O trabalho de Roberto Schwarz a respeito de Machado de Assis tem algumas fontes principais. Além de desenvolver sua investigação a partir da interpretação de Antonio Candido sobre a literatura brasileira, nutre-se, como revela no Prefácio do seu segundo livro sobre o romancista oitocentista, Um mestre na periferia do capitalismo, de uma tradição contraditória identificada com Lukács, Benjamin, Brecht e Adorno e de uma "interpretação do Brasil" produzida por alguns trabalhos de ciências sociais realizados na Universidade de São Paulo (USP), especialmente por jovens professores e alunos que se reuniram, no final da década de 1950 e início da década de 1960, para estu-Significativamente, a análise do crítico mais jovem sobre Machado começa onde o crítico mais velho terminou seu estudo sobre a formação da literatura brasileira. Estabelecido finalmente um sistema literário no Brasil, com a presença de produtores (escritores), de linguagem e de público (leitores), tornava-se possível aparecer o escritor capaz de internalizar na sua obra as condições da sociedade que a produziu.Já no que se refere às duas outras grandes inf luências de nosso autor, apesar da inspiração marxista comum a ambas, sua principal realização é saber articulá-las. De certa crítica literária marxista deriva principalmente a sugestão de prestar atenção à relação entre "forma literária e processo social".
3O marxismo uspiano inspira, por sua vez, o projeto de entender a particulari-