Abstract:OBJECTIVE:To evaluate the differences in the patterns of Brazilian scientifi c production, published in journals that concentrate the largest production from Brazilian postgraduate programs in the area of collective health.
METHODS:Based on the distinction between paradigmatic and nonparadigmatic science proposed by Kuhn, the publication of articles in the main collective health journals, related to the respective sub-areas and number of authors per article, was evaluated in the three-year period between 2004 … Show more
“…Os maiores conflitos se dão em torno dos critérios de classificação dos periódicos e seu índice de impacto, pois é a partir daí que se estabelece uma hierarquia entre periódicos, pesquisadores e programas. No caso da Saúde Coletiva, de caráter multidisciplinar, as várias disciplinas que a compõem têm diferentes tradições de pesquisa, de processos de produção de conhecimento e de padrões de autoria (LUZ, 2005;LOYOLA, 2008;CAMARGO, 2010;COSTA, 2012). A expansão da pós-graduação acirrou a competição por status, espaços editoriais, poder institucional e financiamento, principalmente entre as ciências médicas e a epidemiologia, por um lado, e as ciências sociais e humanas e o planejamento, por outro.…”
O artigo analisa o desenvolvimento da Saúde Coletiva no Brasil como um campo que se estruturou com base em ao menos três princípios similares aos das policy sciences definidas nos Estados Unidos por H. Laswell na década de 1950: multidisciplinaridade, resolução de problemas e normatividade. A partir daí, a ideia de uma ciência aplicada à tomada de decisão para as políticas públicas difundiu-se sob o nome de análise de políticas. Enquanto nos Estados Unidos a normatividade foi vista pelos cientistas políticos como incompatível com a ciência, no Brasil esta convergência esteve na base da institucionalização da Saúde Coletiva como um campo acadêmico interdisciplinar e de intervenção nas políticas de saúde a partir dos anos 70, quando o movimento pela reforma na saúde avançou sustentado em várias frentes, como academia, governo, sindicatos e outros movimentos sociais. Com a consolidação democrática e as mudanças de porte empreendidas no setor saúde, a incorporação de conhecimento científico às decisões em políticas de saúde também ocorreu no Brasil, destacando-se a produção da Saúde Coletiva reunindo ação política e conhecimento. Aborda-se, no desenvolvimento do campo da Saúde Coletiva: por um lado, o apoio do Ministério da Saúde a estudos orientados à política e o da Abrasco, no reconhecimento do caráter multidisciplinar e normativo da Saúde Coletiva. Por outro, na esfera da acreditação acadêmica, as disputas epistêmicas e a competição por recursos financeiros com o predomínio das formas de legitimação baseados nos critérios da biomedicina que vêm colocando em xeque os princípios normativos, multidisciplinares e orientados às políticas que haviam originado o campo.
“…Os maiores conflitos se dão em torno dos critérios de classificação dos periódicos e seu índice de impacto, pois é a partir daí que se estabelece uma hierarquia entre periódicos, pesquisadores e programas. No caso da Saúde Coletiva, de caráter multidisciplinar, as várias disciplinas que a compõem têm diferentes tradições de pesquisa, de processos de produção de conhecimento e de padrões de autoria (LUZ, 2005;LOYOLA, 2008;CAMARGO, 2010;COSTA, 2012). A expansão da pós-graduação acirrou a competição por status, espaços editoriais, poder institucional e financiamento, principalmente entre as ciências médicas e a epidemiologia, por um lado, e as ciências sociais e humanas e o planejamento, por outro.…”
O artigo analisa o desenvolvimento da Saúde Coletiva no Brasil como um campo que se estruturou com base em ao menos três princípios similares aos das policy sciences definidas nos Estados Unidos por H. Laswell na década de 1950: multidisciplinaridade, resolução de problemas e normatividade. A partir daí, a ideia de uma ciência aplicada à tomada de decisão para as políticas públicas difundiu-se sob o nome de análise de políticas. Enquanto nos Estados Unidos a normatividade foi vista pelos cientistas políticos como incompatível com a ciência, no Brasil esta convergência esteve na base da institucionalização da Saúde Coletiva como um campo acadêmico interdisciplinar e de intervenção nas políticas de saúde a partir dos anos 70, quando o movimento pela reforma na saúde avançou sustentado em várias frentes, como academia, governo, sindicatos e outros movimentos sociais. Com a consolidação democrática e as mudanças de porte empreendidas no setor saúde, a incorporação de conhecimento científico às decisões em políticas de saúde também ocorreu no Brasil, destacando-se a produção da Saúde Coletiva reunindo ação política e conhecimento. Aborda-se, no desenvolvimento do campo da Saúde Coletiva: por um lado, o apoio do Ministério da Saúde a estudos orientados à política e o da Abrasco, no reconhecimento do caráter multidisciplinar e normativo da Saúde Coletiva. Por outro, na esfera da acreditação acadêmica, as disputas epistêmicas e a competição por recursos financeiros com o predomínio das formas de legitimação baseados nos critérios da biomedicina que vêm colocando em xeque os princípios normativos, multidisciplinares e orientados às políticas que haviam originado o campo.
