Conflitos armados e a agenda internacional: a questão da mulher

Abstract

Resumo: A violência contra a mulher é um debate antigo e possui reivindicações de mulheres, de forma organizada, há mais de um século. Porém, sua introdução como importante tema na agenda internacional foi recente e dependeu de um grande esforço de grupos de mulheres. Assim, esse artigo pretende analisar como os movimentos de mulheres, desde 1945, com a criação da Organização das Nações Unidas, influenciaram a incorporação da problemática da violência contra a mulher, principalmente em períodos de conflitos armados, pelo sistema internacional de proteção da pessoa humana, bem como a observância dessas diretrizes pelos Estados e Organizações Internacionais. O argumento aqui apresentado é que apenas a partir da década de 1990, com as Transnational Advocacy Networks (TANs) efetivadas e pela consideração dos Direitos das Mulheres como um Direito Humano fundamental, foi que a temática recebeu a valoração que merecia na agenda internacional. Esse impacto escoou também para o âmbito dos conflitos armados, onde as mulheres são as mais impactadas e vulnerabilizadas. Portanto, diversas normas foram criadas a fim de eliminar a violência de gênero, e conclui-se que a principal falha se mantém na inobservância dessas diretrizes, tanto a nível estatal como internacional.

Lugar De Mulher É Onde Ela Quiser: Um Estudo Das Motoristas De Passageiros E Cargas Perigosas Em Curitiba/Pr

“…Com o êxodo rural durante a revolução industrial este aspecto sofreu modificações e foi preciso buscar formas de trabalhar para sobreviver e as funções desempenhadas passaram a ser em: carvoarias, mineração ou linha de produção fabril com salários baixos e sem direito algum (KECK; SIKKINK, 1998;MATUELLA, 2017) Mediante as condições inadequadas de trabalho emergiram as primeiras manifestações feministas com as anarco-sindicalistas em defesa da regulamentação do trabalho feminino, propondo: fim das horas noturnas, jornada de 8 horas diárias e direitos políticos. Os esforços ativistas transpuseram as fronteiras e adquiriram apoio das Organizações Não Governamentais (ONGs) a fim de alcançar a pauta internacional, contudo, somente em 1975 as questões feministas foram debatidas na Conferência Internacional da Mulher no México (KECK; SIKKINK, 1998;MATUELLA, 2017).…”

“…locais públicos não eram indicados para mulheres, as quais eram bem-vindas quando acompanhadas da figura masculina como o marido ou pai para comprarem ou apenas caminhar, pois se tratava de um ser sem escolha, incapaz de responder por sua vontade (MATUELLA, 2017).…”

“…A diferença sexual está em consonância com as assimetrias culturais a respeito de gênero, pois a concepção das diferenças, sejam elas culturais, sociais, ou subjetivas aludem que o homem é referência dos discursos legitimados (LAURETIS, 1986;MATUELLA, 2017;COSTA 2018). Todavia, a edificação cultural do sexo em gênero é a assimetria que define todos os sistemas de gêneros, nas diversas culturas se traduzem metodicamente em uma organização de desigualdade social, conforme exposto no relatório no Banco Mundial (2012).…”

“…O acesso a direitos básicos e trabalhistas proporcionou a mulher independência financeira e a liberdade de expressão, em contrapartida trouxe a sociedade novos desafios e barreiras a serem transpostas como: o preconceito, a violência contra a orientação sexual, a discriminação racial, social e sexual comparado ao masculino ou na sua posição frente à formação de uma família (LAURETIS, 1986;MATUELLA, 2017;COSTA 2018).…”

Dimensões Sócio-Históricas Da Violência Contra a Mulher: Em Pauta, a Ordem Da Guerra

“…É um movimento científico e político que problematiza e questiona o papel historicamente atribuído às mulheres visando a uma mudança na perspectiva social. Segundo Matuella (2017Matuella ( , p. 1279, a "principal preocupação para a teoria feminista é explicar a subordinação das mulheres e a assimetria entre homens e mulheres nas posições sociais, econômicas e políticas, e, assim, encontrar soluções para essa problemática". É importante pontuar que feminismo não equivale e nem se opõe ao machismo, o qual pode ser compreendido como uma construção social e cultural que justifica atos de agressão e opressão contra as mulheres, além de sugerir a superioridade masculina.…”