Resumo: Este artigo discute a mercantilização da vida íntima, isto é, o cuidado de pessoas idosas em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) realizado por cuidadoras, em troca de um salário, no Brasil. O estudo, baseado em etnografias, observação participante, entrevistas com cuidadoras, pessoas idosas e dirigentes de ILPIs do Distrito Federal, focou no trabalho das cuidadoras abordado em seus dinâmicas internas, ou seja, nas interações com as pessoas idosas e na sociabilidade das mulheres, tradicionalmente construída nas famí-lias. Analisa o habitus feminino de cuidado, enquanto disposições afetivas (emoções e sentimentos) e morais adquiridas pelas mulheres nas famílias e recriadas nas interações entre as cuidadoras e os idosos, observando as suas especificidades nas instituições asilares. O estudo apontou que a imposição de uma ordem do trabalho de cuidado taylorizada nas instituições estudadas instrumentaliza as atividades das mulheres cuidadoras, limitando a realização do cuidado adequado, que não se resume na competência técnica da cuidadora, mas exige um complemento de afetividade e moralidade.
Resumo No Brasil, a maior parte das pesquisas sobre o cuidado de pessoas idosas provém de áreas como geriatria, gerontologia, enfermagem e saúde pública. Este artigo objetiva propor um conceito sociológico para analisar o trabalho de cuidado de mulheres idosas residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs). A construção desse conceito resultou da experiência em pesquisa sobre o trabalho de cuidado de pessoas idosas em ILPIs do Distrito Federal e de Goiás. Essa experiência possibilitou a elaboração de um conceito situacional e multidimensional do trabalho de cuidado, considerado uma técnica do corpo recriada por cuidadoras em Instituições Totais e que comporta as dimensões afetiva, cognitiva, moral e de poder.
Este artigo analisa o problema da produção do controle e da ordem em prisões brasileiras, utilizando as perspectivas histórica e sociológica, e levanta a hipóteses de que, no Brasil, convivem duas modalidades de construção da ordem e do controle nas prisões. Uma delas, minoritária, baseia-se na prerrogativa do Estado na gestão do dia a dia prisional. A outra é relativa à negociação da pacificação do presídio entre o Estado e as lideranças dos presos. Embora, no primeiro caso, a prerrogativa do Estado possa ser vinculada às condições institucionais adequadas e, no segundo (negociação entre o estado e as lideranças dos presos) às condições precárias dos presídios, como superlotação, número reduzido de agentes penitenciários, entre outros, a análise apontou que ambas as modalidades traduzem formas de relacionamentos e interações sociais historicamente produzidas entre o Estado e a sociedade, que remetem à fundação da República, recriadas através do habitus dos atores sociais, não se restringindo exclusivamente ao espaço social das prisões.
O artigo relata uma pesquisa sobre afetividades e violências no trabalho penitenciário. O processo de construção do problema, as conjecturas e as análises aconteceram em campo. O método consistiu na observação de pistas que obrigavam ao esforço empírico, à associação com conhecimentos acumulados e à reflexão sociológica. O resultado foi a construção de um modelo de analise do trabalho penitenciário que considera dimensões micro e macro políticas associadas.
O artigo discute as relações entre o Estado e a sociedade, analisando a gestão das prisões no estado do Ceará. Essas relações são abordadas em perspectiva histórico-cultural, sociológica e política. Discute duas formas de gestão prisional que se sucedem no tempo: a negociação do monopólio da violência do Estado com as facções e a afirmação desse monopólio pelo enfrentamento a esses grupos. As práticas presentes nas modalidades de gestão são caudatárias de habitus de relacionamento entre o Estado e a sociedade produzidos pelo déficit histórico de cidadania. O texto está fundamentado na análise qualitativa dos dados adquiridos a partir de entrevistas e observação participante, análises bibliográfica, de vídeos, de matérias jornalísticas, de documentos e dados oficiais e não oficiais. A afirmação do monopólio da violência do Estado nas prisões é uma delicada operação política que inicia com estratégias intervencionistas de enfrentamento às facções criminais e de disciplinamento das prisões. E que continua com reformas como a burocratização do trabalho e o cumprimento de regulações oficiais e não oficiais. A política apresenta resultados controversos para os presos e para os policiais penais, como as denúncias de torturas dos presos e de adoecimento psíquico desses profissionais. De um outro lado, a negociação da gestão prisional entre o Estado e as facções fortalece a essas últimas e sela o destino no crime dos jovens negros e pobres.
