IntroduçãoEste artigo analisa como uma elite cristã brasileira acabou por constituir um projeto pastoral que ganhou projeção e visibilidade internacional por seu impacto proselitista ampliado. A abordagem que estamos desenvolvendo é similar a de outros estudos atentos a referências duplas de tradição de conhecimento, da teologia e da antropologia, supondo que assim compreendamos melhor as culturas cristãs em suas particularidades, cruzamentos e choques (Robbins, 2008, p. 286).Nesta linha de trabalho, um estudo muito bem-sucedido é The book of Jerry Falwell, de Susan Harding (2000). Ao analisar a trajetória de um único líder evangélico em suas várias dimensões, este livro apresenta uma visão a um só tempo etnográfica e panorâmica sobre a formação da cultura fundamentalista norte-americana. Inicialmente, a autora descreve como Jerry Falwell desenvolveu um modo específico de leitura da linguagem bíblica -speech mimeses. No interior de uma rede de pastores, Falwell ajudou a transformar uma tradição piedosa que se autoimpunha um exílio no interior de uma sociedade abrangente marcadamente secular e trouxe esta tradição religiosa ao centro da vida pú-blica sob o designo da "nova nação evangélica". Ao longo da leitura, observamos como o projeto pastoral de Jerry Falwell confirma o excepcionalismo norte-americano precisamente quando o projeto imperialista da nação entra em crise.Com um aporte menos biográfico e mais socioantropológico, Simon Coleman acompanha com interesse a trajetória, a produção e a performance de Ulf Eckman, pastor sueco, fundador da World of Life Church (Coleman, 2000(Coleman, e 2006. Em sua análise, Simon destaca a importância dos pastores das igrejas carismáticas e midiáticas com