RESUMO O presente trabalho discute a articulação entre estudo, trabalho e família para estudantes de ensino superior a partir dos resultados de uma pesquisa mais ampla realizada na Universidade Federal de Goiás. Tomando como base uma amostra de 527 estudantes, busca-se caracterizá-los de acordo com seus pertencimentos e posições sociais, além de compreender os usos do tempo e a participação de homens e mulheres no trabalho produtivo e reprodutivo. A análise indica que, apesar de jovens mulheres constituírem a maioria da população universitária, as construções hierárquicas das relações de gênero persistem e a responsabilidade pelos afazeres domésticos ainda é assumida, de forma preponderante, como feminina.
Este artigo discute a intersecção de raça, gênero e classe na produção das desigualdades vividas por trabalhadoras domésticas no Brasil e como essas desigualdades se acirram em contexto de crise pandêmica. Com base em uma análise de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) e de entrevistas com trabalhadoras domésticas na região metropolitana de Goiânia, examinamos as desigualdades na relação trabalho e família, considerando aspectos relacionados às condições de trabalho, aos usos do tempo e aos arranjos domésticos. Os resultados indicam que a pandemia, precedida e intensificada por um duro contexto de recessão econômica e de ampliação de políticas de flexibilização dos direitos trabalhistas, acentuou desigualdades historicamente estruturantes da ocupação. Esses elementos incidem sobre o cotidiano das trabalhadoras domésticas, reorganizando os arranjos domésticos e suas vivências temporais.
Resumo Este artigo analisa a percepção dos trabalhadores sobre o ambiente de trabalho nas indústrias farmacêuticas com base em um estudo qualitativo composto por entrevistas semiestruturadas com trabalhadores do setor. Em posição antagônica ao cenário nacional de desindustrialização e desemprego, a produção de medicamentos segue em ascensão, em termos tanto de faturamento como de abertura de postos de trabalho, mesmo diante das recentes crises econômica e sanitária. Para compreender o modelo de produção da indústria farmacêutica e seus impactos na vida das pessoas que laboram no setor, foram entrevistados dez trabalhadores/as de duas fabricantes nacionais de medicamentos genéricos localizadas no Distrito Agroindustrial de Anápolis, em Goiás. Como resultado, observamos que as indústrias estudadas estão configuradas de acordo com formas sofisticadas de controle e intensificação da produção, o que deflagra um ambiente de trabalho passível de degradação da saúde física e mental.
O mercado de trabalho brasileiro foi originado em uma nação que teve mão de obra escrava até fins do século XIX, com uma economia dependente, industrialização tardia e um desenvolvimento comprometido pelas intervenções dos herdeiros oligarcas proprietários de terra. Assim, foi formada uma força de trabalho com características específicas que, na atualidade, se depara com os desafios impostos pelas formas de trabalho impulsionadas por produtos tecnológicos e políticas voltadas para flexibilização. Deste modo, objetiva-se compreender a identidade e o perfil desses trabalhadores e trabalhadoras na indústria farmacêutica. A regulamentação sanitária imposta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mantém influência direta sobre as normas de controle de qualidade da indústria farmacêutica, de forma que o rigor exigido para produzir medicamentos de qualidade implica em constante automação e obediência às normas de inspeção. Há, ainda, o controle da subjetividade externado no discurso dos produtores da saúde, um sentimento de ressignificação do trabalho. O trabalho ganha dimensão humanitária, de forma que o operário se sente um contribuinte para manutenção da saúde da população. Constatamos que o perfil de trabalhadores/as no setor é composto por mulheres, jovens e nível de escolaridade de ensino médio completo. Neste sentido, analisamos as características dos operários e operárias da indústria farmacêutica brasileira, que está em constante automação.
Este artigo visa a análise do tempo de trabalho dos docentes da educação profissional e tecnológica, destacando aqueles não contabilizados nos registros formais, abordando uma breve análise sobre os tempos de trabalho, seus registros oficiais e a dificuldade de demarcação de fronteiras entre tempos de trabalho e de não trabalho. Utilizou-se uma abordagem qualitativa, através de um estudo de caso do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – IFMT/Campus Cuiabá Cel. Octayde Jorge da Silva, através de questionário eletrônico e entrevistas semiestruturadas com professores da instituição. Verificou-se a existência de tempos de trabalho não são contabilizados em suas jornadas, sendo que muitas vezes estão entrelaçadas com outras temporalidades.
A tecnologia da informação (TI) apresenta-se como um campo significativo para a análise das assimetrias sociais nas relações de trabalho, não por envolver um alto índice de minorias seja no campo das relações raciais seja no campo das relações de gênero, mas exatamente pelo inverso, constituindo-se como uma arena marcada pela configuração de um perfil de profissional branco e masculino. Este é o quadro que estrutura os objetivos desse artigo: analisar as desigualdades de gênero e raciais na TI, por meio de uma triangulação de métodos quantitativos e qualitativos. Os resultados permitem identificar a constituição de um perfil de profissional que coaduna com os referenciais masculinos e brancos no campo, erigindo representações que podem interferir nas escolhas e trajetórias profissionais de homens e mulheres no mercado de trabalho.
Este artigo discute a relação trabalho e família vivenciada por trabalhadoras domésticas no Brasil a partir de análise de bases de dados governamentais e entrevistas semiestruturadas com trabalhadoras domésticas. A pesquisa indica que as trabalhadoras acumulam trabalho doméstico remunerado e não remunerado ou recorrem a outros arranjos que não alteram a dinâmica de relações de subordinação e as normas de gênero na articulação entre trabalho e família. A ampliação e efetivação da legislação trabalhista para a categoria requer políticas que visem a socialização e a desgenerificação dos custos do cuidado.
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