Este artigo analisa o problema da produção do controle e da ordem em prisões brasileiras, utilizando as perspectivas histórica e sociológica, e levanta a hipóteses de que, no Brasil, convivem duas modalidades de construção da ordem e do controle nas prisões. Uma delas, minoritária, baseia-se na prerrogativa do Estado na gestão do dia a dia prisional. A outra é relativa à negociação da pacificação do presídio entre o Estado e as lideranças dos presos. Embora, no primeiro caso, a prerrogativa do Estado possa ser vinculada às condições institucionais adequadas e, no segundo (negociação entre o estado e as lideranças dos presos) às condições precárias dos presídios, como superlotação, número reduzido de agentes penitenciários, entre outros, a análise apontou que ambas as modalidades traduzem formas de relacionamentos e interações sociais historicamente produzidas entre o Estado e a sociedade, que remetem à fundação da República, recriadas através do habitus dos atores sociais, não se restringindo exclusivamente ao espaço social das prisões. PALAVRAS-CHAVE: prisões, Estado, agentes penitenciários, controle, ordem.STATE AND CONTROL IN THE PRISON SYSTEM Analía Soria Batista This paper analyzes the problem of the order and control production in Brazilian prisons, using the historical and sociological perspectives, and brings the hypotheses that, in Brazil, two modalities of construction of order and control in the prisons happen together. One of them, minoritary, is based on the State’s prerogative of daily prisional administration. The other regards the negotiation of the prison pacification between the State and the prisoners’ leaderships. Although, in the first case, the prerogative of the State can be linked to the appropriate institutional conditions and, in the second (negotiation between the State and the prisoners’ leaderships) to such precarious conditions of the prisons, as overcrowding, reduced number of penitentiary agents, the analysis pointed out that both modalities translate forms of relationships and social interactions historically produced among the State and society, that go to the foundation of the Republic, recreated through the social actors’ habitus, not limiting exclusively to the social space of the prisons. KEYWORDS: prisons, State, penitentiary agents, control, order.ETAT ET CONTROLE DANS LES PRISONS Analía Soria Batista Ce travail analyse le problème de la production du contrôle et de l’ordre dans les prisons brésiliennes en tenant compte des perspectives historique et sociologique et soulève l’hypothèse selon laquelle, au Brésil, il y a deux manières de construire l’ordre et le contrôle dans les prisons. L’une d’elles, minoritaire, est basée sur la prérogative de l’Etat pour la gestion quotidienne des prisons. L’autre est relative à la négociation de la pacification de la prison entre l’Etat et les leaders des prisonniers. Même si, dans le premier cas, la prérogative de l’Etat peut être liée aux conditions institutionnelles adéquates et, dans le deuxième cas (négociation entre l’état et les leaders des prisonniers), aux conditions précaires des prisons - telles que la surpopulation, le nombre réduit d’agents pénitentiaires, entre autres -, l’analyse montre que les deux modalités sont le reflet des formes de relations et d’interactions sociales historiquement produites entre l’Etat et la société qui remontent à la fondation de la République et qui sont recréées par l’intermédiaire de l’habitus des acteurs sociaux mais qui ne se limitent pas exclusivement à l’espace social des prisons. MOTS-CLÉS: prisons, Etat, agents pénitentiaires, contrôle, ordre. Publicação Online do Caderno CRH no Scielo: http://www.scielo.br/ccrh Publicação Online do Caderno CRH: http://www.cadernocrh.ufba.br
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