Escola, família e trabalho infantil: subjetividade e práticas disciplinares

Abstract

O trabalho precoce está associado à pobreza e ao modo de produção capitalista que alimenta as desigualdades sociais. O presente estudo tenta considerar outros aspectos que podem estar sustentando a inserção precoce da criança no trabalho como aspectos subjetivos e disciplinares presentes nas falas de mães e professores. Realizamos esse estudo através de grupos focais envolvendo mães e professores de crianças que estudam e trabalham no cultivo das hortas em um bairro da zona rural de Natal-RN. As falas dos participantes foram tratadas segundo a perspectiva das práticas discursivas. Observou-se o quanto a disciplina está imersa nas práticas discursivas dos sujeitos. Apesar de o trabalho ser visto como algo que pode queimar uma etapa da vida ou tirar o tempo de estudar e de brincar da criança é também identificado como algo que pode livrá-las dos perigos da rua tais como vagabundagem, criminalidade e uso de drogas. O trabalho infantil é uma alternativa para a não-permanência das crianças nas ruas. Mesmo inscritas no programa Bolsa-Escola, o trabalho dessas crianças continua sendo uma prática cotidiana, a qual vem sendo reforçada historicamente pelas instituições disciplinadoras e socializadoras como a família e a escola, aqui representadas, respectivamente, pelas mães e pelos professores.Palavras-chave: escola; família; trabalho infantil.

Trabalho infanto-juvenil em artigos acadêmicos de psicólogos: uma interpretação ideológica

“…Quais forneceriam tendo conhecimento sobre o eventual uso desses qualificativos? Mas, é necessário destacar que, apesar de menos presentes, nove artigos mencionam os cuidados éticos adotados (Alberto, Santos, Leite, Lima & Wanderley, 2011;Alves et al, 2001Alves et al, , 2002Cirino & Alberto, 2009;Feitosa & Dimenstein, 2004a, 2004bGuerra, 2002;Oliveira & Francischini, 2003;Stengel et al, 2002).…”

“…Assim como Freitas (2004) e Rosemberg e Freitas (2002) observaram, também se nota uma centralidade da ideia do trabalho infanto-juvenil como parte de um "ciclo vicioso": diversos artigos constroem uma argumentação abolicionista partindo dessa perspectiva (Campos & Alverga, 2001;Campos & Francischini, 2003;Cirino & Alberto, 2009;Cosendey, 2002;Feitosa & Dimenstein, 2004a;Guerra, 2002;Marques, 1998Marques, , 2001Marques, , 2004Sousa, 1999;Sousa & Alberto, 2008). É nesse sentido que podem ser compreendidos os dados relacionados ao prognóstico de vida aventado para crianças e adolescentes trabalhadores: negativo em 75,86% dos artigos.…”

O Trabalho Infantil Em Foco: Algumas Interlocuções a Partir Dos Estudos Em Resiliência

“…De um ponto de vista subjetivo, podemos observar na fala das crianças e adolescentes trabalhadores um forte senso de dignidade relacionado ao sentimento de autossuficiência, autoestima positiva, responsabilidade e contribuição na renda familiar obtidos por meio do trabalho realizado (FEITOSA;DIMENSTEIN, 2004). O trabalho infantil é um fenômeno multivariado, multidimensional e complexo que convida todos os envolvidos (gestores, professores, empregadores, comunidade, famílias, crianças e adolescentes) a olharem para os detalhes das experiências que o rodeia e a imaginarem as múltiplas perspectivas para lidar com suas complexidades, o que, por sua vez, irá levá-los a novos caminhos de ação.…”