“…Na mesma direção, Camargo analisou as diferenças na produção do conhecimento entre a Epidemiologia e as CHSS apoiado na ideia do paradigma de Kuhn. Para esse autor, as Ciências Humanas teriam múltiplos paradigmas, resultando em características estruturais da produção científica distintas daquelas da Epidemiologia, com repercussões na avaliação de pesquisadores e programas de Pós-Graduação 32 . A ênfase nas disputas internas entre disciplinas também foi discutida por Loyola e Iriart mediante a especificidade das subáreas compreendidas como subcampos da Saúde Coletiva no sentido de Bourdieu 33,34 Essas diversas abordagens têm trazido contribuições importantes para a compreensão acerca das dificuldades da integração entre as áreas, objetivo de elevado consenso, defendido e buscado nos planos político e acadêmico.…”
O presente ensaio discute alguns aspectos da integração entre subcampos da Saúde Coletiva, buscando identificar obstáculos e possibilidades a esse respeito. Faz uma breve análise sobre o surgimento e o desenvolvimento dos subcampos na Saúde Coletiva e reúne indicações sobre movimentos voltados para a integração entre as áreas, bem como as suas diversas disputas. Sumariza proposições teóricas e iniciativas práticas voltadas para a interdisciplinaridade, como também desenvolvimentos teórico-conceituais. Apoiado na sociologia de Bourdieu, formula uma hipótese segundo a qual, à semelhança dos demais campos sociais, os subcampos da Saúde Coletiva se constituíram como microcosmos autônomos em que as disputas de fronteiras dominam e têm suas raízes em processos históricos e sociais. Ademais, adicionam-se os obstáculos relacionados com a incorporação do conhecimento especializado e a aquisição de habitus dos subcampos. Este ensaio discute ainda as possibilidades da integração como produto de processos coletivos ao interior da Saúde Coletiva.
“…There is, however, an unquestionable hegemony of epidemiology in educational spaces. This is reflected in the higher number of EPI researchers teaching in graduate programs (Iriart et al, 2015); greater offer of EPI courses in graduate programs (Minayo, 2010;Nunes et al, 2010); greater output of EPI scientific articles (Camargo Junior et al, 2010); the distribution of distinction and prestige symbols to epidemiologists, such as the productivity grants of the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq) (Barata;Goldbaum, 2003); as well as in the expressive participation of epidemiologists in the editor bodies of national scientific journals (Loyola, 2008). In regards to the political sphere, one can also point to the outstanding participation of epidemiologists in agencies for the promotion and regulation of the state's scientific policies, in CNPq's advisory committees, in the field's coordination, and in the evaluation committees of the Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel (Capes) (Loyola, 2008).…”
Section: Introductionmentioning
confidence: 99%
“…In the past two decades, several phenomena have allowed for an undeniable accumulation of scientific capital by actors of the epidemiology subfield. Examples are the primacy of scientific articles over other academic products, the greater appreciation of biomedical journals due to their high bibliometric impacts, the greater connectivity between authors in collaborative networks for the authorship of articles, and the greater appreciation for the internationalization of publications (Camargo Junior et al, 2010;Luz, 2009). This essay's frame of reference lies in PH's scientific component, i.e., the relationships according to which its scientific capital is produced and distributed.…”
Resumo Espaço social de produção de saberes e práticas, a saúde coletiva (SC) é reconhecida por seus estudiosos como um campo, a partir da acepção de Pierre Bourdieu. O campo científico é um microcosmo social dotado de leis próprias, em que se inserem os agentes e as instituições que produzem/reproduzem/difundem a ciência. Este ensaio visa propor, a partir da obra Homo academicus, de Bourdieu, um conjunto de indicadores para uma matriz de análise da distribuição de capitais de prestígio, notoriedade e poder universitário no campo científico da SC brasileira. Adaptamos os indicadores levando em conta os dados disponíveis, de modo a garantir sua viabilidade de aplicação. Utilizamos documentos oficiais que definem critérios de produtividade desejáveis para o desempenho de docentes permanentes de programas de pós-graduação e critérios de elegibilidade para a obtenção de bolsas de produtividade em pesquisa. A matriz apresentada permite um mapeamento da distribuição de capitais entre os diferentes pesquisadores, segundo sua origem disciplinar ou institucional. O exercício analítico sobre o campo da SC a partir da distribuição de capitais políticos, prestígio e notoriedade nos ajuda a conhecer melhor suas dinâmicas de produção de distinção. Empreender esse tipo de análise nos convida, nos dizeres de Bourdieu, a uma “autoanálise coletiva”.
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