IntroduçãoPoderíamos continuar a buscar uma a uma as relações múltiplas, de proximidade e de distância, de afinidade e aversão, de simpatia e antipatia que se estabelecem entre diferentes categorias de patrões; as relações de vizinhança sendo, evidentemente, tão importantes quanto as relações de oposição, porque as afinidades de estilo de vida que elas exprimem são sem dúvida as condições permissivas, senão necessárias, ao estabelecimento dos vínculos de todas as ordens, oficiais ou informais ou até mesmo clandestinos, como os casamentos, a participação em conselhos de administração, os clubes ou os grupos de amigos (de antigos alunos), a frequência aos mesmos salões, aos mesmos jantares, às mesmas classes etc., as "ligações" amorosas ou os acordos. Poderíamos, de fato, supor que é por meio da orquestração imediata do habitus e da homogeneidade dos estilos de vida que se realiza tudo aquilo que, no campo, não é possível ocorrer sem o intermédio das relações pessoais, como as trocas de informações, de serviços (entre outros financeiros), as operações de cooptação e, em particular, a escolha de sucessores (Bourdieu e Saint Martin, 1978, p. 37, grifo dos autores).A sociologia das elites de matriz bourdieusiana 1 interessa-se pelos vínculos entre membros das frações dominantes, visto serem fundamentais à conquista de prestígio 1. Para balanços nos quais estudos de sociologia das elites feitos sob a perspectiva bourdieusiana são situados em relação a outras tradições de pesquisa na área, ver Kahn (2012); Denord et al. (2011) e Bühlmann et al. (2012.