O setor acadêmico brasileiro vive um momento de estresse quantitativista. Docentes e pesquisadores são avaliados pelas métricas individuais de sua produção bibliográfica. Apesar de sua importância, a colaboração no trabalho de pesquisa em grupo, nas redes de pesquisa, ainda não constitui objeto de avaliação sistemática. Medem-se os produtos, mas os processos que os geram permanecem desconhecidos. Este estudo objetivou construir marcadores para a avaliação de processos interativos de trabalho em redes de pesquisa. Entendemos que este tipo de rede se estabelece quando um grupo colabora com a intenção de produzir conhecimento. A literatura consultada apontou que, embora tal interação possa ser representada graficamente, há ainda número reduzido de trabalhos sobre o tema da avaliação de redes de pesquisa e colaboração ou de parceria em pesquisa. A partir da teoria, desenvolvemos uma metodologia de análise de currículos de pesquisadores com uso de softwares para construção de planilhas de dados, contagem de coautorias e análise de redes sociais. Estas técnicas permitiram a elaboração de planilhas da produção bibliográfica dos pesquisadores, de grafos representando suas redes e a construção de um protocolo de avaliação de redes de colaboração e pesquisa. Os sujeitos investigados foram pesquisadores 1A do CNPq, líderes de grupo de pesquisa nas áreas de Educação, Engenharia de Produção e Física. Os resultados identificam 10 marcadores/indicadores quali-quantitativos para avaliação de processos de pesquisa em rede que foram testados e validados em contexto de aplicação.
Resumo: Em todas as áreas de conhecimento os produtos de pesquisa estão a ser notados nas publicações de pesquisadores que trabalham em redes de pesquisa. Os efeitos multiplicadores das redes são vistos como uma das benesses do trabalho colaborativo, pois que ampliam os créditos de avaliação individual. Contudo, há outros elementos nas estruturas do trabalho intelectual originado nas redes que têm tanta relevância quanto o fator produtividade multiplicada. Neste artigo mostramos alguns destes elementos ou fatores multiplicadores do trabalho operado nas redes de pesquisa e identificados nos seus ecossistemas biográficos e cognitivos. Enfocamos estudos de caso de redes de pesquisa e colaboração de quatro países, Colômbia, Portugal, Uruguai e Brasil. Dentre os efeitos multiplicadores, destacamos os elementos que ligam uma rede; como e por que os pesquisadores trabalham em colaboração; os tipos de colaboração; ciclos de vida das redes; as formas de articulação; as inter-relações e o foco nas audiências para produção de conhecimento.
O artigo apresenta uma proposta de instrumento de avaliação de Cursos de Graduação na modalidade a distância. Em processo de validação, foi realizada uma aplicação no Curso de Graduação em Administração, modalidade a distância, em dez polos localizados no
Resumo: O artigo discute como os pesquisadores constroem a legitimidade científica no campo da educação no Brasil. Estratégias e disputas compõem a dinâmica e permitem analisar a obtenção de capital científico puro e político. A metodologia incluiu a análise de currículos e evidencia que, frente à busca por produtividade e legitimidade, entre 2005 e 2014, houve mudança na composição do capital acadêmico-científico dos atores, provavelmente induzida pelas políticas públicas de avaliação.Palavras-chave: universidade; campo acadêmico-científico; pesquisa em educação; avaliação. Abstract: This article discusses how researchers build their scientific legitimacy in the field of education in Brazil. Strategies and disputes mark the dynamics and offer elements to analyze the acquisition of political and pure scientific capital. The methodology included analysis of researchers' curricula and shows that, vis-à-vis the quest for productivity and legitimacy, in the time elapsed between 2005 and 2014, there was a change in the composition of the players’ academic-scientific capital, probably induced by the evaluation public policies in the last decades.Keywords: university; academic-scientific field; educational research; evaluation. Resumen: El artículo discute cómo los investigadores construyen la legitimidad científica en el campo de la educación en Brasil. Estrategias y disputas componen la dinámica y permiten analizar la obtención de capital científico puro y político. La metodología incluyó el análisis de currículos y muestra que, ante la búsqueda por productividad y legitimidad, entre 2005 y 2014, hubo cambio en la composición del capital académico-científico de los actores, probablemente inducido por las políticas públicas de evaluación.Palabras-clave: universidad; campo académico-científico; investigación en educación; evaluación.
