A gestão ordinária dos pequenos negócios: outro olhar sobre a gestão em estudos organizacionais Neste artigo, o objetivo é apresentar a gestão ordinária, que foge aos parâmetros gerencialistas ao focar o cotidiano do homem comum que administra negócios ordinários, os empreendimentos familiares, com suas relações sociais estabelecidas, sua forma de organizar seus negócios, suas estratégias de sobrevivência, seus usos e sentidos dos espaços -de negócio e de família -e a rede de relações tecidas por eles. Neste texto, questiona-se a perspectiva da administração como única, baseada em um conhecimento tido como puro ou neutro (restrito ao racional), absoluto e universal (excludente de outros saberes concorrentes) e que triunfou política e economicamente por meio das tecnologias de gestão. Em contrapartida a esse posicionamento, defende-se que se devem levar em consideração os fatores históricos, sociais, culturais e identitários que diferenciam os sujeitos e na prática cotidiana pluralizam a gestão. Portanto, há outras abordagens capazes de contribuir para o avanço do conhecimento científico na área de estudos organizacionais, sendo a gestão ordinária uma dessas abordagens.
Este artigo estuda as violências simbólicas e interpessoais, vivenciadas na sociedade e no trabalho, dirigidas a lésbicas, travestis e transexuais. Contudo, para cumprir seu intento, foi preciso analisar as violências vivenciadas pelos sujeitos da pesquisa em seu contexto social mais amplo, envolvendo aspectos familiares, dentre outros, ampliando-se também a análise para além do trabalho formal. Foram entrevistados sessenta e cinco sujeitos, utilizando-se também a técnica de diário de campo para produção de dados. A análise foi realizada por meio da técnica de Análise Crítica do Discurso (ACD), utilizando-se Fairclough (1992, 1995) como principal referência para análise. Conclui-se que os entrevistados sofrem diversas formas de violência simbólica, fruto das dominações simbólicas que se instauram de forma particular em cada um dos grupos estudados. As violências interpessoais vivenciadas no trabalho têm relações estreitas com as formas de violências simbólicas relacionadas a cada grupo, e ocorrem com maior intensidade contra os travestis, pois estão mais propensos e sujeitos a sofrerem violência interpessoal por meio de agressões físicas, fato que coloca em risco a integridade física e a vida dos travestis.
O presente artigo tem por objetivo contribuir para o entendimento do conceito de gestão ordinária (Carrieri, Perdigão & Aguiar, 2014), por meio do estudo de uma pequena organização familiar, a Cafeteria Will Coffee. A gestão ordinária não é apresentada como um ‘modelo’ alternativo de gestão, tão pouco como um método formal de pesquisa, mas como uma crítica aos modelos e postulados gerenciais dominantes, que buscam simplificar a realidade complexa do ambiente sócio-organizacional. Ao tomar como caso de estudo uma cafeteria aberta em um bairro operário de Contagem (MG), cujas peculiaridades tornaram sua história pública, noticiada em diversos veículos da mídia jornalística e especializada, busca-se evidenciar e ressaltar aspectos rotineiramente silenciados, desprezados, ou apagados das complexas narrativas que não cabem nos modelos habituais, como a espontaneidade, o não planejamento e a improvisação. Conclui-se que a gestão ordinária colabora com a área de Estudos Organizacionais ao possibilitar a recuperação de outras experiências de gestão, dando voz aos ‘sujeitos’ comuns e se interessando por suas histórias, discursos, e práticas, recuperando o direito de eles serem vistos como gestores e produtores de conhecimento.
Este trabalho volta-se a apreender as estratégias organizacionais do Grupo Corpo, companhia de balé, com sede em Belo Horizonte, Minas Gerais. Partiu-se da premissa de que as estratégias estão configuradas nas práticas cotidianas de gestão da organização. A fim de atender ao objetivo proposto, utilizaram-se, como perguntas orientadoras, questões que são consideradas recursivas nesse campo: (a) Que é estratégia? (b) Quem é o estrategista? (c) Que fazem os estrategistas? (d) Que é que pode explicar uma análise dos estrategistas e suas ações? Como suporte metodológico à consecução do objetivo da pesquisa, foi realizada uma etnografia. Combinado a esta, adotou-se o procedimento de Grounded Theory, para desenvolver a proposta de conceituar estratégia de forma substantiva. Foi também realizada a análise situacional (Clarke, 2005). No final do trabalho, foi observada a construção de três mundos organizacionais identificados no Grupo Corpo: o mundo do Grupo de Balé, o mundo do Corpo Cidadão e o mundo da Escola de Dança. Foram também identificadas as práticas e as relações construídas entre estas e os sujeitos que efetivamente as implantam na organização estudada. Assim, foi montado um esquema relacional entre as práticas encontradas e os atores individuais e coletivos. Com base na análise do esquema relacional foi construído um conceito de estratégia para o Grupo Corpo.
