OBJETIVO: Analisar parte da produção de conhecimento da área dos Distúrbios da Comunicação. MÉTODOS: Análise dos artigos publicados nos periódicos: Revista de Distúrbios da Comunicação; Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia; Revista Fonoatual e Revista Pró-fono, no período de 2000 a 2005. Variáveis examinadas: temática, faixa etária do público alvo, tipo de intervenção e contexto institucional. RESULTADOS: Foram publicados 724 artigos. A temática mais pesquisada, de forma isolada ou combinada, foi Linguagem Oral (282), seguida de Audiologia (232), Motricidade Oral (91) e Voz (62). A faixa etária mais estudada foi de três a dez anos (145). A atuação de diagnosticar e/ou avaliar foi a mais relatada (547), em contexto clínico (542), escolar (63) e hospitalar (32). CONCLUSÃO: Esses números refletem o aumento das publicações desses periódicos. Há necessidade de uma distribuição mais equilibrada das temáticas, faixas etárias, tipos de intervenções e contextos institucionais nas produções da área. Novos estudos em torno da produção do conhecimento devem ser realizados visando o registro histórico do que tem sido pesquisado e a definição de ações e campos estratégicos para o implemento da pesquisa na área.
Com o objetivo de debater a problemática que envolve a inclusão do aluno surdo no ensino regular, esse estudo se propõe a analisar aspectos envolvidos em tal problemática a partir da visão de um grupo de professores. Para tanto, foi aplicado questionário junto a 36 professores inseridos na Rede Pública do Ensino Fundamental e Médio do Estado do Paraná. A análise dos dados evidencia que as principais dificuldades citadas ora relacionam-se aos próprios professores - à falta de conhecimento acerca da surdez, à dificuldade de interação com o surdo, ao desconhecimento de LIBRAS -, ora aos sujeitos surdos - a própria surdez e a dificuldade de compreensão que tais sujeitos apresentam na ótica dos professores. Cabe ressaltar que os professores, sujeitos dessa pesquisa, não relacionam as suas dificuldades para ensinar com as dificuldades de seus alunos para aprender, como se o desconhecimento dos professores acerca da surdez, por exemplo, não tivesse implicações diretas na aprendizagem dos surdos. Conclui-se que a inclusão de surdos no ensino regular significa mais do que apenas criar vagas e proporcionar recursos materiais, é necessário que a escola e a sociedade sejam inclusivas, assegurando igualdade de oportunidades a todos os alunos e contando com professores capacitados e compromissados com a educação de todos.
TEMA: a Fonoaudiologia vem utilizando os recursos da Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) para proporcionar maior autonomia a pessoas com limitações significativas da linguagem oral. Seu uso vem lentamente se expandindo no Brasil, mas ainda não constitui prática de amplo conhecimento na área da Fonoaudiologia. OBJETIVO: analisar a produção do conhecimento acerca da CSA publicada em periódicos especializados da área da Fonoaudiologia, no período entre 1997 e 2005. CONCLUSÃO: chega-se à conclusão que um panorama mais completo da produção científica em CSA se faz necessário com uma futura análise da produção do conhecimento acerca da CSA em outras áreas que desenvolvem estudos sobre essa temática, como na Pedagogia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Psicologia, dentre outras.
INTRODUÇÃO: a interação social e o acesso à educação e à saúde dependem de processos interlocutivos que se efetivam a partir das diferentes modalidades de linguagem. Nesse sentido, as condições de leitura e de escrita, vivenciadas pelos sujeitos, assumem papel decisivo em seus processos de envelhecimento, sobretudo ao ser considerado o fato de a sociedade atual pautar-se em atividades que envolvem diferentes níveis de letramento. OBJETIVO: este estudo objetiva analisar as condições de letramento de um grupo de pessoas com idade mínima de 60 anos frequentadores da Unidade de Saúde da Praça Ouvidor Pardinho, em Curitiba, PR. METODOLOGIA: Para analisar tais condições, foram aplicados um questionário e um teste de leitura contendo textos de gêneros diversos a um grupo de sujeitos idosos, frequentadores de uma Unidade Básica de Saúde, situada na cidade de Curitiba, Paraná. O questionário abrange idade, nível de escolarização, profissão, bem como práticas e situações de leitura e escrita. No teste de leitura, os sujeitos foram convocados a localizar informações explícitas nos textos e realizar inferências. RESULTADOS: Os resultados obtidos revelam um acesso restrito da população idosa à linguagem escrita, pois apesar de os sujeitos da pesquisa afirmarem que costumam ler livros, revistas e jornais, foi possível verificar que a maioria não consegue extrair informações apresentadas em textos simples que circulam corriqueiramente no cotidiano social. CONCLUSÃO: Convém ressaltar que o cumprimento do Estatuto do Idoso brasileiro depende da implementação de políticas públicas capazes de garantir a promoção de práticas de letramento junto a pessoas em processo de envelhecimento, uma vez que sem o desenvolvimento dessas práticas não é possível contar com princípios de equidade social que possibilitem ao idoso efetivar sua cidadania.
