As teorias e os debates sobre o care, que datam de ao menos trinta anos no mundo anglo-saxônico, em particular nos Estados Unidos (Gilligan, [1982] & Glucksmann, 2008; Glucksmann, 2010). Nossa reflexão procurou esclarecer tendências observadas em outras realidades, igualmente interessantes do ponto de vista analítico, tanto devido às modalidades de construção dos seus regimes de proteção e previdência social, como pelas particularidades dos processos demográficos e econômicos que moldam as estruturas etária e ocupacional das populações desses três países. Para fazê-lo, vamos nos apoiar em literatura secundária e nas estatísticas disponíveis, assim como nos primeiros resultados das pesquisas de campo em andamento, realizadas pelas autoras.Focaremos nossa análise no trabalho do care às pessoas idosas dependentes. Sabemos que elas não são as únicas a necessitar de cuidados
O texto documenta a existência de padrões distintos de desigualdades nos rendimentos auferidos no trabalho entre grupos de sexo e cor, no Brasil, analisando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios para os anos de 1989 e 1999. Argumenta em favor da importância dos demarcadores inscritos no corpo como elementos explicativos importantes, embora não exclusivos, das desigualdades salariais documentadas, procura isolar prováveis indícios de discriminação racial e/ou de gênero, controlando estatisticamente o efeito de outros possíveis determinantes das desigualdades nos rendimentos. Finalmente, reflete sobre os elos entre desigualdade, discriminação e intolerância nos ambientes de trabalho no Brasil.
A reflexão que apresento a seguir resulta do interesse em enfrentar um desafio interpretativo, qual seja, o de entender os elos entre os fenôme-nos do emprego e do desemprego em contextos de intensa flexibilização do trabalho e de reconstrução institucional e normativa dos padrões de proteção ao trabalhador. Desenvolverei a minha argumentação em três direções.Primeira: procurarei rastrear o movimento de re-significação que se opera em torno da noção de "desemprego", perseguindo, com a literatura sociológica recente, a constituição (e legiti-
RESUMOO interesse da sociologia pelos estudos do mercado de trabalho tem variado ao sabor dos desafios postos por distintas conjunturas históricas e dos debates intelectuais nelas travados. Este artigo procura acompanhar como se constituiu a moderna sociologia do mercado de trabalho, apontando as suas interfaces com outros domínios temáticos da sociologia e destacando sua importância para a formação de um pensamento latino-americano sobre a especificidade das nossas sociedades. Os debates da nova sociologia econômica arejaram a agenda e renovaram os instrumentos conceituais da sociologia dos mercados de trabalho, como mostra os resultados de estudo recente sobre o mercado de intermediação de oportunidades ocupacionais em São Paulo.palavras chave: Mercado de trabalho; sociologia econômica; intermediação de empregos; Brasil.abStRact Sociological attention on labor market issues varies among social contexts and intellectual approaches. The article focuses on the emergency of a sociology of labor markets, on its interfaces with other domains, and stresses its importance for the debate during the 1960' s and 70' s on the specificity of Latin American contemporary societies. It argues that the new economic sociology agenda and its conceptual tools have been renewing the sociology of labor markets traditional approach and illustrates this argument with recent research results on the search for job, labor market intermediaries and labor offer-demand match under flexible markets like São Paulo. Tem sido crescente o interesse da sociologia brasileira pelos estudos do mercado de trabalho e das formas e experiências associadas ao desemprego, depois de um longo período de jejum intelectual durante o qual haviam dominado as análises sobre as condições de organização e uso do trabalho no cotidiano das empresas e sobre as formas da ação coletiva sustentada pelos sindicatos.
Care work can be performed under different conditions: at home or outside domestic spaces; as a professional or a compulsory social relation; in paid or unpaid forms. In this article I depart from these multiple realities in order to develop two main points. First, I argue that care work is a rich domain that can be used to review recent debates regarding the process of commodification of goods and services. Second, I seek to illustrate how the controversies surrounding the moral dimension of care work can be of relevance to scholars studying other markets.
