Discursos sobre as demandas de saúde mental de jovens cumprindo medida de internação no Rio de Janeiro, Brasil

Abstract

Resumo Este artigo tem como objetivo analisar as concepções discursivas do que é considerado demanda de saúde mental dos adolescentes cumprindo medida de internação nas unidades socioeducativas do Rio de Janeiro. Realizaram-se nove entrevistas com os profissionais de saúde mental do sistema socioeducativo e os resultados foram discutidos com o apoio da análise de discurso crítica de Fairclough. Foram identificados quatro grupos discursivos: o primeiro apresenta intertextualidade com o discurso psiquiátrico, o segundo com a reforma psiquiátrica, o terceiro com o discurso de determinantes sociais e o quarto com discursos institucionais de “mau” comportamento dos jovens. Conclui-se que as concepções são distintas entre os profissionais, mas não há hegemonia de um discurso. Os discursos se atravessam e se conectam especialmente na problematização dos determinantes sociais. Há sobrevalorização dos profissionais de saúde e de assistência enquanto vocalizadores das demandas. Os adolescentes têm poucas chances de expor diretamente suas necessidades e estas aparecem intermediadas pelos técnicos. Identificaram-se conflitos entre as equipes que atuam no fluxo assistencial nas demandas associadas ao “mau comportamento”, pois há encaminhamentos dissociados de questões de saúde mental.

Pet saúde interprofissionalidade: dificuldades apontadas pelas equipes de atenção básica em relação à saúde mental

“…Um ponto importante que foi levantado, diz respeito ao aumento da demanda de crianças e adolescentes na saúde mental, que atinge atualmente de 12 a 24.6%, não sendo, portanto, um fenômeno raro (Ribeiro, Ribeiro & Deslandes, 2019). Percebe-se que a saúde mental infantil tem sido bastante negligenciada, seja pelas políticas públicas como pelos profissionais da área.…”

Estudos de Saúde Mental publicados nos últimos 25 anos na Revista Ciência & Saúde Coletiva

“…The number of publications on Child and Adolescent Mental Health begins to grow in 2010. The theme is approached from a diverse range of aspects, mostly related to violence suffered by children and adolescents 53,[124][125][126][127][128][129] , characterization of young offenders, the conditions of the correctional institutions (MSE) 112,[130][131][132] , Mental Health policies and type of treatment provided by substitute services 33,[133][134][135][136][137] . Studies that highlight the need for suicide prevention stand out from 2000 to 2010.…”

“…Some papers addressed children who suffered sexual violence 129 , while others associated violence, bullying, and psychoactive substance use among adolescents 53 . Young offenders are again addressed, with a low supply of treatment in CAPSad and CAPSi 131 , and the Mental Health demands of this audience 132 . Another theme was how children and adolescents experience psychosocial crises, underscoring the need for CAPSi to provide elaborative spaces 141 .…”

A saúde mental infantojuvenil na atenção básica à saúde: da concepção às perspectivas para o cuidado

“…No que se refere ao cenário da infância e adolescência, os estudos são recentes e têm se debruçado a investigar a concepção de saúde mental infantojuvenil, principalmente pela perspectiva dos profissionais (Lourenço, 2017;Silva et al, 2018;Ribeiro et al, 2019;Lourenço et al, 2020). Silva et al (2018), objetivando compreender a atenção psicossocial de crianças e adolescentes com base em um estudo qualitativo com profissionais de um CAPSij, identificaram que os resultados encontrados dialogam com algumas reflexões de pesquisadores da área e incitam discussões que levam ao avanço da compreensão da saúde mental.…”

“…Em outro cenário, Ribeiro et al (2019) desenvolveram estudo com o objetivo de analisar o que é considerado demanda de saúde mental de adolescentes cumprindo medida de internação nas unidades socioeducativas do Rio de Janeiro. Para tanto, os autores realizaram entrevistas com os profissionais de saúde mental do sistema socioeducativo e identificaram, nos resultados, quatro grupos discursivos interrelacionados, os quais foram separados para melhor compreensão.…”