Resumo Neste artigo, meu objetivo é analisar a produção de ‘prestígio’, reputação e memória entre vaqueiros do sertão de Pernambuco a partir de suas relações com o corpo, os animais e o território. Para tanto, demonstro que a exaltação de uma vida de sacrifícios e as tarefas concernentes ao ofício do vaqueiro resultam de diversas de suas práticas e de seus conhecimentos, mas também de sua habilidade retórica de narrar e reconstruir acontecimentos passados. Nas práticas denominadas ‘pega de boi’, vaqueiros, animais e caatingas surgem como seres em disputa, buscando triunfar uns em relação aos outros. Para analisar essas práticas, o material etnográfico ao qual recorro são narrativas de um ‘vaqueiro velho’ cuja particularidade no modo de confeccionar oralmente as suas experiências passadas expressa de uma só vez a importância do corpo, da memória e dos animais no cotidiano dos vaqueiros.