Abstract:Num diálogo com as teorias normativas contemporâneas, e valendo-se com seus conceitos e idéias, discute-se o problema das desigualdades justas. Apresenta-se a proposição de um igualitarismo complexo (que considera outras dimensões além da igualdade em sentido estrito).
“…Quando pensada como uma teoria normativa, possuindo valores normativos que regem o comportamento e pensamento pertinentes à determinadas esferas da vida social, a meritocracia se torna um construto ainda mais complexo, pois passa a ser multifacetada, sendo fundamentada por princípios igualitaristas que advogam igualdade em três diferentes dimensões: contratualistas, que propõem a igualdade na distribuição de recursos básicos; utilitaristas, os quais pressupõem que as utilidades dos indivíduos devem ser assinalados por pesos iguais; libertarianos, que defendem liberdades iguais (Kerstenetzky, 1999).…”
Section: O Igualitarismo E a Desigualdade Na Meritocraciaunclassified
When assuming the form of norms within a society, meritocracy and egalitarianism may initially appear to bring numerous benefits. However, subtly within this social dynamic, they can normalize inequality and emphasize various mechanisms of prejudice within the social fabric. Given the above, this article aims to measure the adherence of university students to the social norms of meritocracy and egalitarianism through practical, descriptive, and survey-based research. The study employed a sociodemographic questionnaire and a scale of social norms, consisting of adherence to egalitarianism and meritocratic individualism principles. The survey results revealed that university students exhibited moderate to low levels of adherence, with significant differences observed in the variables of gender, age, and income, indicating higher levels of adherence among males, younger individuals, and those with lower income. These findings indicate an ideological bias that is less prevalent in the academic environment but deeply ingrained in the social fabric since the early stages of individual formation. Thus, this highlights the need for critical debates on the denaturalization of this perception of reality, providing new perspectives to individuals in confronting reality and addressing inequalities in their respective contexts.
“…Quando pensada como uma teoria normativa, possuindo valores normativos que regem o comportamento e pensamento pertinentes à determinadas esferas da vida social, a meritocracia se torna um construto ainda mais complexo, pois passa a ser multifacetada, sendo fundamentada por princípios igualitaristas que advogam igualdade em três diferentes dimensões: contratualistas, que propõem a igualdade na distribuição de recursos básicos; utilitaristas, os quais pressupõem que as utilidades dos indivíduos devem ser assinalados por pesos iguais; libertarianos, que defendem liberdades iguais (Kerstenetzky, 1999).…”
Section: O Igualitarismo E a Desigualdade Na Meritocraciaunclassified
When assuming the form of norms within a society, meritocracy and egalitarianism may initially appear to bring numerous benefits. However, subtly within this social dynamic, they can normalize inequality and emphasize various mechanisms of prejudice within the social fabric. Given the above, this article aims to measure the adherence of university students to the social norms of meritocracy and egalitarianism through practical, descriptive, and survey-based research. The study employed a sociodemographic questionnaire and a scale of social norms, consisting of adherence to egalitarianism and meritocratic individualism principles. The survey results revealed that university students exhibited moderate to low levels of adherence, with significant differences observed in the variables of gender, age, and income, indicating higher levels of adherence among males, younger individuals, and those with lower income. These findings indicate an ideological bias that is less prevalent in the academic environment but deeply ingrained in the social fabric since the early stages of individual formation. Thus, this highlights the need for critical debates on the denaturalization of this perception of reality, providing new perspectives to individuals in confronting reality and addressing inequalities in their respective contexts.
“…O princípio utilitarista pode ser reconstruído da seguinte forma: o bem de uma sociedade é a soma da felicidade dos indivíduos nessa sociedade; o propósito da moralidade é a promoção do bem da sociedade; um princípio moral é ideal se e somente se a conformidade universal a ele maximizasse o bem da sociedade; a conformidade universal ao princípio da utilidade, no sentido de agir de modo a maximizar o equilíbrio total de prazeres e dores, maximizaria o bem da sociedade. O bem-estar na visão utilitarista clássica é sinônimo de utilidade 7 (BENTHAM, 2000(BENTHAM, [1789; SCHOFIELD, 2006;WIMLYCKA, 2002;KERSTENETZKY, 1999;CRIMMINS, 2014;DIAS, 2012).…”
Section: Bem-estar a Partir Da Utilidade Benthamitaunclassified
“…Se a tendência ou o equilíbrio se direcionar para o prazer, a ação é considerada moralmente boa; caso contrário, é moralmente má. O bem-estar de uma sociedade é a soma da felicidade dos indivíduos nessa sociedade e o princípio utilitarista é sistema moral em que essa sociedade é baseada (BENTHAM, 2000(BENTHAM, [1789; SCHOFIELD, 2006;KERSTENETZKY, 1999;CRIMMINS, 2014;DIAS, 2012). Sen (1999Sen ( , 2001Sen ( , 2010a critica essa concepção reducionista de bem-estar devido ao seu tratamento quanto às necessidades, os direitos humanos e especialmente o comportamento humano que foi entendido de forma restrita a partir de uma interpretação errônea de Smith.…”
O objetivo deste artigo é fazer uma revisão de literatura a respeito de como o utilitarismo clássico de Jeremy Bentham e o igualitarismo de Amartya Sen compreendem o bem-estar. Bentham, com seu princípio da utilidade, foi um dos grandes influenciadores do que hoje se constitui como a economia do bem-estar predominante que entende bem-estar como função de utilidade e concebe o indivíduo com uma razão calculadora inata. Amartya Sen, crítico desse pensamento e seguindo os ensinamentos de Smith sobre motivação humana, apresenta a abordagem das capacitações com o objetivo de discutir bem-estar e de enfrentar problemas como desigualdades, garantia de direitos e pobrezas.
“…Estes dois quesitos iniciais mostram a pertinência de se recompor as tensões no binômio universalização-focalização, tão em voga nos debates hodiernos sobre a alocação de subsídios em saúde (Ribeiro, 2002;Schütz, 2002). Neste contexto, retomando a análise: 3) A reorientação dos recursos a todos (universalização), mas de forma diferenciada (focalização), permitindo acesso global à saúde, re-presentaria um gigantesco passo em direção à maior paridade e à menor exclusão; uma vez mais a "fórmula" aristotélico-seniana de justa distribuição desigual se mostra como melhor caminho para a maior eqüidade em saúde (Aristóteles, 1985;Berti, 1998;Kerstenetzky, 1999;Lucchese, 2003;Ribeiro, 2002;Schütz, 2002;Sen, 1992). 4) As três delimitações acima acenam para o ideal de justiça, a ser buscado no campo conceitual tecido na interseção Rawls-Sen, na medida em que este último não propõe uma teoria alternativa de justiça em relação a Rawls, mas, sim, uma concepção de justiça distributiva em sentido estrito (Vita, 1999b), incorporando elementos rawlsianos e aristotélicos, elegantemente articulados em uma concepção mais ampla aqui tratada como igualdade complexa.…”
A justiça, como dimensão das práticas em saúde, corresponde a um problema que segue aguardando por melhores equacionamentos. Todo o debate sobre a eqüidade pode ser recuperado desde a Antigüidade grega, colocando-se, entretanto, como extremamente atual em suas aplicações à saúde, desde uma perspectiva em que se procure a coalizão entre igualdade e diferença. Atualizar o impacto das desigualdades no binômio saúde-doença, matizando este horizonte à luz das contribuições do economista indiano Amartya Sen, é o caminho a ser percorrido no presente ensaio.
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