OS POBRES E O ACESSO AO TRABALHO Entre a ação pública e o interesse privado

Relações entre pobreza e bem estar em comunidades rurais do Brasil

“…Nesse sentido, podemos compreender que a renda possui um caráter transformador nas esferas subjetivas e sociais dos indivíduos, uma vez que possibilita a estes o acesso a serviços diversos. Segundo Guimarães et al (2017), o mercado de trabalho está inserido dentro dos mecanismos de redistribuição social, pois é neste lugar que a maioria das pessoas retiram suas condições de sobrevivência. Assim, acredita-se que o trabalho é uma categoria que possibilita que iniciativas redistributivas sejam sustentadas.…”

O Trabalho de Gari: das Motivações às Expectativas Profissionais

“…Já com os homens ocorre em uma escala um pouco menor. No entanto, os empregos nas áreas de segurança e limpeza ainda têm peso significativo (Diaz & Hola, 2006;Guimarães et al, 2017).…”

“…Sobre o último emprego antes de se tornar gari, as profissões de pedreiro ou ajudante, doméstica e serviços gerais foram as mais citadas, conforme apresentado na Tabela 6, a seguir. A maioria das ocupações anteriores era função que exigia pouca formação educacional, conforme argumentos de Díaz e Hola (2006), Grusky (2008) e Guimarães et al (2017), que reforçam a ideia de que os mais pobres são os mais propensos a realizarem trabalhos de baixo prestígio social, baixa remuneração e baixa qualificação, e que, no caso das mulheres, prevalece o emprego voltado para as áreas de limpeza. Ao serem indagados sobre as expectativas de arrumar outro trabalho em um curto período de tempo, praticamente a metade dos entrevistados respondeu que não pretende mudar de emprego, conforme apresentado na Tabela 7.…”

Distribuição e socialização dos riscos do desemprego no Brasil: Estado, mercado de trabalho e esfera familiar

“…Em certa medida, o "sucesso" da procura por trabalho depende da disponibilidade e das características das redes interpessoais, incluindo aquelas centradas na família. Podemos pensar no papel das relações familiares e de afinidade no acesso a informações e oportunidades (Lin, 2000;Guimarães, 2017); na forma como as atividades produtivas e reprodutivas são divididas nos domicílios, o que permite, para alguns indivíduos, o investimento de tempo e recursos na procura por trabalho (Goldani, 2002;Guiginsky;Wajnman, 2019); na transmissão intergeracional de oportunidades ocupacionais (Xavier;Neves, 2012;Carvalhaes, 2020); e no papel protetivo das famílias durante o desemprego, a partir da circulação informal de bens e serviços (Binns;Mars, 1984;Bendassoli et al, 2015).…”

“…Essa articulação é indispensável para as pesquisas sobre o mercado de trabalho, visto que suas dinâmicas combinam fenômenos históricos e que caracterizam a vida cotidiana 1 . A unificação das dimensões biográfico-subjetiva e normativo-institucional na compreensão do desemprego , um desafio ainda atual, foi operacionalizada por pesquisas sobre a procura por trabalho, a intermediação profissional, a subjetividade dos trabalhadores e as práticas de classificação dos desempregados (Demazière, 2017a;Guimarães et al, 2010;Boland;Griffin, 2015;Guimarães et al, 2017).…”