ResumoApós décadas de conflitos, em 2012, a justiça brasileira determinou a desintrusão dos não índios que ocupavam a terra indígena Marãiwatsédé, no estado de Mato Grosso, em favor dos índios Xavante, removidos da área nos anos 1960 para tornar a terra disponível à iniciativa privada. as representações sociais disseminadas pela mídia, na esfera local, regional e nacional, sobre o processo de retirada dos não índios é o que esta pesquisa analisa. para tanto, com contribuições da análise discursiva, examinam-se matérias publicadas nos jornais a Gazeta do vale do araguaia, diário de cuiabá e estadão, de agosto de 2012 a janeiro de 2013, período final da desintrusão. Os resultados mostram, nas dimensões local e regional, representações desfavoráveis aos indígenas, questionando sua legitimidade e, no âmbito nacional, ênfases "assépticas" sobre os aspectos jurídicos e legais do caso.
Palavras-chaveRepresentações sociais. Marãiwatsédé. Mídia.
AbstractIn 2012, after decades of conflicts, the Brazilian Justice Department ruled that non-Indians occupying the Marãiwatsédé indigenous territory in the state of Mato Grosso should be removed on behalf of Xavante indians, who were dislodged from that same area in order to make land available to private enterprise during the 1960s. this paper analyzes social representations disseminated by -local, regional and nationwide -media about the process
430of removing non-Indians. To this extend and with contributions from discourse analysis, we examined news published in the newspapers Gazeta do Vale do Araguaia, Diário de Cuiabá, and Estadão, from august 2012 to January 2013, date which marked the end of the removal process. the results showed, on a local and regional level, unfavorable representations of the indigenous people, questioning its legitimacy and, on a national level an "aseptic" emphasis on legal aspects of the case.
Keywordssocial representations. Marãiwatsédé. Media.
ApresentaçãoO ano de 1993 marca o início de disputas jurídicas pela terra indígena (TI) Xavante Marãiwatsédé. Após quase 20 anos de decisões judiciais, ora em favor dos ocupantes não índios, ora favorável aos indígenas, em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela desintrusão de não índios de Marãiwatsédé. A partir desse momento, a situação passa a receber intensa atenção da mídia, por razões óbvias, em nível local e estadual, mas também nacional, pois marca o acirramento dos conflitos e, ainda, dada a gravidade das tensões, a sensibilidade social dirigida por grupos mais intelectualizados e setores da opinião publicada do centro do país em relação à, neste caso, geograficamente distante questão indígena. Com suas oscilações, nuances e continuidades, a cobertura midiática dirigida a essa fase das disputas envolvendo o território Marãiwatsédé é o objeto do estudo ora anunciado. Os objetivos centrais são identificar e analisar algumas das representações formuladas e difundidas pelos meios de comunicação a respeito do caso e dos atores envolvidos, além dos interesses que essa elaboração visa a aten...