Entrevista clínica com crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual

Abstract

O abuso sexual contra crianças e adolescentes é atualmente um problema de saúde pública. A complexidade do fenômeno requer a capacitação dos profissionais que atuam na avaliação e intervenção clínica das vítimas. O presente artigo tem como objetivo fornecer subsídios teóricos e práticos sobre a entrevista clínica com crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual, visando à obtenção do relato sobre a experiência abusiva. Aspectos como as possíveis conseqüências do abuso sexual, o setting da entrevista, a postura dos entrevistadores e as características da revelação pela criança estão apresentadas, bem como um roteiro de entrevista.

Abuso Sexual Na Infância E Suas Repercussões Na Vida Adulta

“…It refers to early sexual experiences, being a behavior indicative of sexual abuse confirmed in expert reports, with a frequency of 42% in children aged seven to 10 years. [15][16] As for pregnancy, it is a frequent result of these situations, and is often the only form of revelation of the abuse, and may result in the abortion or birth of a child, which can later be rejected by the mother. 17 In this research, despite attempts by one of the participants to disclose the abuse, her mother and brother did not attach importance to disclosure, which contributed to prolonged abusive episodes, resulting in pregnancy.…”

“…[14][15][16][17][18] This brings us to the organic solidarity explained by some authors as a kind of solidarity that opposes mechanical solidarity 19 that is based on the order of duty to be, or rather, on compulsion.…”

A suspeita de abuso sexual e o psicanalista

“…É comum que, para além das marcas que o exame físico pode identificar, certas outras marcas também sejam tomadas como efeitos dos quais o abuso sexual sofrido seria a causa. Pode-se ver isso com relação a: desatenção, dificuldades escolares, medo, ansiedade, conduta excessivamente sexualizada, masturbação frequente (Azevedo, 2001;Habigzang, Koller, Stroeher, Hatzenberger, Cunha & Ramos, 2008;Pfeiffer & Salvagni, 2005). No que se refere aos últimos exemplos, é inevitável nos vermos levados de volta a uma teoria da sedução, como a que Freud (1896Freud ( , 1925Freud ( , 1933) cedo abandonou, segundo a qual a sexualidade na infância é necessariamente sintomática de uma iniciação precoce em decorrência de uma situação efetiva de abuso.…”

A revelação de abuso sexual: as medidas adotadas pela rede de apoio

“…Após o processo de avaliação todas as participantes foram encaminhadas para acompanhamento psicológico. Para este estudo a análise da entrevista centrou-se nas questões que investigaram a ação da rede, tais como: se a vítima contou para alguém o que estava acontecendo; para quem contou; se ela sofreu algum tipo de ameaça para não contar sobre o abuso; o que aconteceu depois que revelou a violência sexual; como sua família reagiu e o que fez depois que contou sobre o abuso; se ela foi à delegacia ou ao Conselho Tutelar falar sobre o que ocorreu; o que aconteceu depois de ir a estes lugares; como está a sua vida agora (Habigzang et al, 2008).…”