Neste artigo ensaiado, opta-se por operar com uma arque-montagem, como que perguntando pelo arquivo tratando-se da aula no presente. A partir disso, buscamos alguns funcionamentos da aula neste contemporâneo de ataque a escolas e professores, de super aceleração e utilitarismo pragmático e, ainda, atravessado pela pandemia do novo coronavírus. Com esses sintomas, artistamos algumas possibilidades de aula, tais como a aula tela-janela e a aula do Ministério dos andares bobos, como que fazendo uma montagem entre a educação, o cinema, a fotografia e a filosofia para criarmos outras composições possíveis da aula no presente.
Este artigo problematiza o conceito de igualdade, tal como um valor de verdade, funcionando no discurso da Justiça Restaurativa, a partir da análise de práticas discursivas na cidade de Porto Alegre/RS. Discurso que opera na lógica da inclusão de todos no espaço escolar, apostando na existência do funcionamento igual do humano e a escola tendo a função dessa formação. Uma inclusão que, ao mesmo tempo, afirma um "espaço de dentro" e um suposto "eu" das ciências humanas, agora atravessadas pelas ciências jurídicas. Vivemos uma biopolítica contemporânea que, buscando o gerenciamento do risco, mesmo que em potencial, produz um achatamento do que não se constituiu como mesmidade, na tentativa de garantir os "direitos de todos", pois este seria o preço cobrado pelo contrato da igualdade. Um discurso que funciona pela "defesa" das diferenças, trabalhada como o outro da identidade a ser resgatado e tornado igual. Uma biopolítica em nome da defesa da sociedade por meio do autogoverno num pan-óptico generalizado. E, junto a tais movimentos, poderíamos pensar em práticas de resistência que buscariam outras experimentações nesse campo educacional, tal como brechas de respiro, não para buscar instalar, então, uma verdade ainda mais verdadeira, mas justamente se colocando nesse jogo da verdade na problematização dos modos como estamos sendo governados e as implicações disso em nosso presente. Talvez um apostar em práticas pontuais, não generalizadas, desapegando-se de tantas identidades e encaminhamentos já disponíveis.
Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados. Resumo: Este artigo parte da área da educação, com atravessamentos na filosofia e na história para pensar as relações entre as práticas de escrita escolares e os modos de subjetivação. Para tanto, empreende-se uma pesquisa bibliográfica analisando-se produções acadêmicas que se debruçaram sobre a escrita escolar e examinando-se nesses materiais a regularidade da escrita operada como expressão/revelação de uma ideia e de si mesmo, como controle dos riscos e operada em certa velocidade. Tais regularidades são marcadas e asseguradas pela perspectiva da vontade de verdade e de um sujeito fundante. Essas práticas discursivas são problematizadas a partir de dois ferramentais analíticos foucaultianos: a ficção e a escrita tomada como técnica de si. Ambos são operados como possibilidades de se tomar a escrita como exercício de pensamento e de si, deslocando-se da escrita como expressão/revelação para a escrita como transformação, em se tratando dos modos de relação que assumimos com nós mesmos.Palavras-chave: escrita escolar, ficção, subjetivação, genealogia.Abstract: This article discusses the relations between practices of school writing and modes of subjectivation by intertwining education, history and philosophy. In this sense, a bibliographical research was carried out by analysing academic documents about school writing and problematizing the regularities of writing as expression/revelation of either an idea or the self, as risk control, and operated in a certain speed. These regularities are marked by the perspective of will of truth and an original subject. These discursive practices are problematized by means of two analytical Foucauldian tools: fiction and the writing taken as a technique of the self. Both are considered as possibilities to regard writing as an exercise of thought and of the self, shifting from writing as expression/revelation to writing as transformation, addressing the modes of relation we assume with ourselves.Keywords: school writing, fiction, subjectivation, genealogy. 234Betina SchulerEducação Unisinos Um modo de entradaA relação entre a escrita e os modos de existência foram se deslocando desde a invenção da escrita. Pode-se pontuar o deslocamento da palavra poética e dramática entre os gregos à Palavra Sagrada e o texto da revelação com o cristianismo; a invenção da imprensa em 1450 em que a escrita se inscreve no processo de modernização do ocidente; a escolarização da escrita (Graff, 1990), entre tantos outros. Todavia, também mantém regularidades, quando pensamos como escrevemos, porque escrevemos, onde escrevemos e o quê escrevemos. Diz Skliar (2014, p. 133) sobre as razões do escrever e a escolarização:De um lado, uma aposta pela civilização, o pertencimento cultural, a utilidade, o emblema do sujeito livre, o domínio da língua, da identidade, da avaliação, dos dis...
Em tempos de aceleração, fragmentação, pobreza narrativa e precarização dos laços no presente, este artigo é um ensaio teórico que busca problematizar o conceito do olhar, mais especificamente a educação do olhar no encontro entre a filosofia e a educação. Para tanto, ensaia alguns deslocamentos em se tratando do conceito do olhar e os modos de vida e pensamento. Toma tal conceito desde Platão e Descartes até as perspectivas mais contemporâneas do pensamento da diferença, especialmente operando com o tema da conversão a partir de uma perspectiva foucaultiana do cuidado de si, para pensar sobre a potência de uma educação filosófica do olhar na escola.
Este ensaio teórico problematiza as relações entre a verdade e a subjetivação a partir de Sêneca e Foucault, com foco nas práticas de leitura e escrita na escola. Com inspiração na genealogia da subjetivação, entende-se que não se trata apenas de relações de conhece-te a ti mesmo, cuida-te de ti mesmo ou domina-te a ti mesmo. Vivemos um importante deslocamento nas práticas de si, podendo-se nomeá-las como desempenha-te a ti mesmo na stultitia contemporânea que vivenciamos, em que o conhecimento se reduz a objeto de troca e a uma pobreza narrativa. Para tal problematização, toma-se a potência de uma educação filosófica na escola por meio de práticas de leitura e escrita como resistência a um presente neoliberal e neoconservador que limita tais práticas a um pragmatismo instrumental e a índices de avaliação.
Este artigo investiga o exercício do pensamento, pautado pela prática da filosofia com crianças (diferenciando-se da filosofia para crianças), através de práticas de leitura e escrita em uma escola pública na região do Vale do Caí, RS. A partir da perspectiva do pensamento da diferença, operando com autores como Foucault, Deleuze e Kohan, interroga-se de que modos essa experimentação poderia produzir pequenos deslocamentos quanto aos clichês e pensamentos dogmáticos que atravessam nossas vidas. Essa investigação entende o pensamento como essa provocação do fora, viabilizado por diferentes intercessores que irão problematizar o que está naturalizado. Do mesmo modo, opera com a filosofia para além de uma disciplina acadêmica, como uma forma específica de se relacionar com o saber e com a vida. Entende, ainda, a escrita como uma técnica que pode operar transformações sobre nossa experiência. A partir disso, realizou-se a análise de escritas de alunos de 5º ano, cujas regularidades destacadas foram: o discurso salvacionista, valoração da escola como lugar de pensamento, a boa escrita operada como comunicação e a expressão de grande preocupação com a passagem do tempo. A partir dessas regularidades, produziu-se uma oficina filosófica com esses alunos, em que foram inventadas outras possibilidades de leitura e escrita, focando na problematização de nossas relações com o tempo. As escritas produzidas nessa oficina foram igualmente examinadas, destacando-se, pois, uma divisão temporal (e moral) da vida, mas também apresentando deslocamentos importantes quanto ao tempo cronológico, operando com uma diminuição da força pastoral e da infância idealizada, apostando em uma relação mais intensiva com o mesmo.
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