RESUMOEste estudo tem como objetivo analisar os modelos de atenção existentes na atenção básica e suas repercussões no processo de trabalho na Estratégia Saúde da Família (ESF). Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada no município de Fortaleza-CE, com catorze sujeitos, dentre eles, trabalhadores da saúde, coordenadores e informantes-chave. Para coleta de dados, utilizou-se entrevista semiestruturada e análise documental, e para análise dos dados, o método de Análise de Conteúdo. Os resultados revelaram a coexistência do modelo biomédico tradicional e da ESF, cujas práticas ainda não correspondem, em sua plenitude, à proposta substitutiva de reorganização do modelo. Diferentemente da percepção dos trabalhadores de saúde, os coordenadores ainda se norteavam por concepções do modelo biomédico tradicional hegemônico, alicerçadas em práticas estritamente assistencialistas. Considera-se que é necessário alinhar essas percepções, para possibilitar novas formas de gestão e de intervenção em saúde, de modo que a organização do processo de trabalho das equipes esteja em consonância com as diretrizes da ESF, permitindo a concretização da longitudinalidade do cuidado e o reordenamento da rede de atenção, funções expressamente assumidas pela atenção básica. ABSTRACTOur objective is to analyze the models of attention found in basic care and their repercussions on the Family Health Strategy (FHS) work process. This is a qualitative study conducted in the city of Fortaleza, CE, with six FHS health workers , six coordinators of the Family Health Center, and two key informants. For data collection, we used semi-structured interviews and document analysis, and for data analysis, the Content Analysis method. The results reveal the coexistence of the traditional biomedical model and the FHS model, whose practice does not correspond completely to the proposed reorganizational replacement of the model. Unlike the perceptions of health workers, the managers were still guided by concepts from the traditional hegemonic biomedical model, grounded strictly in assistance practices. We believe it is necessary to align these perceptions, to enable new forms of health management and intervention, so that the organization of the team work process is in line with FHS guidelines, allowing the implementation of longitudinal care and the reorganization of the care network, functions expressly assumed by primary care.
A ideia de uma Saúde Comunitária aparece de maneira imprecisa e polissêmica nos discursos e práti-cas de saúde, tanto no Brasil como em outros países da América Latina, tornando-se necessária uma clarificação desse conceito. Alguns estudos adotam o termo saúde comunitária sem contextualizá-lo, ficando subtendido que se trata de um serviço ou uma prática de profissionais de saúde realizada em comunidades.As concepções de profissionais que se identificam como atuantes na saúde comunitária também são polissêmicas. Juarez (2015), a partir de uma pesquisa realizada na Argentina junto a médicos pediatras da Atenção Primária, mostra que, apesar dos avanços na compreensão da proposta libertadora da Saúde Comunitária, muitos dos participantes consideram que o papel do médico nessa perspectiva abrange a consulta individual, o diagnóstico e o acompanhamento da evolução dos pacientes. Além disso, consideram que o poder de decisão sobre a gestão da saúde está nas mãos de profissionais e do poder público, desconsiderando o protagonismo das comunidades. Trata-se, portanto, de um modelo de atenção que, embora realizada na comunidade, continua centrada na doença e no nível biológico da saúde.A teoria e a prática da Psicologia Comunitária contribuem para a construção da Saúde Comunitária (Góis, 2008), que tem a comunidade como o principal ator. Nesse sentido, Saforcada (2008) destaca que a Saúde Comunitária diferencia-se dos outros modelos por ter surgido a partir das comunidades, mais especificamente das populações excluídas e marginalizadas e tem emergido no âmbito profissional e acadêmico principalmente mediante trabalhos de psicólogos nas comunidades em situação de pobreza. Góis (2008) ResumoO objetivo é discutir as relações entre Saúde Comunitária e Psicologia Comunitária na perspectiva dos processos de participação e de libertação que contribuem na construção de metodologias participativas. Essas áreas compartilham valores e práticas que possuem como princípios a libertação e a participação, que contribuem na construção de espaços que rompam com os processos de opressão. A comunidade é o principal ator e o foco está mais nos processos de saúde que nos processos de doença. As metodologias participativas presentes na caminhada comunitária, na visita domiciliar e no círculo de cultura propiciam uma prática condizente com esses princípios. O envolvimento dos profissionais de saúde e dos moradores das comunidades favorece processos de saúde e de autonomia.Palavras chave: saúde comunitária; psicologia comunitária; participação; libertação; metodologia. AbstractThe purpose of this article is to discuss the relationships between Community Health and Community Psychology into perspective of participation and the liberation processes and their contribution in the construction of participative methodologies. Both areas share values and practices that have liberation and participation as principles that contribute in the construction of spaces that break with the processes of oppression. The community is the main actor and the focus i...
Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre o sentimento de comunidade e a pobreza rural em três municípios, sendo um do Nordeste, um do Norte e outro do Sul do Brasil. A pesquisa, de caráter quantitativo, contou com a participação de 1.113 sujeitos, que responderam a questionários compostos por um instrumento de Pobreza Multidimensional e pelo Índice de Sentimento de Comunidade. Foram realizadas análises estatísticas: Teste T, Anova, Teste de Correlação de Pearson e Estatísticas Descritivas. O sentimento de comunidade esteve presente de forma moderada/alta nos municípios P (Nordeste) e C (Sul) e de forma moderada/baixa no Município H (Norte). O fator Filiação do Sentimento de Comunidade, relacionado à vinculação das pessoas com a comunidade e ao sentimento de fazer parte do grupo, apresentou as maiores médias nos três municípios e na amostra geral, seguido pelo fator Ligações Emocionais Compartilhadas. Na análise das dimensões presentes na pobreza multidimensional, as três dimensões Trabalho/Renda, Subjetiva e Saúde foram as que apresentaram correlação significativa e negativa com o sentimento de comunidade. Na amostra geral, os seus resultados apontam para uma correlação negativa entre sentimento de comunidade e pobreza multidimensional. Diante dessa constatação, ao analisar o sentimento de comunidade, é importante incorporar esses dimensões da pobreza multidimensional, a fim de compreender melhor o impacto da pobreza na vida das pessoas.
Esse estudo tem como objetivo analisar os aspectos relacionados à pobreza e às pessoas em situação de rua em artigos científicos publicados de 2008 a 2019. Trata-se de uma revisão sistemática de literatura, cuja busca de artigos foi realizada em janeiro de 2020, nas bases de dados Scielo e BIREME, considerando os artigos publicados nos idiomas inglês, português e espanhol, mediante uso do descritor Homeless. Foram analisados 42 artigos. Os resultados apontam para uma relação entre pobreza e pessoas em situação de rua, que vivenciam diversas privações, violências, preconceito e estigma. Os resultados apontam para discussões sobre trabalho/renda, educação, habitação, saúde, dimensão subjetiva e direitos humanos. Destaca-se, por fim, a necessidade de investigar e compreender como as pessoas vivenciam pobreza.
O objetivo desse estudo é analisar a produção científica acerca das estratégias de enfrentamento das pessoas em situação de rua em estudos publicados de 2008 a 2019. Foi feita uma revisão sistemática de literatura, a partir das bases Scielo e BIREME, com inclusão de artigos publicados em inglês, português e espanhol. Usou-se o descritor homeless, selecionando-se 36 artigos para análise. Os resultados foram organizados a partir das categorias: “recursos para o enfrentamento” e “práticas de enfrentamento”. Em relação aos recursos, os artigos destacam o desenvolvimento de habilidades dessas pessoas e as redes de apoio social disponíveis. Quanto às práticas de enfrentamento, apresentam-se as ações concretas, tanto para se adaptar como para promover transformações. Destaca-se a necessidade de investigar as pessoas em situação de rua no sentido de fortalecer estratégias de enfrentamento.
Em contextos de pobreza rural, as problemáticas locais acentuam sentimentos de impotência e incerteza, sendo relevante a elaboração de instrumentos para investigar o fatalismo, que interfere sobre comportamentos de saúde e satisfação com a vida. O estudo objetiva validar uma versão reduzida da Escala Multidimensional de Fatalismo (EMF), disponível originalmente em espanhol e inglês, para populações brasileiras em situação de pobreza rural. Participaram 1.318 moradores da zona rural das regiões norte, nordeste e sul do Brasil. Foram realizadas análise fatorial exploratória (AFE) e análise fatorial confirmatória (AFC), a fim de verificar a capacidade de representação do modelo pelo constructo. Os resultados apresentaram estrutura fatorial com redução de dois fatores se comparado à escala original, conforme a AFC. A escala adaptada demonstrou bons parâmetros de medidas e de confiabilidade e pode ser utilizada para mensurar o fatalismo em contexto de pobreza rural no Brasil. Palavras chave: pobreza, fatalismo, ambientes rurais, análise fatorial, validade do teste. In rural poverty contexts, local problems accentuate feelings of impotence and uncertainty, being relevant the development of instruments to investigate fatalism, which interferes with health behaviors and satisfaction with life. The study aims to validate a reduced version of the Multidimensional Fatalism Scale (MFE), originally available in Spanish and English, for Brazilian populations living in rural poverty. 1,318 residents of the rural areas of the North, Northeast and South of Brazil participated. Exploratory factor analysis (EFA) and confirmatory factor analysis (CFA) were performed to verify the model's ability to represent the construct. The results presented a factorial structure with reduction of two factors when compared to the original scale, according to the CFA. The adapted scale demonstrated good measurement and reliability parameters and may be used to measure fatalism in the context of rural poverty in Brazil.
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