crise; Crítica; Clínica; Psicologia Social. AbstractStarting from the problematization of the concept of "crisis", the article intends to present a discussion about "critique" and "clinical", two conceptual operators of particular importance for the contemporary theoretical perspectives in Social Psychology. With Artaud, it is proposed to think of a way of relating to the crisis from different paths from those that are based on transcendent models that seek to control the production of novelty and inventiveness. Thus, the reflections bet on the production of difference as an ethical-political way of inhabit the crisis. By assuming that knowledge has effects on the production of subjectivities, it seeks to question what is naturalized, producing creative deviations and compositions capable of increase the potencies of life.
Resumo: Esta pesquisa teve por objetivo compreender a constituição do sujeito pesquisador a partir da apropriação e uso de seu tempo. Para isto, pautando-se num referencial teórico foucaultiano, foram consultados documentos e analisadas um total de 30 entrevistas realizadas com docentes e pesquisadores vinculados a programas de pós-graduação na Universidade Estadual de Maringá. Pôde-se perceber que, ao longo de sua existência, o pesquisador tem seu tempo capturado pela escola-universidade. Seu tempo não é apenas capturado, mas é-lhe exigido que ocupe seu tempo de forma cada vez mais intensa e produtiva. Em decorrência, o tempo para si, o tempo gerido por si tende a ser reduzido. Por fim, cabe notar que a forma de ser pesquisador produzida no presente não é a única possível. Importa, na atualidade, refletir e criar formas outras de ser pesquisador que não aquelas impostas pelos dispositivos existentes e que lhe fixam uma identidade.Palavras-chave: captura do tempo, constituição do sujeito, sujeito pesquisador, cuidado de si.Abstract: This study aimed to understand the constitution of the researcher as a subject on the basis of the appropriation and use of their time. For this purpose, based on Foucault's theoretical framework, documents were consulted and 30 interviews with professors and researchers linked to graduate programs at the State University of Maringá were interviewed. It was perceived that, throughout their existence, the researcher has their time captured by the school-university. The school-university not only captures their time, but also requires them to occupy it in an increasingly intense and productive manner. As a result, the time they have for themselves, the time managed by themselves tends to be reduced. Finally, it should be noted that the form of researcher produced today is not the only possible option. At present, it is important to reflect and create other forms of being a researcher than those imposed by the existing dispositifs that give them a fixed identity.Keywords: capturing of time, constitution of the subject, researcher as a subject, care of the self.A captura do tempo e a constituição do sujeito pesquisador
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.