Resumo: Este artigo discute a mercantilização da vida íntima, isto é, o cuidado de pessoas idosas em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) realizado por cuidadoras, em troca de um salário, no Brasil. O estudo, baseado em etnografias, observação participante, entrevistas com cuidadoras, pessoas idosas e dirigentes de ILPIs do Distrito Federal, focou no trabalho das cuidadoras abordado em seus dinâmicas internas, ou seja, nas interações com as pessoas idosas e na sociabilidade das mulheres, tradicionalmente construída nas famí-lias. Analisa o habitus feminino de cuidado, enquanto disposições afetivas (emoções e sentimentos) e morais adquiridas pelas mulheres nas famílias e recriadas nas interações entre as cuidadoras e os idosos, observando as suas especificidades nas instituições asilares. O estudo apontou que a imposição de uma ordem do trabalho de cuidado taylorizada nas instituições estudadas instrumentaliza as atividades das mulheres cuidadoras, limitando a realização do cuidado adequado, que não se resume na competência técnica da cuidadora, mas exige um complemento de afetividade e moralidade.
Resumo: O objetivo deste artigo é discutir as práticas/cursos de ação de mulheres usuárias do transporte público para lidar com situações de assédio sexual durante viagens de ônibus, aqui entendidos pela mobilização do dispositivo de evitação: uma competência socioespacial comum às passageiras dos ônibus, resultado de suas experiências passadas e correntes. Nós mostramos como, por meio desses, as passageiras dão continuidade à rotina em um cenário marcado pela vulnerabilidade e vitimização de mulheres. Dessa forma, a discussão é feita com base em uma pesquisa realizada na cidade do Rio de Janeiro.
Resumo: Este texto discute o tema do trabalho das cuidadoras de idosos que têm seus serviços agenciados por uma empresa de cuidado, com base num estudo de caso no centro da cidade do Rio de Janeiro. O trabalho dessas mulheres é analisado a partir da tensão entre duas lógicas: uma que prevê o cuidado plasmado por valores associados à reciprocidade e solidariedade, tidos como femininos, e outra marcada pela necessidade de profissionalização e de controle dos sentimentos. Os resultados da pesquisa sugerem que as duas lógicas - a da reciprocidade e a do mercado - competem na produção de demandas morais e emocionais do trabalho de cuidado, e que algumas cuidadoras operam estratégias de distanciamento do modelo familiar do cuidado de modo a valorizar seu próprio trabalho.
As contribuições feministas nos estudos do trabalho têm sido centrais para analisar o trabalho das mulheres e para alargar e complexificar os próprios modos de compreensão do que é trabalho. A noção de divisão sexual do trabalho já deixa clara a necessidade de compreender o trabalho remunerado e o não remunerado enquanto dimensões inter-relacionadas do trabalho social (Sorj, 2000). Pois como argumenta Bruschini (2007), é na articulação entre o mercado de trabalho, o mundo doméstico e as relações sociais de gênero que o trabalho das mulheres pode ser compreendido.A noção de divisão sexual do trabalho e suas implicações teórico-analíticas são particularmente úteis para pensar questões como as desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho, segregação ocupacional, cuidado e trabalho doméstico, migração, precariedade e subemprego. Esses e outros temas são desenvolvidos tendo como pano de fundo as discussões sobre divisão sexual do trabalho e por meio da elaboração de quadros interpretativos do trabalho das mulheres, na coletânea Gênero e trabalho no Brasil e na França: perspectivas interseccionais, organizada por
O objetivo deste artigo é analisar como o Estado, o mercado e os movimentos políticos de trabalhadoras domésticas e cuidadoras têm concretizado estratégias para marcar as possíveis liminaridades e fronteiras entre essas duas ocupações. Para isso, analisamos a Lei Complementar nº 150/2015, que amplia direitos trabalhistas às trabalhadoras domésticas, e o Projeto de Lei da Câmara 11/16, que propõe regulamentar a profissão de cuidadora. No âmbito do mercado, consideramos o discurso dos empregadores sobre cuidado e trabalho doméstico e a crescente utilização do Microempreendor Individual (MEI) para contratação. Por último, examinamos entrevistas com representantes dos movimentos políticos organizados do setor. A análise revela que os conflitos em jogo estão relacionados com as concepções de “valor” e “reconhecimento” nos três campos, refletindo as desigualdades e a precariedade que marcam esse setor de atividade.
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