É grande ainda, apesar da abundante literatura acumulada, o desconhecimento quanto aos fatores pré-natais capazes de provocar distúrbios neurológicos. Critérios diversos têm sido usdos para estabelecer correlações determinantes.O critério retrospectivo, que procura reconhecer fatores patogênicos no passado de um grupo selecionado de doentes, é sujeito às maiores críticas pois exclui, por princípio, todos os indivíduos normais que foram submetidos ao mesmo agente patogênico. Quando dizemos que em determinado grupo de crianças encefalopatas asiladas, uma percentagem X teve sífilis no passado, Y teve toxoplasmose, Z teve rubéola ou outra virose, estamos fazendo uma afirmação que pode ser verdadeira, mas não abrange o problema em toda a sua complexidade, pois continuamos sem saber por que motivo uma criança teve seu sistema nervoso atingido, enquanto outra, que foi submetida ao mesmo agente patogênico e na mesma época, não apresentou encefalopatia.Por outro lado, o critério prospectivo, por maiores que sejam seus méri-tos, encontra também obstáculos intransponíveis. Dentro de 10 anos, quando o grande inquérito colaborativo prospectivo norte-americano 36 estiver terminado, poderemos dizer que conhecemos a responsabilidade da toxoplasmose, diagnosticada na gestante, como fator determinante de encefalopatia no produto da gestação? Seguramente não pois não é possível deixar evoluir, sem tratamento, uma doença, para observar o que vai ocorrer no futuro. Da mesma forma este inquérito não fornecerá conhecimentos seguros sobre o futuro neurológico dos recém-nascidos que sofreram asfixia perinatal, pois certo número de recursos terapêuticos está sendo empregado para reduzir os efeitos da anóxia e de acidóse pós-asfíxica. Em que pesem estas limitações, o método de estudo prospectivo é o que tem a possibilidade de fornecer informações mais seguras. É bastante lembrar a quantidade de conhecimentos obtidos com o seguimento prospectivo das gestantes contaminadas por rubéola durante a grande epidemia norte-americana de 1964-65.Os conhecimentos que dispomos sobre os fatores pré-natais causadores de encefalopatías infantis estão se acumulando em alguns campos isolados.