Dedico esta tese aos meus avós Anna e Hugo Klüger eClara e Marcelo Kochen, inspiração e exemplo. AgradecimentosA escrita de uma tese acerca dos laços que formam a trama do espaço dos economistas fez com que me tornasse ávida leitora do gênero "agradecimentos de dissertações e teses", que tantas informações essenciais aportaram à pesquisa. Dedico-me agora a proferir meus próprios agradecimentos aos indivíduos e organizações que compõem a extensa rede social que viabilizou subjetivamente e pragmaticamente a redação desta tese:
ResumoO artigo faz uma análise comparativa da forma e do sentido da utilização e contraposição dos termos "técnica" e "política" nos discursos de dirigentes e funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDE(S), em dois momentos: de 1952 ao início dos anos 1970 e de 1994 a 2011. A comparação foi feita através do exame de um conjunto de entrevistas realizadas nos anos 1980, com funcionários e dirigentes do primeiro período, e um segundo conjunto de entrevistas, feitas entre 2012 e 2014, com diretores do segundo período. A análise dos dados permite ver que há uma transição do padrão dos discursos. Inicialmente havia uma oposição da burocracia aos políticos, que decorria da percepção de que haveria uma superioridade de uma burocracia qualificada para tomar decisões político-econômicas. No segundo período, posterior à redemocratização, o discurso expressa a tensão gerada pela necessidade simultânea de responder aos governantes titulares e de agir de modo a preservar os valores, a missão histórica do Banco e a excelência técnica contra ingerências políticas que pudessem ameaçar a instituição. Neste segundo momento não é o credenciamento dos burocratas e sim o refinamento das técnicas por eles empregadas que é mobilizado como recurso para justificar as decisões econômicas dos burocratas. As oposições encontradas foram lidas à luz das teorias críticas de Pierre Bourdieu e Herbert Marcuse, que permitem questionar o caráter meritocrático dos especialistas em Economia e a neutralidade da ciência e das técnicas por eles empregadas. O artigo contribui para o estudo das relações entre política e burocracia no Brasil através do estudo de um caso paradigmático. Ele permite verificar como a lógica da relação de oposição entre as esferas da técnica-ciência e da política se altera ao longo do tempo e busca, por meio de uma análise crítica dos dados, avaliar quais seriam os fundamentos sociais desta transformação. As reflexões que serão desenvolvidas neste ensaio decorrem da comparação do modo como os termos técnica e política foram empregados nos discursos de dirigentes e funcionários do BNDE(S) 2 em dois momentos históricos: a época de formação do Banco, dos anos 1950 aos anos 1970, e um período recente, 1994-2011. A passagem acima, extraída do segundo volume do livro Economia e Sociedade de Max Weber, servirá como baliza para a discussão que se pretende conduzir porquanto permite tecer considerações acerca dos fundamentos da oposição entre, de um lado, as noções de ciência e PALAVRAS-CHAVE: BNDES
IntroduçãoPoderíamos continuar a buscar uma a uma as relações múltiplas, de proximidade e de distância, de afinidade e aversão, de simpatia e antipatia que se estabelecem entre diferentes categorias de patrões; as relações de vizinhança sendo, evidentemente, tão importantes quanto as relações de oposição, porque as afinidades de estilo de vida que elas exprimem são sem dúvida as condições permissivas, senão necessárias, ao estabelecimento dos vínculos de todas as ordens, oficiais ou informais ou até mesmo clandestinos, como os casamentos, a participação em conselhos de administração, os clubes ou os grupos de amigos (de antigos alunos), a frequência aos mesmos salões, aos mesmos jantares, às mesmas classes etc., as "ligações" amorosas ou os acordos. Poderíamos, de fato, supor que é por meio da orquestração imediata do habitus e da homogeneidade dos estilos de vida que se realiza tudo aquilo que, no campo, não é possível ocorrer sem o intermédio das relações pessoais, como as trocas de informações, de serviços (entre outros financeiros), as operações de cooptação e, em particular, a escolha de sucessores (Bourdieu e Saint Martin, 1978, p. 37, grifo dos autores).A sociologia das elites de matriz bourdieusiana 1 interessa-se pelos vínculos entre membros das frações dominantes, visto serem fundamentais à conquista de prestígio 1. Para balanços nos quais estudos de sociologia das elites feitos sob a perspectiva bourdieusiana são situados em relação a outras tradições de pesquisa na área, ver Kahn (2012); Denord et al. (2011) e Bühlmann et al. (2012.
Este artigo reconstrói a trajetória de Celso Furtado até o início dos anos 1960 e analisa escritos nos quais ele define a visão de ciência econômica que norteia sua atuação em um país subdesenvolvido. Furtado sustenta que a economia não é neutra e universal, ressaltando a necessidade de produzir conhecimentos historicamente situados e de estabelecer coletivamente as finalidades das intervenções econômicas. Argumenta-se que a ciência econômica professada por Furtado é iconoclasta, ao romper com os paradigmas neoclássicos, e inconformista, ao visar à transformação da realidade social.
resumo Este ensaio tematiza a afinidades entre a prática literária de Celso Furtado e sua perspectiva analítica como economista. Conforme revelam sua autobiografia, seus diários e entrevistas, a paixão e os flertes com a literatura foram recorrentes e importantes em sua trajetória. É possível argumentar que a proximidade de Furtado com a literatura contribuiu para fazer dele um economista com uma sensibilidade para enredos povoados por indivíduos que em nada se aproximam do homo œconomicus da teoria econômica neoclássica e para cenários conformados por estruturas sociais, culturais e de poder que enquadram as ações desses indivíduos. Este ensaio enfoca o projeto de romance delineado por Celso Furtado em 1955 e registrado em seus Diários intermitentes 1937-2002 (2019). O texto é tomado como ponto de observação privilegiado para apreender a imaginação sociológica e a interpretação histórica e culturalmente enraizada da economia e sociedade brasileira que fizeram de Celso Furtado um economista inexoravelmente heterodoxo.
RESUMO Este artigo apresenta e analisa duas modalidades contrastantes de acesso à elite dirigente e de exercício do poder, a partir da comparação das origens sociais e das atuações na academia e na política de Mario Henrique Simonsen e Antonio Delfim Netto. Tal abordagem permite observar uma transição entre um modelo de acesso ao poder calcado na combinação entre origem social privilegiada, trunfos culturais, cosmopolitismo e laços de família; e um modelo no qual a especialização técnica e os laços tecidos no universo profissional ganham destaque. Simonsen e Delfim desempenharam funções análogas na consolidação da ciência econômica no Brasil, sendo centrais na moldagem da pós-graduação em economia e na incorporação de perspectivas matematizadas no ensino e na pesquisa. Em seguida, transitam para o Governo Federal, carregando consigo seus alunos e a capacidade de legitimar tecnicamente suas decisões políticas. O artigo sustenta que, malgrado a homologia profissional, os dois agem em suas escolas e exercem o poder de formas díspares, correlacionáveis às suas origens sociais e vias de acesso à elite dirigente.
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