O primeiro, organizado por Fernando Guilherme Tenório, tratou de uma das personalidades mais inquietantes da história da sociologia brasileira, cujo aporte teórico irrigou o campo das Ciências Humanas, das Ciências Sociais Aplicadas e, até mesmo, da Filosofi a. Em "mangas de camisa", em combate à "sociologia enlatada", Guerreiro Ramos trouxe questionamentos ao modus faciendi da prática científi ca nacional, com uma radicalidade poucas vezes antes vista.O segundo, editado por José Antônio Gomes de Pinho e Sandro Cabral, foi inspirador em função dos inumeráveis traços-de-união entre os universos do futebol e da música popular no Brasil. Embora hoje um tanto estereotipados, os elos de futebol e carnaval remontam às origens europeias comuns e, sobretudo, à mesma capacidade de metamorfosear-se em essência nacional, graças à infl uência africana de, acordo com o discurso nativo.Diante desses dois números instigantes, a ideia então, levada ao editor da Revista, sugeria uma espécie de continuidade à refl exão encetada por aquele dossiê de 2009, consagrado ao futebol, e pelo de 2010, dedicado ao sociólogo baiano.O objetivo proposto foi o de reconhecer o carnaval como um megaevento e como um meganegócio contemporâneo, cujo potencial refl exivo cada vez mais demanda à Academia. Isto se evidencia quer seja por sua condição de tradicional evento festivo, cuja feição espetacular se construiu ao longo do século XX, quer seja por seu complexo organizacional, mais e mais intrincado entre as suas partes constitutivas.Esse último elemento pode ser assim considerado por razões internas, próprias do crescimento das agremiações populares carnavalescas no último quartel do século * Doutor