Neste artigo, partimos de quatro diferentes modalidades concretas de trabalho: na indústria metalúrgica; na indústria de confecções; nas cozinhas de restaurantes; e no trabalho de catação de materiais recicláveis, para evidenciar a divisão sexual do trabalho, conforme as sociólogas do trabalho, feministas materialistas, Helena Hirata e Danièle Kergoat, a compreendem: como expressão da base material das relações de gênero na sociedade capitalista, regida pelos princípios de separação e de hierarquia, que organizam a divisão social do trabalho entre os gêneros e distribui desigualmente os trabalhos produtivos, domésticos e de cuidados. Com isso, reafirmamos essa concepção de divisão sexual do trabalho como uma chave de leitura teórico metodológica atual, com caráter plástico e comparativo. ceito.
O artigo analisa as condições de trabalho dos trabalhadores/as de supermercado durante a pandemia de COVID-19. Por um lado, o caráter essencial de sua atividade diante das políticas de isolamento social para conter o vírus chamou à atenção para a importância desse trabalho de pouco ou nenhum prestígio social. Por outro lado, como poderemos observar para o conjunto de categorias consideradas essenciais, essa indispensabilidade da atividade não implica necessariamente na valorização social com reflexo em melhores condições de trabalho. O artigo baseia-se em evidências de pesquisas de campo realizada em lojas da rede Walmart no Brasil, entrevistas semiestruturadas com trabalhadores e dirigentes sindicais, dados administrativos e da mídia. O argumento aqui defendido é que, no caso dos trabalhadores de supermercados, a pandemia contribuiu para agravar condições de trabalho que já eram precárias, aprofundando a vulnerabilidade e expondo ao risco de vida e adoecimento trabalhadores/as e seus familiares.
A comunicação tem como objetivo apresentar um referencial teórico para pensar a divisão sexual do trabalho nas cozinhas. Para tanto, pretendo discutir o que é a divisão sexual do trabalho, o que são as relações sociais de sexo e o que eu entendo por gênero, para explicar como eu observei a divisão sexual do trabalho em cozinhas profissionais na minha pesquisa Cozinha é lugar de mulher? A divisão sexual do trabalho em cozinhas profissionais, realizada no Doutorado em Ciências Sociais da Universidade Estadual de Campinas. A divisão sexual do trabalho, mediada por situações historicamente dadas, fundamenta-se na ideia de antagonismo entre homens e mulheres, assim como relações de exploração-dominação que estão colocadas na sociedade, principalmente em torno do trabalho. Os elementos que serão analisados são a) a divisão sexual que se expressa nas cozinhas profissionais com a separação entre cozinha quente e cozinha fria, e suas diferentes valorações; b) a criação de um ambiente masculino e masculinizante, hostil para mulheres, que valoriza as características socialmente associadas ao gênero masculino; c) as dificuldades que as mulheres têm de conciliar família e trabalho, na medida em que elas continuam sendo responsáveis pelo trabalho doméstico e de cuidados, o que já foi chamado de “dupla jornada” e que, do ponto de vista prático, cria maiores dificuldades para as mulheres; finalmente, d) a questão da autoridade na cozinha e a associação do chef a uma figura masculina. A metodologia utilizada para escrever esse artigo será o apoio nas bibliografias de Saffioti e Kergoat e Hirata, em suas teorizações sobre relações sociais de sexo, divisão sexual do trabalho, o conceito de gênero e o conceito de patriarcado, que utilizo para analisar meus achados de pesquisa e os elementos das entrevistas que realizei entre 2015 e 2019. Para além do chamado teto de vidro, as mulheres encontram muito mais obstáculos do que os homens em construir carreiras e percursos profissionais, até para permanecerem no emprego, em função de relações de gênero e discriminações pelo fato de serem mulheres. Todavia, não são apenas as mulheres que são afetadas por tal discriminação: os homens também se veem obrigados a seguirem determinados comportamentos que colocam sua saúde em risco, para corresponderem ao papel social que lhes cabe. Assim, pretendo oferecer elementos teóricos que subsidiem outras pesquisas, outras observações das relações sociais de sexo e a imposição de papéis sociais generificados, assim como apoiar dessa perspectiva outras investigações no campo da alimentação e das relações de gênero.
e Júlio ainda na barriga), pela amizade e confiança que transcendeu muito a casa, a cidade e o continente, por todo amparo, toda ajuda, todos os favores, todas as quiches, todas as conversas, todas as mensagens e todo afeto que me fazia tanta falta.À Liliane Bordignon, anja, que sempre me ajudou a abrir e a atravessar portas, a trilhar bons caminhos, a chegar aos lugares que eu queria e que me acolheu de tantas maneiras.À Thaís Lapa, amiga para a vida e companheira de ciladas. Tive a sorte de compartilhar com ela não apenas as angústias e aflições do doutorado e das viagens à Campinas, mas também pude receber seu carinho e apoio sempre, no Brasil e na França, de longe e de perto. Sem ela, tudo teria sido mais difícil.À Michele Escoura Bueno, por todas as conversas e toda a paciência, por ter me recebido em Belém, me levado passear, comer, nadar e conhecer essa cidade incrível cheia de possibilidades. Por ter me dado tanta força, presencialmente ou por Skype.Aos colegas do Doutorado em Ciências Sociais, pessoas queridas que tive a sorte de conhecer e de compartilhar experiências, medos e angústias, mas também happy hours e risadas, numa rede de apoio mútuo. Aos colegas da linha de pesquisa Trabalho,
Este dossiê reúne artigos de diversas áreas do conhecimento que revelam experiências de trabalho no contexto da pandemia de Covid 19, os quais oportunizam reflexões a respeito dos conflitos que este enquadramento de “trabalhos essenciais” trouxe a trabalhadores e trabalhadoras brasileiras(os). Em nome da proteção à economia e, ao mesmo tempo, da garantia do atendimento a necessidades consideradas básicas da população, algumas ocupações foram consideradas essenciais desde o início da pandemia, em 2020, o que significou que foram excluídas das orientações de isolamento social. Por terem continuado a trabalhar fora de casa, tais trabalhadoras(es) foram expostas(os) a condições de risco extremos e vulnerabilidade. Os textos aqui reunidos, escritos entre 2020 e 2021, revelam aspectos importantes a respeito de tais conflitos e situações de risco criadas (ou agudizadas) pela crise sanitária. Alguns setores laborais comumente invisibilizados e desvalorizados ganharam espaço no debate público, a exemplo das(os)) trabalhadoras(es) que atuam nas áreas de saúde, no trabalho doméstico e em serviços de entrega por aplicativos. Outros, embora tenham sido considerados essenciais desde o início da pandemia, como os trabalhadores em supermercados e em prisões, não tiveram ainda suficiente atenção e visibilização. De outra parte, houve o desafio particular das ocupações na área da educação, com o fechamento das escolas e a instauração do regime de ensino remoto, que trouxeram várias consequências para as(os) docentes.
O livro Gênero e Desigualdades: Desafios da Democracia no Brasil, da professora Flávia Biroli, publicado em 2018 pela Editora Boitempo, apresenta uma síntese de vários temas importantes para o feminismo e que hoje são discutidos tanto em espaços acadêmicos como de militância, tendo como pano de fundo o cenário político brasileiro contemporâneo.
Este dossiê se propôs a visibilizar a trajetória coletiva de pesquisa de Danièle Kergoat e Helena Hirata e convidar pesquisadoras(es) de diversas áreas do conhecimento e o público em geral para compreender a dinâmica social por meio da perspectiva do feminismo materialista.
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