O modelo de abate bovino industrial nas sociedades contempor�neas possui uma forma de organiza��o in�dita. Os aspectos t�cnicos e econ�micos, e a concep��o acerca da rela��o entre humanos e animais foram transformados. O m�todo de abate deixou de ser artesanal e se tornou mecanizado e massivo. Desde os anos 1950, esse comportamento por parte dos agentes econ�micos tem recebido contesta��es de cientistas e movimentos pol�ticos em favor dos animais. A den�ncia feita � a de que a transforma��o dos animais em �mera mat�ria-prima�, e o �isolamento f�sico e moral� do processo de abate produziram uma �insensibilidade� e �invisibilidade� que contribu�ram para que os animais fossem tratados de forma �cruel� e �violenta�. Em vista disso, esse trabalho discutir� como a rede produ��o da carne, organizada por uma l�gica econ�mica e utilitarista � pressionada a incorporar uma dimens�o afetiva de �cuidado� e �respeito� aos animais, por meio das normatiza��es em torno do abate humanit�rio e bem-estar animal. A partir de uma discuss�o te�rica e de dados recolhidos durante trabalho de campo em uma cidade Nordeste, com funcion�rios e ex-funcion�rios do frigor�fico JBS, discutiremos como os agentes econ�micos incorporam tais normatiza��es em sua l�gica racionalizada e pautada pelo primor t�cnico e econ�mico.
Atualmente observamos no Brasil as ações dos chamados defensores dos direitos dos animais, que lutam para que humanos e animais sejam igualmente considerados sujeitos de direitos. A partir da ação política dos defensores dos animais, podemos problematizar outras formas de expressão de mundo, inserindo essa discussão nos temas de pesquisa da antropologia sobre a relação entre humanos e animais. O objetivo desse artigo é levar a sério os defensores dos animais e refletir sobre como constroem os fundamentos para a emergência desse novo animal, detentor de direitos e não objeto passível das ações humanos. Para a realização dessa discussão, foi utilizada consulta bibliográfica, entrevista, trabalho de campo em congressos realizados por esses agentes, bem como no grupo de estudo levado a frente pelos defensores na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi possível observar que os defensores identificam nos animais competências que são compartilhadas com os humanos. E por meio delas reafirmam outro entendimento ontológico dos animais, que não repousa na separação radical da natureza humana.Palavras chave: Política multiespécie. Virada ontológica. Antropologia. Sociologia da moral."Who" or "what" are the animals? A study on how animal defenders (re)define its natureAbstractCurrently we observed in Brazil the actions of so-called defenders of animal rights, claiming that humans and animals are also considered as subjects of rights. From the political action of animal defenders, we can discuss other forms of expression world, entering the discussion on research topics of Anthropology on the relationship between humans and animals. The aim of this article is to take seriously the animal advocates and reflect on how to build the foundations for the emergence of this new animal, subject of rights and not amoral object. For the purposes of discussion, I used bibliographical research, interview, field work in congresses held by these agents, as well as in the study group directed by advocates at the Federal University of Rio de Janeiro. It was observed that defenders identify animals competencies that are shared with humans. And reaffirm through them another ontological understanding of animals, which does not rest on the radical separation of human nature.Keywords: Multispecies politics. Ontological turn. Anthropology. Sociology of moral.
As transformações da bovinocultura de corte são analisadas pelas Ciências Sociais com o objetivo de compreender como se formam novas relações sociecônomicas a partir dos esforços modernizadores do setor, e ao mesmo tempo de que maneira as relações ditas tradicionais são impactadas, inclusive no que diz respeito às relações entre humanos e animais. Em diálogo com esse debate, será refletido como são constituídos os pressupostos que orientam a busca pela modernização da bovinocultura de corte, e de que maneira articulam e desarticulam práticas e relações entre humanos, gado e o ambiente. Para tanto, foi utilizado publicações de pesquisadores e agentes do Estado, a quem chamei de “agentes da modernização”. A partir da análise qualitativa desses trabalhos foi possível compreender como os impulsos modernizadores desiquilibram os sistemas de interação humanos e animais na medida em que a instauração da condição de eficácia como valor absoluto pressupõe a renúncia dos padrões tidos como ineficientes.
Vegetarianismo ético e posições carnívoras: questões além do sabor e dos nutrientes Introdução A partir do interesse antropológico sobre a comida e o ato de comer, compreendemos que a ação para a satisfação da fome não deve ser explicada apenas levando em consideração seus aspectos naturais ou biológicos. Do mesmo modo que não pode ser explicada por critérios puramente objetivos. A comida e o ato de comer possuem implicações sociais na medida em que compreendemos que não apenas ingerimos alimentos, mas atribuímos a eles um valor simbólico, como bem já enunciou Levi-Strauss em sua célebre frase: "As espécies naturais não escolhidas por serem 'boas para comer' mas por serem 'boas para pensar '" (1975, p. 172). As motivações das escolhas e dos hábitos alimentares são complexas, pois combinam diferentes dimensões, como por exemplo, a biológica e a cultural, a função nutricional e a função simbólica, a individual e coletiva e, por fim, a psicológica e a social (FISCHLER, 1988). Nesse caso, a discussão antropológica sobre o tema aqui discutido pressupõe que sejamos capazes de compreender a presença de uma razão cultural em nossos hábitos alimentares.Conforme essa perspectiva, Rui Sérgio Sereni Murrieta esclarece então que "seria difícil pensar em outro aspecto da vida humana mais profundamente conectado com a sobrevivência básica e, ao mesmo tempo, com elementos social e simbolicamente construídos que a alimentação" (2001, p. 40). Nossas atitudes em relação à comida, ou, em outros termos, o que classificamos como alimento e o que escolhemos comer, são ações que normalmente aprendemos bem cedo. Como afirma Sidney Mintz (2001), essa aprendizagem ocorre a partir da influência de adultos a quem estamos ligados afetivamente, e por conseguinte, desenvolvemos um comportamento duradouro no que diz respeito à alimentação.
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