Resumo O objetivo central do artigo consiste em caracterizar e analisar a dimensão socioespacial da divisão sexual do trabalho e seus impactos no cotidiano das mulheres. A literatura acadêmica sobre divisão sexual do trabalho parece não dar a devida atenção à maneira como a segregação urbana impacta na realização dos trabalhos produtivo e reprodutivo pelas mulheres. Valendo-se de revisão bibliográfica e dados empíricos de estudos recentes, o argumento central é que este processo afeta sobretudo as mulheres, e, especialmente, as mulheres negras e periféricas. Busca-se demonstrar que essas mulheres, que via de regra vivem nas áreas periféricas das cidades em decorrência dos processos de segregação urbana, despendem um tempo muito maior do seu cotidiano para a realização de ambos os trabalhos, produtivo e reprodutivo, sobretudo em razão dos deslocamentos que necessitam realizar.