A etnografia, ao ser apropriada por pesquisadores/as da Educação Física, apresenta-se como um potente caminho para a produção de conhecimento e insere-se em uma agenda de discussão sobre modos e possibilidades com que pode ser realizada. O objetivo desse estudo foi refletir sobre nossas experiências em realizar etnografias, em especial sobre as mudanças nesse fazer a partir da aproximação com os Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia. Considerando quatro pesquisas etnográficas, cujos objetos estavam ligados ao esporte praticado por mulheres (voleibol e futsal), ao talento esportivo e à ciência da Educação Física, apresentamos um relato que evidencia o que se ‘ganhou’ (ou ‘perdeu’) quando modificamos as formas de olhar, ouvir, fazer, escrever e analisar nas pesquisas etnográficas.
Este trabalho traz elementos para discussões sobre o lazer (enquanto lócus e objeto) que emergem de uma etnografia com um grupo de mulheres. O objetivo foi compreender como uma equipe se sustentava e se mantinha engajada à Liga Máster Feminina de Voleibol de Porto Alegre/RS. Inicialmente, discutimos sobre a noção de tempo e uma lógica de obrigações que colocam o lazer em oposição a outras dimensões do cotidiano. Após, debatemos sobre “atitudes” que assumem adjetivações ligadas à seriedade. Percebemos que as negociações cotidianas borravam fronteiras entre dimensões e, além disso, colocavam aquele lazer como um espaço/tempo “levado a sério”
Este estudo teve como objetivo realizar a tradução e a adaptação transcultural do Inventário de Lazer Sério – SLIM (Serious Leisure Inventory and Measure) e investigar evidências iniciais de validade de construto (confiabilidade e estrutura interna). Participaram 361 universitários (63% de mulheres), com idades entre 18 e 26 anos. A análise fatorial confirmatória indicou adequação do modelo de 18 fatores, com índices de ajuste apresentando valores próximos aos do artigo original [χ2/gl = 1,95; CFI = 0,90; TLI = 0,89; RMSEA = 0,05 (0,04-0,05); SRMR = 0,05]. Os índices de confiabilidade desses fatores variaram entre a 0,73 e 0,94. Conclui-se que o SLIM-Brasil possui evidências de validade satisfatórias para sua aplicação em jovens brasileiros. Com este instrumento à disposição em língua portuguesa, é importante realizar estudos na perspectiva do lazer sério em outras faixas etárias.
Este relato tem como fio condutor uma experiência docente na disciplina de Basquetebol do curso de Licenciatura em Educação Física da UFRGS. O desenvolvimento do Plano de Ensino esteve centrado em produzir uma experiência com a modalidade que considerasse seus aspectos estruturais, as perspectivas de ensino e os debates sobre a heterogeneidade do esporte. Com desse mote, a disciplina foi dividida em quatro blocos: o primeiro estava relacionado à estruturação de uma modalidade esportiva; o segundo se referia às experiências táticas e técnicas conduzidas por diferentes perspectivas de ensino; o terceiro bloco considerava a verticalização das análises sobre metodologias; por fim, experimentamos a sistematização de processos de ensino-aprendizagem do basquetebol. A disciplina esteve centrada em produzir processos reflexivos sobre os conteúdos e, principalmente, sobre os significados de cada escolha docente, buscando deslocar o ensino do basquetebol de uma concepção fragmentada da Educação Física.
Atualmente, diálogos, inquietações e a elaboração de estratégias para um melhor envelhecer fazem parte das preocupações sociais. Este estudo tem como objetivo olhar para o passado procurando entrelaçá-lo a questões contemporâneas da formação da paisagem da cidade, particularmente sobre o lazer, em conjunto a determinadas mudanças na compreensão do envelhecer e de espaços destinados a idosos. A partir de uma abordagem qualitativa, utilizamos fotografias do município de Santa Maria/RS para a realização das entrevistas, nas quais contamos com a presença de 5 homens e 5 mulheres pertencentes a grupos de convivência para a terceira idade. Através das histórias contadas, protagonizadas por pessoas que se encontram com mais de 60 anos, evidencia-se um olhar positivado sobre o envelhecer na cidade, atravessado pela formação de grupos de convivência para idosos, sendo esses significados como espaço/tempo de lazer.
Este trabalho, numa perspectiva antropológica, coloca em questão a produção de ações de arbitragem de futebol num circuito de lazer urbano. Operando com conceitos da Teoria Ator-Rede e entendendo que a ação de ‘apitar um jogo’ (e suas incertezas) envolvem associações de elementos heterogêneos, buscamos investigar como os árbitros ‘levam o jogo até o final’ na experiência do lazer varzeano, num circuito da cidade de Porto Alegre. Com base em dados de diários de campo produzidos numa etnografia multilocalizada caracterizada pela circulação, seguindo os árbitros em ação, desenvolvemos dois cursos de associações, um deles colocando os árbitros como intermediários e o outro como mediadores. Concluímos que ‘levar o jogo até o final’ envolve performatizar justaposições e deslizamentos entre esses dois cursos. As incertezas dizem sobre esses deslizamentos necessários e sobre o trabalho dos árbitros no lazer.
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