Neste artigo ensaiado, opta-se por operar com uma arque-montagem, como que perguntando pelo arquivo tratando-se da aula no presente. A partir disso, buscamos alguns funcionamentos da aula neste contemporâneo de ataque a escolas e professores, de super aceleração e utilitarismo pragmático e, ainda, atravessado pela pandemia do novo coronavírus. Com esses sintomas, artistamos algumas possibilidades de aula, tais como a aula tela-janela e a aula do Ministério dos andares bobos, como que fazendo uma montagem entre a educação, o cinema, a fotografia e a filosofia para criarmos outras composições possíveis da aula no presente.
Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados. Resumo: Este artigo parte da área da educação, com atravessamentos na filosofia e na história para pensar as relações entre as práticas de escrita escolares e os modos de subjetivação. Para tanto, empreende-se uma pesquisa bibliográfica analisando-se produções acadêmicas que se debruçaram sobre a escrita escolar e examinando-se nesses materiais a regularidade da escrita operada como expressão/revelação de uma ideia e de si mesmo, como controle dos riscos e operada em certa velocidade. Tais regularidades são marcadas e asseguradas pela perspectiva da vontade de verdade e de um sujeito fundante. Essas práticas discursivas são problematizadas a partir de dois ferramentais analíticos foucaultianos: a ficção e a escrita tomada como técnica de si. Ambos são operados como possibilidades de se tomar a escrita como exercício de pensamento e de si, deslocando-se da escrita como expressão/revelação para a escrita como transformação, em se tratando dos modos de relação que assumimos com nós mesmos.Palavras-chave: escrita escolar, ficção, subjetivação, genealogia.Abstract: This article discusses the relations between practices of school writing and modes of subjectivation by intertwining education, history and philosophy. In this sense, a bibliographical research was carried out by analysing academic documents about school writing and problematizing the regularities of writing as expression/revelation of either an idea or the self, as risk control, and operated in a certain speed. These regularities are marked by the perspective of will of truth and an original subject. These discursive practices are problematized by means of two analytical Foucauldian tools: fiction and the writing taken as a technique of the self. Both are considered as possibilities to regard writing as an exercise of thought and of the self, shifting from writing as expression/revelation to writing as transformation, addressing the modes of relation we assume with ourselves.Keywords: school writing, fiction, subjectivation, genealogy. 234Betina SchulerEducação Unisinos Um modo de entradaA relação entre a escrita e os modos de existência foram se deslocando desde a invenção da escrita. Pode-se pontuar o deslocamento da palavra poética e dramática entre os gregos à Palavra Sagrada e o texto da revelação com o cristianismo; a invenção da imprensa em 1450 em que a escrita se inscreve no processo de modernização do ocidente; a escolarização da escrita (Graff, 1990), entre tantos outros. Todavia, também mantém regularidades, quando pensamos como escrevemos, porque escrevemos, onde escrevemos e o quê escrevemos. Diz Skliar (2014, p. 133) sobre as razões do escrever e a escolarização:De um lado, uma aposta pela civilização, o pertencimento cultural, a utilidade, o emblema do sujeito livre, o domínio da língua, da identidade, da avaliação, dos dis...
Este artigo problematiza o conceito de igualdade, tal como um valor de verdade, funcionando no discurso da Justiça Restaurativa, a partir da análise de práticas discursivas na cidade de Porto Alegre/RS. Discurso que opera na lógica da inclusão de todos no espaço escolar, apostando na existência do funcionamento igual do humano e a escola tendo a função dessa formação. Uma inclusão que, ao mesmo tempo, afirma um "espaço de dentro" e um suposto "eu" das ciências humanas, agora atravessadas pelas ciências jurídicas. Vivemos uma biopolítica contemporânea que, buscando o gerenciamento do risco, mesmo que em potencial, produz um achatamento do que não se constituiu como mesmidade, na tentativa de garantir os "direitos de todos", pois este seria o preço cobrado pelo contrato da igualdade. Um discurso que funciona pela "defesa" das diferenças, trabalhada como o outro da identidade a ser resgatado e tornado igual. Uma biopolítica em nome da defesa da sociedade por meio do autogoverno num pan-óptico generalizado. E, junto a tais movimentos, poderíamos pensar em práticas de resistência que buscariam outras experimentações nesse campo educacional, tal como brechas de respiro, não para buscar instalar, então, uma verdade ainda mais verdadeira, mas justamente se colocando nesse jogo da verdade na problematização dos modos como estamos sendo governados e as implicações disso em nosso presente. Talvez um apostar em práticas pontuais, não generalizadas, desapegando-se de tantas identidades e encaminhamentos já disponíveis.
O Programa Observatório da Educação (OBEDUC) faz parte da política nacional de formação continuada de professores. Por meio desta macropolítica, o Projeto Escrileituras: um modo de ler-escrever em meio à vida (PPGEDU/UFRGS) participa desse espaço político articulando a pesquisa entre a escola e a universidade. Tal articulação efetiva-se num dos recortes do funcionamento do Projeto. O presente texto apresenta a experiência da entrada do Projeto numa escola; o professor titular de uma das turmas desta escola ocupa o espaço de professor-pesquisador no grupo da universidade. Este professor-pesquisador elaborou o seu projeto de pesquisa, executando-o por meio de ateliers na escola. O projeto do professor foi composto pelos conceitos nietzscheanos da vontade criadora, que dispara a necessidade de produção de uma criação pedagógica. A partir deste território conceitual nos foi possível efetuar a perspectiva do “aprendizado que afirma a vida”. Então, mostraremos a produção da criação pedagógica que o professor-pesquisador denominou de didática genealógica. Essa didática foi experimentada nos ateliers, junto aos alunos de ensino fundamental em uma escola municipal de Porto Alegre–RS.
Resumo Este artigo busca pensar, por meio da educação, da filosofia e das artes visuais, as possibilidades estéticas da leitura e da escrita. Para tanto, se traça um diálogo entre autores e autoras, como o filósofo estoico Sêneca, Walter Benjamin, o filósofo da imagem Didi-Huberman e a artista plástica Elida Tessler, para pensar os conceitos de recolhimento, colecionar e montagem, tratando da escrita e da leitura como formas que podem tornar possível pensar a diferença. Desse modo, entendemos a leitura e a escrita para além de sua função reduzida de informar, mas também em sua dimensão ética, estética e política no atravessamento dos modos de existência no presente, tal como um risco de fósforo que fagulha por alguns instantes.
Este artigo toma o conceito de montagem operado na filosofia e nas artes por Deleuze e Didi-Huberman, realizando certa extração para compor uma problematização da montagem do pensamento e da escrita em educação. Toma-se, assim, a montagem como procedimento filosófico, gesto político e criação artística. Quando escrevemos em educação, sobre educação, para educadores, produzimos imagens de pensamento por meio de tais produções. Interessa, então, apreender os funcionamentos desse conceito para operá-lo nos deslocamentos possíveis do que se pensa e se escreve em educação, em especial, na escrita acadêmica. Entendemos que tomar a escrita como montagem do pensamento poderia operar como certa problematização do pensamento dogmático em educação.
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