Reinventando a história: Lincoln Gordon e as suas múltiplas versões de 1964

Abstract

Lincoln Gordon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, esteve no centro das operações norte-americanas que apoiaram o golpe de Estado de 1964, desde a coordenação das conexões entre Vernon Walters e os conspiradores militares, até o lobby por uma força-tarefa naval dos Estados Unidos que interviria no caso da explosão de uma guerra civil entre forças pró e anti-Goulart. Apesar disso, naquele momento, e nos anos seguintes, Gordon insistiu em que o golpe de Estado tinha sido "100% brasileiro". Através de documentos do Departamento de Estado norte-americano, discursos de Gordon, testemunhos orais, e de uma entrevista em 2005 com o embaixador, este artigo analisa as diversas justificativas que Gordon ofereceu ao longo dos últimos quarenta anos para explicar por que apoiou a derrubada de Goulart e concedeu suporte incondicional ao novo regime militar.

Debates Midiáticos Sobre Reforma Agrária em Contextos de Ruptura Institucional: 1932–1936 na Espanha e 1964 no Brasil

“…The belief in the communist threat was at the basis of that utopia, for propaganda purposes, as cement to unite diverging interests, and as a stereotype to cover up simply libertarian or reformist banners. This conservative movement found support in the "red enemy" hunting undertaken by the United States -especially, in Brazil, in the figure of ambassador Lincoln Gordon (Green & Jones, 2009) -and, in Spain, embraced by fascism that was spreading in Europe. In Brazil, the Doctrine of National Security dominated the Escola Superior de Guerra (war college).…”

Meritocracia de laços: gênese e reconfigurações do espaço dos economistas no Brasil

“…Após o triunfo do movimento militar de março de 1964, de cuja América Latina batizado "Aliança para o Progresso". Gordon foi embaixador dos EUA no Brasil de 1961Brasil de a 1966, posição que lhe rendeu atuação destacada na promoção do apoio norte-americano ao golpe de 1964(Carlos Ivan Simonsen Leal in: ALBERTI et al, 2002DHBB, verbete Lincoln Gordon;GREEN e JONES, 2009). A associação da CONSULTEC com o golpe na obra do cientista político René Dreyfuss, 1964: a conquista do Estado: ação política, poder e golpe de classe, provocará reações de Campos e vários outros membros da consultoria.…”

“…Como resposta ao episódio da Baía dos Porcos, o grupo que defendia o uso da diplomacia econômica como instrumento de política externa procurou acelerar a 157 Segundo ele "as diversas formas de arte, literatura e filosofia latino-americanas devem ser bem vindas, mas não deve haver uma 'ciência econômica latino-americana', assim como também não deve haver uma física ou uma matemática latino-americanas" (Lincoln Gordon apud CRUZ, 1977, p. 13). 158 Gordon, embrenhado na lógica da guerra fria, chegou a oferecer apoio militar e logístico aos conspiradores de 1964, expressando temer os possíveis desdobramentos da crise governamental que poderia levar à um golpe de matriz comunista (GREEN e JONES, 2009). O envolvimento de Gordon com a instauração da ditadura é, como dito anteriormente, uma das razões pelas quais a CONSULTEC é associada ao golpe militar.…”