Neste artigo, sugerimos uma reflexão crítica sobre os usos superficiais da noção de identidade nas Ciências Sociais e propomos tratá-la como um fenômeno social dinâmico e em processo, implicado fundamentalmente por relações de poder. Realizamos uma contextualização do tema nas últimas décadas e apontamos para um conjunto de ideias de autores clássicos dos quais nos aproximamos para pensar o tema. Também apontamos para o que entendemos ser um dos caminhos possíveis para a pesquisa sobre os processos identitários. A partir daí, destacamos e definimos quatro elementos, os atores, as disputas, as normas e os contextos, que consideramos constituintes deste fenômeno social, sugerindo como proceder com sua análise.
Palavras-chave: identidade, estilo de vida, imigração, africanos, Lisboa Identity and style in Lisbon: Kuduro, youth and African immigration Kuduro is a type of music and dance that arrived in Portugal with African immigration. In the last years, young immigrants or Afro-descendants in the metropolitan area of Lisbon are also producing it. In this seting, networks of producers and consumers of kuduro were created and new forms of sociability were established in the neighborhoods of Lisbon and surrounding municipalities where most immigrants from Angola, Cape Verde, Guinea-Bissau and São Tomé and Príncipe and their descendants live. This article seeks to analyze how shared senses of identiication and diferentiation among these youth groups are established through the forms of expression, production, circulation and consumption of kuduro.
Nos últimos anos, uma série de ritmos musicais foram gerados e difundidos no triângulo pós-colonial entre África, América e Europa e que estão a se projetar a nível global, como: a kizomba, o kuduro, o rap, o funk, o forró, a salsa, o brega, entre outros. Tais expressões musicais e as suas correspondentes práticas de dança têm se globalizado a um ritmo vertiginoso através das migrações internacionais, dos congressos internacionais de dança (Soares 2015) e de plataformas comunicativas na era/geração digital (Feixa 2014), tais como youtube, spotify e facebook (Hutchinson 2014).Esses ritmos têm invadido espaços sonoros cotidianos tanto na internet quanto em canais de televisão, rádios comerciais, espaços públicos e pistas de dança de ambos os lados do Atlântico (Kabir 2014). Nesses trânsitos musicais, de pessoas e de experiências, também emergem questões de poder implicadas pelas diásporas e pelas memórias relativas ao colonialismo e aos locais de origem, provocando um senso de percepção e de sensibilidade estética particulares em contextos fortemente influenciados pela globalização do consumo cultural. Neste sentido, importa ressaltar as sociabilidades alternativas e os estilos de vida inovadores que emergem desses processos, passíveis, por vezes, de subverterem as dinâmicas de segregação urbana, o racismo, a pobreza e a violência, ou contracenarem com elas.O papel de mediação de sentidos sociais através da música tem se mostrado intenso nas pistas de dança, bares, associações, ruas, bairros e outros espaços públicos, muitos deles associados às experiências sociais de marginalização, articulados a presença migratória ou às experiências de imaginários culturais diaspóricos. Produtores, DJs, MCs, músicos e dançarinos são
O artigo em questão é fruto de uma pesquisa etnográfica realizada em Lisboa, no ano de 2010. O kuduro é um estilo de dança e música que surgiu em Luanda, nos anos 1990, e que chegou a Portugal logo em seguida, por meio das relações entre os imigrantes com o país de origem: a Angola. O objetivo é compreender como, ao lado de outras formas de expressão cultural juvenis, em Lisboa, o kuduro, assim como o hip-hop, o rap e o reggae, passou a fazer parte integrante do consumo e da produção cultural dos jovens da periferia. Em meio à música e à dança como formas de entretenimento, um universo de tensões sociais, étnicas e geracionais faz-se presente e faz emergir interessantes processos de identificação social. A escola, a rua e a Internet tornaram-se os principais espaços de socialização do kuduro, que perpassa um estilo de vida que parece constituir laços de afinidade entre imigrantes e descendentes, tendo como referência o país de origem ou mesmo uma África imaginada pela relação de solidariedade entre descendentes da imigração originária dos Países Africanos de Língua Portuguesa. A análise de tais questões está implicada pelas novas dinâmicas dos fluxos contemporâneos transnacionais de pessoas, de produtos culturais e de informações, em contextos metropolitanos e pós-coloniais.
A proposta deste artigo é analisamos as políticas públicas voltadas às juventudes no estado de Sergipe e a correlação destas com a participação política juvenil a partir de suas formas de auto-organização através de coletivos. Partimos da revisão bibliográfica acerca do tema Juventudes, destacamos a ascensão e caracterização das Políticas Públicas destinadas a esse segmento social, propondo uma discussão sobre o estado da arte dos estudos sobre juventudes no Brasil e particularmente em Sergipe. Tal bibliografia comporta questões como o que é juventude, como esta é entendida enquanto categoria social, qual sua relação com a elaboração de políticas públicas e como essas duas temáticas se interseccionam. Em um outro momento, apresentamos e analisamos alguns dados sobre as políticas de governo do estado de Sergipe e dos munícipios, bem como sobre as formas de atuação política das juventudes através dos coletivos, intensamente implicados por práticas de interesse comum associados ao lazer, a criatividade e a cultura.
Entrevista com o professor José Afonso do Nascimento, um dos primeiros editores da Revista Tomo, sobre os 20 anos da Revista.
Meu objetivo com este artigo é analisar o contexto das mobilizações e do ativismo em Angola, em um período de emergência da geração digital e compreender o fenômeno da última década em que as formas de ativismo político passaram e ser expressos cada vez mais intensamente de forma estetizada. Pensando nas transformações ocorridas nas manifestações políticas em forma de protesto, desde 2011, analiso o caso de Angola, sobre o qual venho acompanhando as movimentações das juventudes através das redes sociais digitais, sites e blogs. Tenho notado que o visual, o sonoro, a escrita e as performances são linguagens ou agências de ação estética predominantes nas práticas de ativismos juvenis na última década, como no Brasil (Marcon, 2018). Isso significa dizer que entre os jovens as ações políticas são apresentadas de forma cada vez mais plástica e que as pessoas envolvidas nessas manifestações expressam um grande repertório criativo e comunicativo tanto local quanto global. O caso mais específico que trago aqui é o que ficou conhecido como 15+2 (quinze mais duas), quando durante o ano de 2015 alguns jovens foram presos por protestarem contra o presidente de Angola e tornaram a mobilização em torno do episódio da prisão um mote para expressão de manifestações e protestos, que ganharam grande repercussão em Angola e na comunidade internacional.
RESUMO: O kuduro é um estilo de música e dança que surgiu em Angola na década de noventa e se espalhou por vários países sendo ressignificado em diferentes contextos. Neste artigo, analiso as implicações do estilo no Brasil e em Portugal, também em Angola, a partir das conotações sociais, políticas e culturais que a produção e o consumo vão adquirindo em contextos particulares de imigração e de produção midiática. As práticas e os discursos sobre o kuduro se distinguem e abrem possibilidades analíticas para pensarmos temas implicados por discursos e processos de identificação nos cenários contemporâneos globalizados, além da necessidade de reflexão sobre as novas características da música como fenômeno social na era digital.
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