Resumo Este artigo tem como objetivo apresentar como são construídos os discursos sobre a identidade social de circenses e fazer uma reflexão sobre o que tais discursos buscam legitimar e produzir em termos de verdade para os atores sociais estudados. Tem como base uma pesquisa de campo com circenses entrevistados em 31 circos itinerantes. Baseamo-nos em Woodward (2005) e Souza e Carrieri (2012) para efetuar a análise da identidade como resultado, ato de criação linguística, produto cultural e social; e em Foucault (1969; 1975; 1976; 1984a; 1984b; 2003; 2004; 2010) no entendimento das identidades como produtos das relações de poder. Adotamos a perspectiva da apreensão das identidades individuais e coletivas nas práticas discursivas, por meio do reconhecimento de padrões de práticas enunciativas comuns aos indivíduos, de Souza e Carrieri (2012). Metodologicamente, trabalhamos com a Análise Crítica do Discurso (ACD) (FAIRCLOUGH, 1992). Dois grandes percursos semânticos foram identificados: o da origem circense e o da tradição, explicitando o desejo do circense de se diferenciar do outro por meio de elementos genealógicos, como “sangue de serragem” e, também, do modo de existência, como em “água de lona”. Reconhecer o cotidiano dos circos e os enunciados discursivos que se ressignificam constantemente, permite apreender essas organizações que têm se reproduzido no tempo e no espaço da contemporaneidade.
Este artigo apresenta uma reflexão teórica sobre assédio moral. Mais especificamente, trata-se de uma análise acerca da violência simbólica sofrida pelo trabalhador homossexual, buscando delimitar o contexto social e de produção de subjetividade no qual ocorre tal violência. Os homossexuais, assim como diversas outras minorias sociais, têm sido alvo de violência simbólica nas organizações laborais brasileiras. Este artigo tem sua origem em um projeto de pesquisa acerca de assédio moral sobre trabalhadores masculinos homossexuais em algumas das principais capitais do Brasil e representa uma reflexão final acerca da possibilidade de ir além do conceito de assédio moral, aprofundando o conceito de violência simbólica e introduzindo a violência no espaço social e de produção de subjetividade contemporâneos.
This paper aims to examine the everyday management of traveling circuses in Brazil by looking for the practices and strategies that allow them to survive over time. To this end, it relies on theories about the management of everyday life developed by De Certeau. The discourses of individuals working at small, medium and large circuses is analysed to reveal their routine strategies and tactics. This analysis reveals the complexities and contradictions involved in the management of such organizations, while debating the strategies and tactics developed within them, as well as the everyday process of creation-invention. Circuses are practiced organizations like any other and, as such, they are part of the local social-historical reality, reconstructing themselves every day.
RESUMO O objetivo deste artigo foi compreender como a improvisação realizada pelos artistas circenses se insere no cotidiano da gestão do circo e do espetáculo. Sob a perspectiva qualitativa de investigação aplicada na análise de multicasos, os dados foram produzidos mediante observações assistemáticas no cotidiano de 31 circos itinerantes localizados na região sudeste do Brasil e de entrevistas semiestruturadas com 116 artistas circenses, e a análise de dados foi feita por meio da análise de narrativas. As improvisações aparecem tanto na condução do espetáculo como dentro deste. Elas estão vinculadas ao poder de afetar ou não o público que assiste às peças e de preencher um vácuo na condução da performance circense, que cria condições para possíveis enredos. O espetáculo se metamorfisa, então, em várias possiblidades: encurtando, empurrando, apressando, picotando. Agenciamentos esses que possibilitam maliciosamente a improvisação de ocorrer, desenhando outros espetáculos.
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