RESUMO: objetivamos com essa pesquisa apresentar aspectos que caracterizam as condições de letramento de surdos estudantes universitários, investigando o desempenho desses surdos em atividades de leitura e de escrita. Participaram dessa pesquisa vinte surdos Universitários. Para coleta de dados foram utilizados dois instrumentos: um questionário com questões abertas e fechadas a partir do qual foram coletadas informações sobre as práticas de leitura e de escrita vivenciadas cotidianamente pelos sujeitos da pesquisa e seis textos formulados em diferentes gêneros textuais, os quais os sujeitos deveriam ler e formular respostas acerca de seus conteúdos Percebe-se por meio da análise que as condições de letramento de cada sujeito têm uma correlação direta com as práticas de linguagem vivenciadas em seus contextos de vida. Conclusões: no contexto da surdez, ainda contamos com leitores e escritores que apresentam grande dificuldade no processo de interpretação e produção textual de gêneros secundários. Esse estudo aponta, assim, a importância de um trabalho de letramento desde a escola fundamental até a universidade que envolva práticas nos mais diversos tipos de gêneros.
RESUMO: partindo do pressuposto de que ao considerar a língua de sinais como a primeira língua do surdo é possível perceber sua inserção no mundo letrado, esse trabalho objetiva analisar produções escritas de um sujeito surdo em momento inicial de apropriação da escrita. Para tanto, concebendo a linguagem como atividade dialógica, como trabalho social e histórico, constitutivo dos sujeitos e da língua, foram analisados cinco textos produzidos, entre os anos de 1998 e 2002, por um sujeito surdo, reconhecido pela inicial R, em conjunto com a sua fonoaudióloga. Cabe esclarecer que tal profissional, proficiente em língua de sinais, atuou como interlocutora e intérprete, priorizando a natureza interativa da linguagem e interferindo nas produções escritas quando solicitada. Durante os anos trabalhados com R, observou-se que ele passou a refletir sobre seus textos e mudou sua postura perante a escrita. O fato de R e a fonoaudióloga compartilharem a língua de sinais permitiu que ele dividisse suas histórias e experiências, levando-os a registrá-las a partir da língua escrita. Deste modo, R passou a fazer uso da escrita com alternâncias e justaposições entre as duas línguas envolvidas: a língua portuguesa e a língua de sinais. A escrita tornou-se, assim, uma possibilidade a mais de manifestação da singularidade de R, que passou a reconstruir a história de sua relação com a linguagem. PALAVRAS-CHAVE:surdez; linguagem escrita; língua brasileira de sinais; educação especial.ABSTRACT: considering sign language as deaf peoples' first language, it is possible to conceive of the insertion of the deaf into the written world. This work aims to analyze the written productions of a deaf child during his initiation into literacy. We view language as a dialogic activity, as social and historic production, that enables constitution of individuals and their language. Five written texts produced between 1998 and 2002 were analyzed. These were produced by a deaf subject, R, together with his speech and language therapist. It is important to clarify that this professional was fluent in sign language, and she acted as an interpreter and interlocutor, emphasizing language as interaction and interfering in written productions when requested. During the years she worked with R, it was seen that he started to reflect upon his written production and that his attitudes towards writing changed. The fact that R and his speech and language therapist shared sign language allowed him to talk about his life and experiences; this material was then taken down as written language. Thus, R started to use written language with crossovers and juxtapositions of the two languages he used: Portuguese and sign language. Writting became an added possibility that could reveal his uniqueness as an individual, enabling him to rebuild the history of his relations to language.
OBJETIVO: verificar hábitos prejudiciais à voz referidos por crianças disfônicas e por seus respectivos pais e mães e compará-los com dados obtidos de um grupo controle, constituído por crianças sem alterações vocais e seus respectivos pais e mães. MÉTODO: investigou-se 28 crianças disfônicas, com idade entre 6 e 12 anos e seus pais (Grupo de Estudo - GE) e 22 crianças sem alterações vocais, com a mesma faixa etária, e seus respectivos pais (Grupo Controle - GC). As vozes foram classificadas em "alteradas" e "não alteradas" por meio de análise perceptivo-auditiva com amostra da fala espontânea.Todos responderam a um questionário sobre fatores prejudiciais à voz. Para análise dos resultados foram aplicados os testes de comparação de duas proporções (p<0,05). RESULTADOS: verificou-se que as crianças do GE apresentaram significantemente mais os hábitos: falar com esforço, falar sem descansar e imitar vozes. Os pais do GE relataram significantemente mais hábitos de: pigarrear, gritar, falar junto com os outros, além de viver em ambiente de fumantes. As mães do GE apresentaram significantemente mais hábitos de: falar com esforço, falar em ambiente ruidoso e falar muito rápido. Viver em ambiente familiar ruidoso foi significantemente mais relatado por crianças, pais e mães do GE quando comparados aos do GC. CONCLUSÃO: independentemente de fatores que possam justificar a disfonia, crianças disfônicas e seus pais e mães relataram maior ocorrência de hábitos prejudiciais à voz e viver em ambiente familiar ruidoso do que crianças sem alterações vocais e seus respectivos pais e mães.
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