Abstract:O estudo teve como objetivo principal investigar as relações entre o trabalho e a saúde de professores do ensino fundamental em escola pública. A metodologia adotada foi de caráter qualitativo e exploratório. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas individuais com cinco professores. Quanto à interpretação dos materiais, utilizou-se a análise de conteúdo, mais especificamente a técnica de análise temática. No que tange aos resultados, confirmou-se a ideia segundo a qual a intensificação e a precarização s… Show more
“…Dessarte, a partir dos conflitos do cotidiano, a docente precisa manejar sua atividade para obter um resultado diante das exigências, do que deseja e do conjunto de possibilidades frente às pressões da organização e às condições precárias de trabalho (Morais et al, 2018). Essa contradição é uma das expressões da intensificação no ofício decorrente da precarização do trabalho docente.…”
Section: A Intensificação Do Trabalho E a Dimensão Impessoal Do Ofíciounclassified
As reformas neoliberais levaram à intensificação do trabalho, dado a exigência de maiores e melhores resultados em contextos laborais com condições insuficientes para realizá-lo. O presente artigo visa compreender, a partir do referencial teórico da Clínica da Atividade, a relação entre intensificação do trabalho docente e gênero profissional. Trata-se de estudo de caso derivado de uma intervenção com seis professoras da Educação Infantil, que utilizou o método de instrução ao sósia. Os registros de áudio produzidos ao longo das instruções ao sósia foram transcritos e submetidos à análise construtivo-interpretativa. O número de alunos por sala, fator inerente à organização do trabalho, era promotor da intensificação, uma vez que exigia mais dos profissionais sem a contrapartida necessária das condições de trabalho. Nesse cenário ocorreu a construção coletiva do que era chamado de “domínio de sala”, norma de proceder não oficializada, relativa às habilidades necessárias à atuação docente para lidar com a intensificação laboral. Houve, assim, a construção de uma cultura profissional que orientava a ação das docentes, de modo a viabilizar a atividade e preservar o poder de agir.
“…Dessarte, a partir dos conflitos do cotidiano, a docente precisa manejar sua atividade para obter um resultado diante das exigências, do que deseja e do conjunto de possibilidades frente às pressões da organização e às condições precárias de trabalho (Morais et al, 2018). Essa contradição é uma das expressões da intensificação no ofício decorrente da precarização do trabalho docente.…”
Section: A Intensificação Do Trabalho E a Dimensão Impessoal Do Ofíciounclassified
As reformas neoliberais levaram à intensificação do trabalho, dado a exigência de maiores e melhores resultados em contextos laborais com condições insuficientes para realizá-lo. O presente artigo visa compreender, a partir do referencial teórico da Clínica da Atividade, a relação entre intensificação do trabalho docente e gênero profissional. Trata-se de estudo de caso derivado de uma intervenção com seis professoras da Educação Infantil, que utilizou o método de instrução ao sósia. Os registros de áudio produzidos ao longo das instruções ao sósia foram transcritos e submetidos à análise construtivo-interpretativa. O número de alunos por sala, fator inerente à organização do trabalho, era promotor da intensificação, uma vez que exigia mais dos profissionais sem a contrapartida necessária das condições de trabalho. Nesse cenário ocorreu a construção coletiva do que era chamado de “domínio de sala”, norma de proceder não oficializada, relativa às habilidades necessárias à atuação docente para lidar com a intensificação laboral. Houve, assim, a construção de uma cultura profissional que orientava a ação das docentes, de modo a viabilizar a atividade e preservar o poder de agir.
“…No que tange à temporalidade da jornada de trabalho, o limite pouco estabelecido entre o tempo dedicado ao trabalho e aquele dedicado às outras esferas da vida converteu-se nesse novo contexto em um limiar ainda mais tênue (Morais, Souza e Santos, 2018;Pizzinga, 2020;Souza et al, 2018). Do ponto de vista do ambiente de trabalho, fazer do próprio ambiente doméstico o local de trabalho, em tempo integral, trouxe consequências pouco exploradas para a saúde dos profissionais da educação que sustentam, por longa data, esse híbrido entre compromissos contratuais e afazeres da vida privada.…”
Section: Introductionunclassified
“…Em termos práticos, este texto é resultado da parceria entre academia e sindicato de professores da rede particular de ensino (SINPRO-Macaé) para realização de pesquisa sobre saúde e trabalho remoto de professores durante período de pandemia e pós-pandemia. No estudo, adotam-se estratégias participativas (remotas) para conhecer e transformar a realidade docente da rede pública e particular de educação no que diz respeito à relação trabalho e saúde (Souza et al, 2018;.…”
Resumo Este ensaio possui como principal objetivo problematizar mudanças ocorridas no trabalho de professoras e professores da rede particular de ensino no contexto de pandemia e sua relação com a saúde. Apresenta novas formas de resistências e organização coletiva, como a greve virtual, do ponto de vista dos próprios docentes que se encontram em atividades de ensino remoto e, também, em exercício de direção sindical. Foi construído de forma compartilhada, entre professore(a)s e pesquisadore(a)s. Fundamenta-se na pedagogia crítica e dialógica freireana, cujos processos valorizam a formação mútua e emancipadora. Dos diálogos empreendidos durante a construção do texto, chegamos a quatro importantes pontos de análise e problematização, a saber: trabalho docente em tempos de isolamento social; mudanças no processo e na organização do trabalho; aspectos geracionais e questões de gênero; saúde docente, resistências e greve virtual. Ao fim, observa-se que o tipo de atividade de ensino, não presencial, por meio de plataformas e outros recursos digitais, se constitui como uma configuração atual do trabalho que se aprofunda no contexto de pandemia e faz uso exacerbado da tecnologia, articulando novos modos de controle, extração de sobretrabalho e do mais-valor social.
O objetivo do estudo foi identificar a prevalência dos afastamentos do trabalho por Transtornos Mentais e Comportamentais Relacionados Ao Trabalho (TMCRT) em professores. Foi utilizado um delineamento transversal das licenças médicas dos professores entre os anos de 2012 a 2016. A população em estudo foram todos os professores de escolas municipais de um município da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS (n=2.181). A amostra foi constituída por 246 licenças de afastamento por motivo de saúde relacionado ao trabalho dentre 116 professores, no período em estudo. A prevalência de TMRC foi de 11% em relação ao número de trabalhadores da educação do município e 8% em relação aos motivos de afastamento em geral. Os resultados evidenciaram maior frequência de transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o “stress” e transtornos somatoformes (52,4%), seguido de transtornos do humor (42,7%). Esses dados indicam que os transtornos mentais em professores constituem uma realidade preocupante que necessita monitoramento constante para o estabelecimento de políticas públicas de promoção da saúde e prevenção de agravos mentais à saúde dos professores.
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