RESUMO O presente artigo focaliza a gênese de produções proto-opositivas infantis, definidas como movimentos corporais, gestuais e vocalizações infantis interpretadas como oposições a comandos, vontades e ações. Assume-se, como proposto em Leitão (2010; LEITÃO; FERREIRA, 2006), que tais produções constituam antecedentes remotos da contraposição e da resposta à oposição, vistas como constituintes centrais da argumentação. Fundamentando-se em referências que inserem a gênese da ação e cognição humanas no âmbito das relações dialogicamente constituídas (BAKHTIN; VOLOCHINOV, 2009; VYGOTSKY, 1998, 2001; WERTSCH, 1978), este estudo analisa registros videográficos produzidos com duas crianças, entre a quarta semana e os seis meses de vida, em interação com adultos, em contexto doméstico. Com base em análises micro e macrogenéticas desses registros (GRANOTT; PARZIALE, 2002), três momentos foram identificados no processo de desenvolvimento de produções proto-opositivas: atribuição de sentido opositivo ao choro; construção de produções infantis como ‘recusa’ e, por fim, interpretação da ação infantil como contraposição complexa. Neste último, que implica um deslocamento do lugar discursivo atribuído à criança (LEITÃO, 2012), esta passa a ser vista não só como oponente de ações iniciadas pelo adulto, mas, também, como proponente de novas ações.
Resumo Aborda-se neste estudo a emergência de self dialógico com o objetivo de discutir o desenvolvimento infantil em situações de confecção de desenhos. Apresenta-se uma análise, fundamentada em pressupostos de Vigotski, Bakhtin e Hermans, de processos emergentes quando crianças entre um e três anos de idade produziram desenhos e falaram sobre eles. O método utilizado foi o estudo de casos com a análise de situações de interação videografadas. Esta análise foi apresentada como uma construção narrativa das pesquisadoras. Através desta narrativa, defi niram-se, como resultados, dois aspectos relativos aos usos de linguagem que sustentam a emergência do self dialógico no desenho infantil: a regulação entre fala e ação e a produção de sentidos na experiência de alteridade. Palavras-chave: Self dialógico , desenho infantil, fala.
O presente trabalho volta-se ao desenvolvimento da negação a partir do estudo de registros longitudinais da fala de uma criança brasileira em seu segundo ano de vida, em comparação a registros realizados com uma criança francesa durante o mesmo período. Para tanto, foram analisadas as produções infantis interpretadas pelos adultos como protestos, oposições e negações. Pesquisas sobre as produções infantis sublinham como bebês de apenas nove meses de idade são capazes de produzir características rítmicas e entonacionais de sua língua materna (KONOPCZYNSKI, 1990; 1991). No presente estudo, as características prosódicas das primeiras negações infantis são analisadas, com o objetivo de observar quais elementos prosódicos de sua língua estão presentes nestes primeiros enunciados. A partir desta linha de investigação, analisam-se registros videográficos realizados em contexto natural e cotidiano de interação entre a criança e seus pais . Os vídeos foram analisados a partir dos programas PHON e PRAAT. Observou-se o alinhamento entre os movimentos do contorno de Fº e a estrutura sintática das negações infantis, mais especificamente os marcadores de negação. Como conclusão, destaca-se o papel da prosódia no desenvolvimento da negação e na estruturação dos primeiros enunciados negativos.
Réflexions sur la multimodalité dans le développement de la négation : étude de cas d'un enfant brésilien et d'un enfant français Reflections on multimodality in the development of negation: a case study of a Brazilian child and a French child
RESUMO No presente estudo de casos, discutimos a produção de sentidos carregados com elementos prosódicos no começo da vida. Alinhamos essa discussão com observações de Bakhtin acerca de características da enunciação. Com esse alinhamento investimos em explicações sobre o status linguístico da prosódia nos diálogos entre adulto e bebês em situação de aquisição de linguagem. Os dados foram registros videográficos da interação de duas díades adulto-criança, uma francesa e uma brasileira, durante atividades cotidianas1. Nas análises, comparamos variações da curva entonacional dos enunciados dos adultos com vocalizações dos bebês. Nos resultados discutimos como essas variações refletiram exercícios de posições axiológicas, discutidas no âmbito da apropriação enunciativa. Concluímos que os aspectos prosódicos são recursos principais para enunciação no começo da vida e vinculam as práticas com a linguagem ao desenvolvimento humano.
RESUMO: O trabalho é um estudo longitudinal de duas crianças, uma brasileira e uma francesa, e focaliza o desenvolvimento das expressões de negação na fala das duas. Objetiva mostrar que, no início, nas instâncias a que chamamos de “protonegações”, marcadas por gesto e vocalização, são indissociáveis e assumem sentido na interpretação do outro. As funções das primeiras partículas negativas produzidas pela criança foram construídas a partir do sistema de classificação sóciopragmática das negações desenvolvido por Beaupoil-Hourdel (2013). As seguintes categorias são consideradas: rejeição/recusa; expectativas insatisfeitas; ausência/desaparição; proibição/comando; oposição/correção; rogativa negativa; negação epistêmica; negação funcional. Os resultados mostram que a rejeição/recusa é a primeira função a emergir na fala de ambas as crianças, ao passo que a ausência/desaparição é mais tardia. A complexificação progressiva das negações produzidas pelas duas crianças podem depender da inclusão de pronomes pessoais em seus enunciados, bem como da introdução de variações nas partículas negativas utilizadas. Por outro lado, ações e vocalizações infantis auxiliam na delimitação de um todo significativo, mesmo com um léxico bastante restrito.
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