IntroduçãoNos empreendimentos inaugurais e mais sistemáticos no âmbito das ciências sociais, as discussões declaradamente apresentadas como dedicadas "às elites" debruçaram--se sobre segmentos e domínios políticos. Em decorrência, na divisão do trabalho científico -que, como enfatizou Bourdieu (2004), acaba correspondendo a uma divisão real do real -, a referida categoria (não raro tomada de modo substancialista) se constituiu em objeto privilegiado da ciência política, firmando-se espontaneamente como sinônimo de elite política e, inclusive, exercendo papel não negligenciável nas estratégias de institucionalização dessa área de conhecimento 1 . Apenas mais recentemente pesquisadores de outros campos e vertentes têm operado descentramentos daquele quase monopólio disciplinar, sobretudo flexibilizando os segmentos investigados e os modelos de análise mobilizados. E essas reflexões têm oportunizado redimensionar o tratamento dos grupos politicamente dirigentes 2 . Seguindo essas trilhas, propomos neste artigo a ordenação de três bases de multinotabilização das elites políticas no Brasil. Apoiados em resultados de pesquisas inscritas no campo de estudos sobre profissionais da política, que realizamos em diferentes fases das nossas trajetórias acadêmicas, discutimos o peso: (1) dos grupos 1. Ver Braud (2001) e Coradini (2016). 2. Para uma discussão mais detalhada, consultar Reis e Grill (2016).