As características (formas, duração e seletividade) do desemprego e sua percepção pelos atores são dotadas de diferentes configurações nacionais, em função tanto de dimensões históricas como socioculturais. Neste texto apresentamos, numa perspectiva comparada, resultados relativos à situação de desemprego em dois contextos sociais distintos, representados pelas regiões metropolitanas de São Paulo e Tóquio 1 . Por que comparar situações de desemprego? Em primeiro lugar, porque comparações internacionais em termos de desemprego são raras ou, quando existentes, no mais das vezes, limitam-se a construir séries estatísticas baseadas em cálculos conformes às normas internacionais (OIT ou OCDE). Assim fazendo, qualquer que seja seu grau de sofisticação, não raro tais comparações estão fundadas na idéia de que o desemprego designa a mesma coisa nos diferentes países. Neste trabalho, partimos de um ponto de vista oposto, qual seja, o de que a significação do desemprego varia segundo os espaços nacionais; daí por que convém comparar distintas situações de desemprego.Para bem compará-las, há que ter em conta igualmente quais são os fatores relevantes na determinação de tal variação. Assumiremos, aqui, a necessidade de focalizar quando menos dois desses fatores, por sua importância para o entendimento das formas, duração e seletividade do desemprego. Esses fatores depreendem-se de dois planos: o plano normativo -
R R R R Resumo: esumo: esumo: esumo: esumo: O Brasil se caracteriza por elevados patamares de desigualdades nos rendimentos entre negros e brancos, homens e mulheres. Para analisar com medidas robustas o nível de discriminação prevalecente no mercado de trabalho procuramos, neste texto, controlar os efeitos de atributos individuais (como escolaridade e idade) e de características dos espaços de trabalho (como formalização da relação de trabalho, região geográfica e posição na hierarquia de ocupações). A partir da comparação entre duas bases de microdados da PNAD -Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, relativas aos anos de 1989 e 1999, foi possível avançar três ordens de resultados. Em primeiro lugar, que a discriminação no mercado, no que concerne às mulheres, é ainda mais elevada que aquela medida pelo simples hiato entre os seus rendimentos e aqueles auferidos pelos homens; já com respeito aos trabalhadores/as negros/as, o efeito líquido que poderia ser atribuído à discriminação salarial parece menos elevado, na medida em que outros fatores, por vezes ainda mais importantes, atuam simultaneamente, explicando as significativas diferenças salariais que os separam dos/das trabalhadores/as brancos/as. Em segundo lugar, observamos que a década de 1990 reduz a intensidade com que fatores ligados à discriminação de sexo e cor atuavam sobre tais desigualdades; entretanto, tal redução é ainda de pequena monta e se sustenta nas perdas importantes ocorridas no salário médio dos homens, notadamente brancos. Em terceiro lugar, quando observados ao longo das distintas posições na distribuição de renda, os determinantes da desigualdade variam em sua importância, e os fatores ligados à discriminação de sexo e cor mostram-se os mais decisivos, em especial entre as mulheres e negros que chegam a galgar posições no topo da hierarquia social. P P P P Palavras-CIRO BIDERMAN E NADYA ARAUJO GUIMARÃES 178 Estudos Feministas, Florianópolis, 12(2): 177-200, maio-agosto/2004O Brasil se caracteriza por elevados patamares de desigualdades nos rendimentos entre negros e brancos, homens e mulheres. Entretanto, sabemos que a mera diferença salarial não é uma medida robusta do nível real de discriminação porventura prevalecente no mercado de trabalho. Controlando por atributos individuais (como escolaridade e idade) e por características dos espaços de trabalho (como formalização da relação de trabalho, região geográfica e posição na hierarquia de ocupações) podemos verificar que a discriminação no mercado, no que concerne às mulheres, é ainda mais elevada que aquela medida pelo simples hiato entre os seus rendimentos e aqueles auferidos pelos homens; já com respeito aos trabalhadores negros, o efeito líquido que poderia ser atribuído à discriminação salarial parece menos elevado, na medida em que outros fatores, por vezes ainda mais importantes, atuam simultaneamente, explicando as significativas diferenças salariais que os separam dos trabalhadores brancos. 1 A nossa análise empírica se baseia em uma comparação entre duas bases de m...
Por todos os quadrantes, as estatísticas sobre emprego documentam a história de engajamento crescente das mulheres. Por vezes ele foi especial- mente célere, dado o tempo relativamente curto em que teve lugar. Tal foi o caso do Brasil nos últimos cinquenta anos, quando o movimento de mercantilização do trabalho fez com que parcela majoritá-ria dos indivíduos passasse a recorrer ao mercado e à venda do seu trabalho como forma de encontrar a sobrevivência. Todavia, há que ter em mente que se trata de um movimento que se declina no feminino; ele trouxe em si as marcas notáveis do engajamento das mulheres brasileiras na atividade econômica. Começaremos, na primeira seção do texto, por documentar como transcorreu o processo de mercantilização do trabalho no Brasil nos últimos cinquenta anos, abarcados pelos censos realizados entre 1960 e 2010. Em termos operacionais observaremos, ao longo desses cinco inquéritos censitá-rios, como cresceu a fração daqueles que buscam se engajar no mercado de trabalho (seja como ocupados, seja como desempregados) em contraponto àqueles que são socialmente considerados aptos,
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