Este artigo apresenta resultados de pesquisa cujo objetivo geral foi explorar a hipótese do efeito de território sobre as oportunidades educacionais. Seus objetivos específicos consistiram em apreender se e como desigualdades nos níveis de vulnerabilidade social da vizinhança da escola impactam a oferta educacional que ali se realiza e, por meio dela, o desempenho dos estudantes. A investigação conjugou procedimentos metodológicos de natureza quantitativa e qualitativa, tendo como campo uma subprefeitura da região leste do município de São Paulo. A análise dos dados mostra que, quanto maiores os níveis de vulnerabilidade social do entorno do estabelecimento de ensino, mais limitada tende a ser a qualidade das oportunidades educacionais por ele oferecidas. Mostra também que o efeito negativo do território vulnerável sobre a escola se exerce por meio de cinco mecanismos articulados: isolamento da escola no território; reduzida oferta de matrícula de educação infantil; concentração e segregação de sua população escolar em estabelecimentos de ensino nele localizados; posição de desvantagem de suas escolas no quase mercado escolar oculto; e dificuldades, dada essa posição de desvantagem, de apresentarem as condições necessárias para garantir o funcionamento do modelo institucional que orienta a organização escolar.
No quadro dos estudos a respeito das relações de interdependência competitiva entre escolas, este artigo apresenta os resultados de uma investigação de natureza exploratória cujos objetivos foram apreender processos e práticas utilizados por escolas comuns públicas – estaduais e municipais –, localizadas em regiões predominantemente periféricas e no contexto de um modo de regulação que inibe tanto a escolha de estabelecimentos de ensino pelas famílias como processos de seleção pelas escolas. A pesquisa buscou ainda apreender os princípios que orientam esses processos e práticas de seleção. Utilizando o procedimento de bola de neve, este estudo, de natureza qualitativa, entrevistou secretários de estabelecimentos de ensino encarregados de realizar a matrícula. A análise dos dados revelou a existência de dois processos de seleção: (i) o evitamento, concretizado pela negação de cadastro e pela não aceitação de matrículas quando os solicitantes são avaliados como supostas ameaças à disciplina; (2) e a expulsão velada, quando alunos indesejados são convidados a buscarem outro estabelecimento, devido a conflitos e problemas de comportamento. Nos dois casos, o princípio gerador das práticas e processos reside na busca de assegurar um ambiente escolar disciplinado. Os dados indicam que esses preconceitos parecem penalizar sobremaneira famílias com mais baixo nível socioeconômico e cultural e que apresentam disposições mais distantes da cultura escolar.
RESUMO Este artigo tem por objetivo explorar relações entre qualidade do Ensino
Quais os efeitos da expansão de vagas e das ações afirmativas sobre a inclusão social nas universidades públicas? Ao analisar as características sociais dos estudantes que ingressaram em quatro universidades paulistas - USP, Unicamp, Unifesp, UFABC - no ano de 2012, esse artigo mostra que elas receberam um número significativo de jovens oriundos de famílias com menor renda e sem diploma de ensino superior. O formato institucional da expansão fez com que esses jovens continuassem a ser dirigidos para os cursos menos prestigiados, impulsionando forte segmentação interna. A UFABC é exceção. Ela recebeu um número maior de estudantes oriundos de famílias de renda mais alta, mas sem diplomas de ensino superior e parece ter adiado a segmentação social com a adoção dos Bacharelados Integrados.
RESUMO Este artigo trata das desigualdades de aprendizagem entre grupos sociais em metrópoles, abordando o caso do município de São Paulo. Identificamos um padrão na cidade, segundo o qual, pela ordem, têm maior desempenho: meninas brancas, meninas pardas, meninos brancos, meninos pardos, meninas pretas e meninos pretos. Esse padrão perdura no interior dos distritos. A principal variação é que, nos distritos mais desiguais, as desvantagens raciais são fortes, afetando meninas e meninos pretos. Por sua vez, nos distritos mais equitativos, as desvantagens dos meninos pretos persistem, enquanto as meninas pretas têm maior desempenho, aproximando-se dos meninos brancos e pardos.
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa realizada em Teresina/ PI, cujo objetivo foi apreender os mecanismos produtores de desigualdades educacionais no município. Foram identificados quatro mecanismos: a) a separação entre as redes privada e pública; b) as diferenças na oferta educacional das redes públicas estadual e municipal; c) as diferenças nos dois segmentos do ensino fundamental; d) o efeito das desigualdades socioespaciais sobre as oportunidades educacionais. Conclui-se que a diferenciação das redes de ensino, articulada a um sistema de matrículas que induz os pais a disputar entre si vagas em escolas de maior prestígio, cria um quase mercado educacional por meio do qual são produzidas desigualdades escolares. Conclui-se ainda que a concorrência entre as redes engendra mecanismos de interdependência e mútua reprodução.
<p>Este artigo investiga um dos mecanismos pelos quais desigualdades socioespaciais interferem no funcionamento de escolas que se situam em territórios vulneráveis, no caso sobre a alocação de professores em escolas municipais na subprefeitura de São Miguel Paulista (SMP). Para verificar a hipótese de se em São Paulo o padrão de migração dos docentes se dá em direção a escolas de bairros menos vulneráveis e com público de maiores recursos sociais e culturais, analisamos dados dos concursos de remoção de 2006 a 2011 de professores que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental, disponíveis no Diário Oficial da Cidade de São Paulo. Os resultados apontam que as escolas de entorno menos vulnerável e que concentram alunos com maiores recursos atraem professores que ocupam as melhores posições na carreira. As escolas de perfil oposto recebem os docentes com menores classificações nos concursos.</p>
Resumo: Este artigo investiga um dos mecanismos pelos quais desigualdades socioespaciais interferem no funcionamento de escolas que se situam em territórios vulneráveis, no caso sobre a alocação de professores em escolas municipais na subprefeitura de São Miguel Paulista (SMP). Para verificar a hipótese de se em São Paulo o padrão de migração dos docentes se dá em direção a escolas de bairros menos vulneráveis e com público de maiores recursos sociais e culturais, analisamos dados dos concursos de remoção de 2006 a 2011 de professores que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental, disponíveis no Diário Oficial da Cidade de São Paulo. Os resultados apontam que as escolas de entorno menos vulnerável e que concentram alunos com maiores recursos atraem professores que ocupam as melhores posições na carreira. As escolas de perfil oposto recebem os docentes com menores classificações nos concursos. Palavras-chave: Remoção de professores. Vulnerabilidade social. Território. 1 A pesquisa da qual este artigo faz parte contou com financiamento das seguintes instituições:
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