O número de mulheres com título de doutorado vem crescendo de maneira constante ao longo das últimas décadas no Brasil, tendo chegado a 51,5% do total de doutores titulados em 2008 (CGEE, 2010:101). A proporção de professoras no ensino superior também cresceu, chegando a 55% do total de docentes em (Inep, 2011. Trata-se de uma mudança social significativa, principalmente em se tratando de um país onde, à semelhança de outros, trabalhadores do sexo masculino são tradicionalmente maioria nos postos mais prestigiosos e mais bem remunerados do mercado de trabalho (Bruschini, 2007; Bruschini e Puppin, 2004). Importa, por isso, verificar o alcance e as implicações da ampliação da presença feminina nas carreiras cientí-ficas e no ensino superior. Particularmente, interessa examinar se a maior igualdade de acesso ao doutorado e o aumento do número de professoras terão se traduzido numa maior igualdade de acesso às mais altas posições da carreira docente no ensino superior, incluindo aí as posições de chefia e/ou a participação em colegiados superiores.Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que examinou essa questão por meio do estudo da carreira acadêmica em uma universidade pública brasileira, a Universidade Estadual de Campinas http://dx
Quais os efeitos da expansão de vagas e das ações afirmativas sobre a inclusão social nas universidades públicas? Ao analisar as características sociais dos estudantes que ingressaram em quatro universidades paulistas - USP, Unicamp, Unifesp, UFABC - no ano de 2012, esse artigo mostra que elas receberam um número significativo de jovens oriundos de famílias com menor renda e sem diploma de ensino superior. O formato institucional da expansão fez com que esses jovens continuassem a ser dirigidos para os cursos menos prestigiados, impulsionando forte segmentação interna. A UFABC é exceção. Ela recebeu um número maior de estudantes oriundos de famílias de renda mais alta, mas sem diplomas de ensino superior e parece ter adiado a segmentação social com a adoção dos Bacharelados Integrados.
RESUMO:O artigo discute os resultados de uma pesquisa que procurou focalizar os processos pelos quais adolescentes de diferentes grupos sociais constroem disposições quanto ao futuro em relação à escola e ao trabalho. A partir de entrevistas com 14 jovens e suas famílias foi possível mostrar que as disposições quanto ao futuro são tributárias, por um lado, do sentido da trajetória social do grupo familiar (ascendente ou descendente) e, por outro, da estrutura dos patrimônios, material e simbólico, de que dispõem essas famílias, gerando, ao final, um ajustamento claro entre disposições e chances de torná-las realidade. Essa congruência só é ameaçada pelo veredito escolar que pode impor percepções diferentes de futuro daquelas construídas na relação com a família. As implicações desses resultados são discutidas ao final.Palavras-chave: Jovens. Disposições quanto ao futuro. Desigualdades sociais.* Esse artigo apresenta resultados das pesquisas das autoras apoiadas pelo CNPq.
Exploring the concept of segmentation, this article demonstrates how the expansion of the Argentinian and Brazilian school systems has been associated to processes of school differentiation that have contributed to the production and reproduction of educational inequalities. Based on the analysis of historical statistics on literacy and school enrollment as well as of documents that register the school transformations since the end of the 1800s, the article shows, first, that in both school systems, segmentation processes were and are based on the separation between public and private education rather than on differentiation of public schools curriculum. It shows also that while this type of segmentation is quite recent in Argentina, it is an old feature of the Brazilian school system. Finally, the article documents a progressive convergence between the two systems, as the private schools still offer a reserved space for the schooling of the Brazilian privileged groups and has increasingly played this role in Argentina in the last decades. KeywordsSegmentation of school systems -Private and public educationEducational inequalities.
ResumoO grau em que movimentos sociais podem se desenvolver associados a partidos políticos é uma questão relevante para a democracia participativa. Este artigo examina os efeitos ambíguos da aliança estabelecida entre jovens artistas e políticos profissionais numa grande cidade do interior paulista, no início dos anos 2000. O artigo explora uma abordagem interacionista da militância, percebendo-a como atividade social dinâmica e sublinhando sua dimensão temporal. Apoiando-se em entrevistas, o artigo mostra como a relação estabelecida entre jovens e um partido político contribuiu efetivamente para a construção do movimento hip hop da cidade. Progressivamente, no entanto, o crescente engajamento com as atividades partidárias dificultou uma maior dedicação à carreira artística por parte dos jovens, fazendo aumentar sua dependência com relação aos benefícios distribuídos pelo partido e, consequentemente, gerando disputas entre eles. Ocorrendo no período em que ingressavam na vida adulta, o processo culminou com a dissolução do grupo. Ao mostrar como essas relações se desenvolveram, o artigo revela as possibilidades e limites associados à interdependência entre movimentos sociais e partidos políticos, principalmente nos casos em que tais partidos assumem o governo. PALAVRAS-CHAVE I. Introdução 1A análise da trajetória do grupo de jovens rappers negros que fundou o movimento hip hop na cidade de Campinas, nos anos de 1990 e início dos anos 2000, oferece elementos para compreendermos os obstáculos encontrados por ativistas para constituir uma força política durável. Foi esse grupo que liderou a criação de uma associação de rappers e, posteriormente, a aglutinação de outros segmentos do hip hop em torno de projetos comuns na esfera artística e política.A partir de uma abordagem indutiva, inspirada numa perspectiva processual do ativismo, o artigo problematiza o final dessa história, isto é, a fase em que o grupo se desmobiliza, reunindo elementos que permitem compreender as forças que levaram ao processo de desengajamento dos jovens do movimento hip hop e, particularmente, do ativismo em torno das políticas culturais do município, desenvolvido até ali por meio da associação a um partido político.Segundo Fillieule (2001) a partir da tradição interacionista, principalmente aquela associada a Hughes (1958) e Becker (1963, essa abordagem permite pensar o ativismo como uma atividade social e dinâmica, inscrita no tempo, como uma carreira (Becker & Strauss 1956). Assim, para ser compreendida, é necessário adotar uma perspectiva longitudinal que permita tornar inteligível tanto a sucessão das fases quanto as mudanças de comportamento e de perspectiva vivenciada pelos indivíduos. Isso é o que torna possível identificar os mecanismos associados às transformações vivenciadas por eles, bem como a pluralidade de universos em que os próprios ativistas estão inscritos 2 .
Como se cria uma associação militante? Que elementos e/ou processos são necessários para que indivíduos ajam como um grupo para criar uma organização destinada a atuar no espaço político? Esta questão foi discutida numa pesquisa que focalizou um grupo de jovens rappers negros que fundou uma associação no final dos anos 1990 em Campinas, SP. Por meio de longas, repetidas entrevistas e observações de alguns dos seus encontros e práticas, mostramos que a associação foi o resultado de um processo de aprendizagem por que passaram os jovens, ao longo de um contato estreito com políticos profissionais mais velhos e mais experientes. Nesse processo eles aprenderam como um movimento de protesto deveria se articular para influenciar o governo. Aprenderam também certas técnicas de mobilização que lhes permitiram ser respeitados e construir apoios em outros segmentos de ativismo partidário e sindical. As ações da associação deram concretude e visibilidade à idéia de que havia um "movimento hip hop" na cidade. Em 2001, ao final de uma longa negociação, seus membros obtiveram o apoio da prefeitura municipal da cidade, assumida pelo PT, para a criação da Casa do Hip Hop de Campinas, onde eles foram empregados para desenvolver atividades artísticas e políticas.
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