Ensino de línguas, letramentos e desenvolvimento crítico na escola pública: observações e auto-observações

Abstract

Em primeiro lugar, à Profª Drª Walkyria Monte Mór, por ter me recebido de braços abertos na Universidade de São Paulo. Por toda sua generosidade, humildade, dedicação, atenção, confiança no meu potencial e, sobretudo, por todo o apoio nos momentos difíceis e angustiantes que passamos juntos nesses últimos anos. otimismo, mesmo quando o cansaço e as dificuldades cruzam nossas vidas. Acredito que não é por acaso que a vida coloca algumas pessoas no nosso caminho. Certamente Walkyria foi uma dessas pessoas que apareceram na minha vida com o intuito de acrescentar valores e me fazer crescer como pessoa e como acadêmico. Agradeço por poder fazer parte de sua brilhante carreira e de sua história como seu orientando. Não menos importante, à Profª Drª Cielo Griselda Festino, a qual apareceu num momento crucial da minha vida e que me apresentou os encantos da escrita acadêmica. Pessoa admirável pela sua personalidade, sabedoria e justeza. Às professoras Drª Claudia Hilsdorf Rocha e Drª Suzanna Mizan, pelas significativas contribuições durante a realização desta pesquisa, sobretudo no exame de qualificação. A todos os professores das disciplinas que cursei como aluno desta universidade,

A autoetnografia em pesquisas em Linguística Aplicada: reflexões do sujeito pesquisador/pesquisado

“…A escrita deste artigo surgiu a partir de uma necessidade observada ao longo da realização da minha tese de doutorado (PARDO, 2018), em que foi empregada como metodologia a pesquisa autoetnográfica, viés que transita entre a etnografia e a autobiografia (ELLIS; ADAMS; 2011;ELLIS;BOCHNER, 2000), por meio de observações e autoobservações. Na ocasião da realização da pesquisa, entre os anos de 2013 a 2018, tive muitas dificuldades em encontrar publicações, em especial em língua portuguesa e no Brasil, as quais discutissem esta metodologia, o que me motivou a fazer uma revisão da literatura e refletir criticamente sobre o emprego desta modalidade de pesquisa a fim de auxiliar outros pesquisadores interessados no assunto.…”

Letramentos (auto) críticos no ensino de língua inglesa no ensino médio: uma pesquisa autoetnográfica

“…Recorrer a autoetnografia como viés metodológico pode ser visto como uma escolha que implica na coragem de desvelar a experiência cujo processo não pressupõe fórmula pois, segundo Ono (2017, p. 18) No estudo de Bottura (2019) a autora nos convida a acompanhar sua experiência docente no contexto do ensino de língua portuguesa para imigrantes no Programa de Português Língua de Acolhimento (PLAc). O curso foi ministrado especificamente para mulheres imigrantes refugiadas e em situação de vulnerabilidade.…”

“…Na época (e ainda hoje) ficava me questionando: onde estariam as tais brechas de Duboc (2012) ou os espaços de manobra (wiggle room) que Morgan (2010) sugere? Mais tarde a própria Duboc (2019) me consolou afirmando que alguns espaços com características mais normativas e autoritárias acabam dificultando o agenciamento de professoras/es. A respeito disso discorro na próxima seção sobre a burocratização pedagógica e seus impactos no trabalho docente.…”

“…Para Silva (2019), a lógica do empreendedorismo tem se estabelecido na agenda curricular do EM no contexto nacional. O autor explica que as estratégias de ação nesse sentido criaram o que ele chama de uma gramática curricular alicerçada por três imperativos: investir, inovar e empreender.…”

“…Longe de querer ser vista como modelo docente ou ainda de acreditar que esse pensamento é recorrente também entre as/os estudantes, percebo a necessidade de trazer à tona esse olhar sobre como são percebidos sobre seus papéis no contexto escolar. Me respaldando na concepção de ensino de LI voltada para a educação linguística que, de acordo com Ferraz (2019), não acredita nas relações de ensino e aprendizagem em que o professor ensina e o aluno aprende, mas sim no entrelaçamento entre as questões linguísticas, a formação cidadã e crítica, percebo a urgência de olhar para esses papéis nesse contexto. Ampliando a discussão trago Bauman (2008) que explica qual seria a tarefa da escola diante de ideia "preparar para a vida": "Preparar-se para a vida" -aquela tarefa perene e invariável de toda educação -deve significar, primeiro e sobretudo, cultivar a capacidade de conviver em paz com a incerteza e a ambivalência, com uma variedade de pontos de vista e com a ausência de autoridades confiáveis e infalíveis; deve significar tolerância em relação à diferença e vontade de respeitar o direito de ser diferente; deve significar fortalecer as faculdades críticas e autocríticas e a coragem necessária para assumir a responsabilidade pelas escolhas de cada um e suas consequências; deve significar treinar a capacidade de "mudar os marcos" e de resistir à tentação de fugir da liberdade, pois com a ansiedade da indecisão ela traz também as alegrias do novo e do inexplorado (BAUMAN, 2008, p. 176-177 -grifos do autor) As reflexões pontuadas pelo autor dialogam com as concepções defendidas na educação crítica já que pontos-chave como a multiplicidade de pontos de vista, o respeito à diversidade e a responsabilidade ética diante das escolhas são caros às teorias que informam sobre o LC.…”