Resumo: Este artigo discute a estratificação educacional de nível médio e superior. O estudo das estratificações educacionais permite visualizar segmentações sociais e educacionais no interior do sistema. A expansão educacional ocorrida no país em período recente chama atenção pela persistência de limites vinculados a profundas desigualdades sociais. O estudo apresenta dados estatísticos secundários sobre educação média e superior e discute categorias que expressam a estratificação horizontal no interior de cada nível. Os resultados mostram que há variação da estratificação educacional nos dois níveis e que o financiamento público ou privado, o tipo institucional e os tipos de cursos permitem verificar traços da realidade educacional brasileira que tendem a reproduzir as desigualdades históricas encadeadas.
Este ensaio apresenta perspectivas para a incorporação do conceito de student engagement no repertório teórico dos estudos sobre educação superior no Brasil. Discutindo as raízes do termo, propõe que seja traduzido como engajamento estudantil, em referência à tradição dos estudos latino-americanos sobre o estudante universitário e seus movimentos políticos. Revisa a literatura da corrente norte-americana e europeia sobre o student engagement, bem como as obras seminais latino-americanas que tratam do “estudante engajado” desde a Reforma de Córdoba. Apresenta as ideias de participação e inovação pedagógica como possíveis caminhos de desenvolvimento conceitual e prático do conceito de engajamento estudantil. Explora as relações entre essas noções e a realidade brasileira. Ressalta a formação política para a participação cidadã como componente fundamental do engajamento estudantil, considerando que a constituição do estudante como sujeito político é decisiva para o futuro da educação superior.
Este artigo investiga como se constitui a legitimidade científica dos pesquisadores na área de educação no Brasil. A metodologia se compôs de estudos quantitativos sobre os currículos de pesquisadores de referência e de análise qualitativa de entrevistas. Os resultados mostram que, frente aos apelos à produtividade, os docentes organizam-se em redes de produção de conhecimento para além das redes de colaboração para coautorias. O estudo apresenta características do campo científico expressas na área da educação por meio de três casos representativos que mostram como o prestígio e a legitimidade nessa área podem ser alcançados por diferentes combinações de capital científico e político.
RESUMO Este artigo explora quais fatores contribuem para a socialização acadêmica entre um grupo de possíveis componentes desse processo. A questão se coloca no contexto de ampliação e diversificação do público estudantil nas universidades públicas brasileiras para além de grupos sociais detentores de elevado capital cultural. Para analisar a socialização acadêmica de estudantes universitários, elaborou-se uma escala abrangendo itens relativos a: atividades acadêmicas priorizadas na experiência estudantil; valoração de aprendizados; e dificuldades expressas pelos estudantes. Também foram analisadas variáveis de contexto. Trata-se de um estudo exploratório, de abordagem quantitativa com análises descritivas, examinando comparações de média e correlações. Os dados analisados foram obtidos de 1.185 respostas a um survey aplicado no ano de 2021 entre estudantes de graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os resultados indicam socialização acadêmica mais intensa entre estudantes que participaram de programas acadêmicos extracurriculares. Convergindo com a literatura sociológica recente, há casos de alta socialização acadêmica relacionados a indicadores tradicionais de composição do capital cultural. Porém, verificou-se que outras experiências formativas disponíveis a estudantes de origens sociais menos favorecidas também repercutem em maior intensidade na socialização acadêmica, como é o caso de programas extracurriculares de iniciação à pesquisa, à extensão e à docência. A interpretação dos dados sugere que o investimento institucional em tais programas e no diálogo com formas variadas de capital cultural desenvolvidas pelos estudantes pode produzir um maior aproveitamento da experiência universitária.
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