O presente artigo tem como objetivo evidenciar contrapontos de gênero presentes no cotidiano do trabalho doméstico remunerado e não remunerado. O serviço doméstico contempla um significativo contingente de trabalhadoras no Brasil e, apesar de sua recente regulamentação, grande parcela permanece na informalidade. No Brasil estes serviços são desenvolvidos majoritariamente por mulheres negras, provenientes de famílias de baixa renda e escolaridade e guardam traços da sociedade colonial escravista. Foram realizadas entrevistas com um total de 10 diaristas atuantes na Grande Florianópolis, nove mulheres e um homem. As diferenças identificadas nas falas das/o diaristas apontam para formas específicas de relações que se estabelecem no cotidiano de trabalho. Nesta perspectiva, foi possível identificar relações marcadas por estereótipos de gênero, com traços da herança escravista, e também permeadas por referências que constituem o mundo do trabalho no sistema capitalista.